Copo de 3: PROVA Varietais Cabernet Sauvignon

08 maio 2007

PROVA Varietais Cabernet Sauvignon

No sentido de realizar mais uma prova, foi escolhida como tema, a Cabernet Sauvignon, aquela que é a variedade mais espalhada pelo mundo e que ganhou fama na região Francesa de Bordéus.
O objectivo era avaliar um grupo de vinhos varietais Cabernet Sauvignon, a prova até se podia ter chamado em busca do pimento perdido, mas ao que parece os vinhos escolhidos não estavam para brincadeiras desse nível.
Foram escolhidos 3 vinhos de Portugal de diferentes regiões (Alentejo, Ribatejo e Setúbal), que são estreias absolutas dos produtores, e como bónus foram adicionados dois exemplares estrangeiros, um Chileno e um Argentino.
Todos os vinhos foram decantados meia hora e servidos a uma temperatura que variou entre os 16ºC e os 18ºC

Alfaraz Cabernet Sauvignon 2004
Castas: 100% Cabernet Sauvignon - Estágio: 12 meses de barrica - 13,5% Vol.

Tonalidade ruby escuro de concentração média.
Nariz a apresentar-se com boa intensidade, fruta (ameixa, groselha, amora) bem madura com toque de baunilha e fumo, tosta ligeira presente com cacau e tabaco. Com o tempo dá entrada um toque balsâmico (hortelã), ainda que ligeiro, que se complementa com nuance vegetal em segundo plano, tudo isto acompanhado bem de perto com brisa fresca.
Boca a mostrar boa entrada, com elegância e fruta presente, mediano de corpo. Mostra-se com acidez a dar boa frescura e a evitar um vinho pesadão, torrado suave que se junta a toque vegetal no final de boca em boa persistência.

Temos um vinho que vem directamente de Beja, prima pela elegância de conjunto sem mostrar os travos vegetais acentuados nem o famoso pimento verde que teima em assombrar estes varietais. Um belíssimo exemplar a ter bem em conta, com um preço a rondar os 10€.
16,5

Adega de Pegões - Cabernet Sauvignon 2004
Casta: 100% Cabernet Sauvignon - Estágio: 6 meses barrica - 13,5% Vol.

Tonalidade ruby escuro de concentração média.
Nariz de aroma de média intensidade, a prova inicial mostra um vinho fechado ao diálogo, casmurro e algo rude, a fruta presente foge claramente ao esperado, ao que parece um qualquer ananás ali se despistou, remetendo e aniquilando toda a fruta restante que se mistura com notas de tosta e fumo, resultante o conjunto não muito agradável. Segue-se um vegetal seco que preenche o segundo plano em conjunto com uma baunilha feita refém de tudo isto, acorrentada por uma pimenta muito ligeira.
Boca com entrada média, frescura presente, nesta altura a fruta já marca presença com boas sensações. O especiado liga-se com toque de tosta, afinado e bem equilibrado no que toca à prova de boca, em final médio com boa persistência.

Um vinho que perdeu todo o encanto durante a prova de nariz, talvez seja uma fase menos boa do vinho, afinal aberta uma segunda garrafa o vinho repetiu a mesma graça. Não fosse isso a nota seria outra, pois o vinho na prova de boca até se mostra bem diferente, a nota final revela isso mesmo. Se não melhorar o melhor é esquecer.
13

Casillero del Diablo - Cabernet Sauvignon Reserva 2005
Castas: 100% Cabernet Sauvignon - Estágio: 70% em carvalho americano e 30% em Inox durante 8 meses - 13,5% Vol.

Tonalidade ruby escuro de média concentração
Nariz a mostrar média intensidade, presença de fruta (cereja, ameixa, e groselha) bem madura, toque de baunilha com chocolate preto e ligeiro café torrado. Especiaria (pimenta) presente ao lado de toque vegetal seco suave em segundo plano com fumo no final.
Boca com estrutura média, frescura presente num vinho equilibrado naquilo que tem e que mostra, frutado, tem tudo no seu devido lugar, boa persistência final com chocolate e fumo a darem ar da sua graça.

O nome deste vinho encerra uma lenda, um conto, ao que tudo indica corria o ano de 1883 quando o dono da quinta levou de França alguns exemplares de castas exclusivas de Bordéus. Após as primeiras colheitas os lotes iriam dar vinhos de grande qualidade, o que levou o dono a reservar algumas garrafas para consumo próprio.
Esses vinho eram guardados numa parte da sua adega, onde misteriosamente com o passar do tempo as garrafas iam desaparecendo, seriam roubadas pelas gentes locais. A solução, atendendo à superstição das pessoas, foi que naquela adega morava o diabo... e desde essa altura nunca mais foram roubadas garrafas. Correm rumores que ainda hoje há quem veja o dito a passear na adega.
No que toca ao vinho, temos um vinho muito equilibrado e pronto a agradar a todos, um campeão de vendas com quase 10 milhões de garrafas por colheita... que se tornou um dos símbolos dos vinhos do Chile a nível mundial. Um Cabernet Sauvignon com tudo o que a casta tem para oferecer com uma grande relação preço/qualidade, cerca de 5€.
15,5

Encosta do Sobral - Cabernet Sauvignon Reserva 2004
Castas: 100% Cabernet Sauvignon - Estágio: 12 meses barricas novas carvalho francês - 14% Vol.

Tonalidade granada escuro de boa concentração.
Nariz de boa intensidade, muita fruta madura com toque de ligeira compota acompanhada de toque de baunilha muito elegante ao lado de torrado. No segundo plano a componente vegetal está aliada a um bafo especiado (pimenta preta), fumo e ligeiro balsâmico no final. Um conjunto a revelar bom entendimento entre madeira e fruta, onde com tempo surgem notas de cacau, tabaquinho e suave café.
Boca a mostrar um vinho com bela estrutura, cheio e vigoroso, já com muito para mostrar a quem o provar, frescura presente, frutado com especiaria presente. Toque torrado no final com ligeiro vegetal e balsâmico suave, a concentração é mediana tal como o espaço que ocupa na boca, não deixando de ser um belo vinho que foge ao normal Cabernet Sauvignon.

Uma entrada com o pé direito por parte deste novo produtor Ribatejano, da zona de Tomar, que conquista um lugar no mercado com este exemplar de Cabernet Sauvignon. O preço indicado é de 12€ para um vinho que pelo que mostra vai agradecer um tempo de estágio na garrafeira.
16,5

Altos de la Rinconada - Cassius - Cabernet Sauvignon
Castas: 100% Cabernet Sauvignon - Estágio: n/indicado - 13,3% Vol.

Tonalidade ruby escuro de concentração média
Nariz com impacto inicial a cativar logo a atenção, o aroma foge do provado até agora, revela-se de boa intensidade com fruta (framboesa, amora, alfarroba) bem presente e umas curiosas notas de doce de tomate com toque especiado a condimentar. Tem boa dose de frescura, com o tempo surge uma brisa balsâmica (mentol) em fundo.
Boca de estrutura média/baixa, fruta presente com certa macieza na passagem de boca, conjuga muito bem a prova de nariz com a de boca. Deixa algo a desejar com um comprimento e largura de boca algo sumido, final de persistência média.

Um vinho que vem da Argentina, mais propriamente de San Juan, bem perto da Cordilheira dos Andes, que como curiosidade as suas vinhas são regadas com as águas do degelo. É um vinho que se desmarca pela diferença, mas num perfil que não chega a enjoar. O senão é a falta de complexidade na boca, seria um vinho de outro nível certamente, mas pelo que apresenta revela-se pelo menos um vinho curioso. Preço a rondar os 5€
14,5

Em jeito de conclusão, dos 5 exemplares em prova podemos encontrar vinhos bastante diferentes. Um Casillero del Diablo que se mostra com grande relação preço/qualidade e um fiel exemplar da casta, temos um Alfaraz num plano mais de elegância e harmonia, o Sobral é um vinho mais sério e de nariz empinado que tem muito que contar, um Cassius que é acima de tudo uma curiosidade e no final um Adega de Pegões que foi acima de tudo uma desilusão.

6 comentários:

Anónimo disse...

Já tens vinhos que cheguem para a nova Prova à Quinta!

Belo post!

Luis Prata disse...

Ai ai.. pelas notas de prova que desilusão deve ser esse Pegões..

Tenho lá uma garrafa em casa que hei-de experimentar numa ocasião não especial :)

1 Abraço

VinhoDaCasa disse...

Eu não te disse que lá na minha terra se fazia coisas jeitosas?
O Encosta do Sobral CabSauv Reserva é muita bom. :D

Anónimo disse...

Donde se conclui que há bons Cabernet

João de Carvalho disse...

Caro Kroniketas

Nesta prova deu para ver que temos bons Cabernet Sauvignon em Portugal, pelo menos dois exemplares mostraram grande forma.
Uma atenção para um estilo diferente que ambos apresentam, cada um de sua maneira.

Em Portugal e falando pelo que já provei anteriormente, queria destacar o Quinta da Bacalhoa que penso ser uma referência nos Cabernet em Portugal e os Pancas Special Selection Cabernet.

Anónimo disse...

Não! O de Pegões é muito melhor que o do Chile, nem é comparação que se faça! Os vinhos tintos do 'novo mundo' em geral estão cheios de 'enxofre', particularmente os de screwcap ou rolha de plastico. Não me agradam.
Esse vinho de Pegões foi medalha de ouro no IWC em Londres. Acho curioso e lamentável os vinhos portugueses, que felizmente são bastantes, premiados tanto neste concurso como no Challenge Int du Vin ou o Oenologues de France, raramente serem referidos nesta blogosfera temática. Enfim.
Deixo-vos uma humilde sugestão, provem o Vida Nova 2005, é do Algarve e feito na adega do Cliff Richards, e é óptimo. PENSO EU DE QUE.

 
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