Penso que seja um dever de quem prova vinhos conhecer um mínimo do que é a nossa história como país produtor, ter provado um pouco do que melhor se fazia em determinados locais, vinhos que fizeram história e histórias que falavam sobre vinhos... tudo para entender o que antes se fazia e se deixou de fazer, motivos, causas e vontades, tudo isto com o olhar atento dos amigos de longa data e longa vida, assim os quero ter pois ainda há muito que provar, descobrir e conhecer.
Comecei por servir uma Salada de rúcula com vinagreta de frutos vermelhos, foie, nozes e Boffard ... a acompanhar um Quinta do Alqueve Colheita Tardia 2005. Resultou boa a harmonia entre prato e vinho, com o queijo a puxar pelos seus galões com imediato aconchego dado pela cremosidade do foie e limitado pela secura da rúcula. O vinho apesar de dar uma prova satisfatória mostrou-se tanto pela cor como pela prova que deu precocemente evoluído, cansado nos aromas e com falta de acidez na boca e frescura no nariz, nada ali cheira a novo, fruta desfeita e cansada, sem motivos para dormir mais tempo em garrafa.
Deu-se depois o salto para uns Mexilhões à Marinheira (Moules à la Marinière) em que o branco escolhido foi um branco seco, novamente uma tentativa de testar um vinho já com idade, retrocedi até 2003 troquei a volta aos convivas, e fui buscar o Dona Berta Rabigato 2003. Servido em prova cega o vinho deu que falar e permitiu enormes divagações no pensamento dos provadores, um branco de 2003 em grande forma é obra, são poucos os que o conseguem e ainda menos os que conseguem mostrar a mesma acidez, austeridade mineral a raspar na língua toques de vegetal seco e alguma lima... algum sinal de idade, vinho grande, vinho que não parecia ter a idade que tem, a fruta ainda na fase SIM todo ele melhor no nariz que na boca, a pedir comida por perto. Por graça ainda se abriram mais dois brancos, o primeiro um Maritávora Reserva 2009, pesado como a madeira que exalava a mais e fruta a menos, na boca perde-se a meio, falta substância e afirmação a este vinho, custa caro pois ronda os 25€ e tem pouco para oferecer por aquilo que dizem valer. Ao lado abria-se um Terrenus 2008, um branco de Rui Reguinga... um branco da Serra de São Mamede (Portalegre) que subjugou por completo o anterior, bem mais vinho, mais complexo e mais harmonia, todo ele em grande plano, é vinho com princípio meio e fim... essencial no meu ponto de vista.
Deu-se depois o salto para uns Mexilhões à Marinheira (Moules à la Marinière) em que o branco escolhido foi um branco seco, novamente uma tentativa de testar um vinho já com idade, retrocedi até 2003 troquei a volta aos convivas, e fui buscar o Dona Berta Rabigato 2003. Servido em prova cega o vinho deu que falar e permitiu enormes divagações no pensamento dos provadores, um branco de 2003 em grande forma é obra, são poucos os que o conseguem e ainda menos os que conseguem mostrar a mesma acidez, austeridade mineral a raspar na língua toques de vegetal seco e alguma lima... algum sinal de idade, vinho grande, vinho que não parecia ter a idade que tem, a fruta ainda na fase SIM todo ele melhor no nariz que na boca, a pedir comida por perto. Por graça ainda se abriram mais dois brancos, o primeiro um Maritávora Reserva 2009, pesado como a madeira que exalava a mais e fruta a menos, na boca perde-se a meio, falta substância e afirmação a este vinho, custa caro pois ronda os 25€ e tem pouco para oferecer por aquilo que dizem valer. Ao lado abria-se um Terrenus 2008, um branco de Rui Reguinga... um branco da Serra de São Mamede (Portalegre) que subjugou por completo o anterior, bem mais vinho, mais complexo e mais harmonia, todo ele em grande plano, é vinho com princípio meio e fim... essencial no meu ponto de vista.
Feito um pequeno interregno no jantar, foram-se abrindo os tintos a bom ritmo e novamente em prova cega, e o primeiro vinho escolhido foi um Cooperativa da Granja 1988, pré CVRA portanto com uns fantásticos 12,5% Vol. , feito pelo enólogo António Saramago e pensava cá para mim, seria uma pequena marotice colocar este vinho em prova no qual não depositava grandes esperanças, tinha sido comprado por 0,50€ num lote de outros tantos vinhos velhos da região Alentejana, a rolha já empapada foi tirada a ferros, verti o vinho no copo, rodei cheirei e sorri... à magano que estás tão bom. Na mesa servia-se Carne do Alguidar com Migas à Alentejano... o vinho inicialmente algo confuso e torpe, tanto sono, que foi acordando e mostrando o que de bom tinha para mostrar... e ainda era muito, sentia-se frescura no nariz, nada de aromas secos e remeter para canto, fruta madura com destaque na ameixa bem redonda e sumarenta, envolvida em calda, os terciários faziam a festa de maneira harmoniosa, tabaco, couro e algum licor... boa a condizer, entrava docinho mas a saber a fruta madura, sem passa sem pressas... mais uma rodada e outro que saltava para a mesa. Alguém se lembrou de abrir um Casa Cadaval Trincadeira Vinhas Velhas 2006, vinho cativante pelo aroma adocicado da fruta com toques entre o vegetal e o apimentado, todo ele muito bem trabalhado mas algo cansativo durante a prova, entrou-se depois numa mini vertical de Má Partilha, o Petrus das Terras do Sado como já foi chamado na altura do seu primeiro lançamento no ano 1986, em prova o 1989 aquele que foi e é o primeiro Merlot a ser engarrafado em Portugal e continua a ser o melhor exemplar da casta... de velho não tem nada, a maneira com que se desdobrou no copo e mostrou tudo o que tem de bom remeteu para outros pensamentos, outras paisagens ainda que de maneira um pouco sonhadora. Mostrou-se em bela forma, com frescura e sem grandes notas de cansaço ou desmaio durante a prova, nada de aromas chatos e mortiços, vinho de gabarito. Abriu-se de seguida um 1999 que estava lixado de aromas, em queda precoce mas a guarda a que a garrafa tinha sido sujeita não terá permitido uma prova mais condigna, o 2001 mostrou-se melhor, a mostrar-se bem na onda do 1989 e com vontade de tentar a proeza de se mostrar em igual nível daqui por alguns anos.
A noite ia longa, a conversa com enorme animação os vinhos davam que falar, a reta final estava próxima, saltou uma Panacota com molho de Arando Vermelho, tentou-se ligação com um Lajido do Pico 1994, vinho difícil complicado e de nariz comprido, vulcanizado demais para o meu gosto... limparam-se os copos e partiu-se para um Graham´s Colheita 1961.
Até à próxima.
PS: Alguns dos vinhos serão alvo de uma nota de prova mais individualizada a ser colocada em tempo oportuno.
A noite ia longa, a conversa com enorme animação os vinhos davam que falar, a reta final estava próxima, saltou uma Panacota com molho de Arando Vermelho, tentou-se ligação com um Lajido do Pico 1994, vinho difícil complicado e de nariz comprido, vulcanizado demais para o meu gosto... limparam-se os copos e partiu-se para um Graham´s Colheita 1961.
Até à próxima.
PS: Alguns dos vinhos serão alvo de uma nota de prova mais individualizada a ser colocada em tempo oportuno.
2 comentários:
Gostei muito de ler isto!
se quiseres escrever mais destes... tens aqui um fã!
Abraço
Hugo,
Subscrevo! Belo texto.
Abr.,
An
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