A Quinta das Carrafouchas está situada em Loures, mais propriamente em A-das-Lebres e se o conhecimento da sua existência é pouco, o saber que ali se produz vinho ainda é menor. No meu caso não faz muito tempo que fiquei a conhecer esta Quinta, os vinhos já os tinha abordado anteriormente via mão do enólogo Hugo Mendes, também o responsável pelos vinhos da Quinta da Murta. Ali nas Carrafouchas o vinho é levado como um projeto intimista e apaixonado, minimalista e com veia tradicional, sem base em projetos mirabolantes ou enologias de ponta... é vinho simples, bem feito, apontado diretamente para a mesa e para um agradar fácil sem no entanto se tornar enfadonho ou demasiadamente óbvio, é disto que o consumidor procura...
O tinto em prova da colheita 2008, Touriga Nacional com Aragonês, mostrou-se antes de tudo em muito boa forma, mediano na intensidade aromática com frutos do bosque a mostrar qualidade mas também um toque adocicado sem exagero e que se enquadra bem com a boa frescura que o vinho tem. Por momentos cheira a canela, baunilha, algum toque de caramelo com vegetal/floral em fundo. Boca com corpo médio, boa acidez que lhe confere frescura de bom nível, fruta a fazer um bom balanço entre a prova de nariz e a prova de boca. Saboroso e com boa estrutura, sentem-se os taninos ainda que de mansinho, harmonioso e com boa passagem no palato. Nunca caindo em facilitismos embora dentro da sua aparente simplicidade mostra-se mais sério do que parece, em final de boca de persistência média.
O preço mostra-se adequado, ronda os 5.50€ para um vinho que dá uma boa prova de si, não sendo apenas mais um tem na personalidade o suficiente para se demarcar dos restantes, muito virado para ser bebido à mesa a acompanhar pratos de bom tempero, mostrou que tem estrutura suficiente para tal. O produtor tem ainda um branco de igual qualidade que também merece ser bebido e conhecido, estando ainda no segredo do proprietário um novo lançamento. 90 pts.
2 comentários:
Caro João,
Belo post.
Tive a oportunidade de provar o Carrafouchas 2008 e 2009, e concordo contigo em todos aspectos que focaste nas notas de prova. Penso que 2009 ainda tem muito caminho pela frente para poder mostrar todo o seu potencial.
Abraços,
Elias Macovela
ovinhoeefemero.blogspot.com
São de facto belos vinhos que quanto a mim vão melhorar com o evoluir dos anos e do apuramento do terroir daquele local.
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