Copo de 3: Condado de Haza 2000

04 dezembro 2008

Condado de Haza 2000

Alejandro Fernández, o aclamado maestro da Tempranillo ou também conhecido como o Sr. Pesquera, é a viva imagem de um homem que se fez a si próprio, um homem que desde criança alimentou o sonho de ter a sua própria adega e fazer grandes vinhos. Seguindo a tradição familiar, aprendeu com o seu pai, Alejandro elaborava vinho todos os anos a partir dos vinhedos familiares, mas teve de esperar até ao ano de 1972 para ter a sua própria adega, um pequeno lagar de pedra do Séc XVI, onde realizava quase todo o processo. Só passados 10 anos, é que a adega Pesquera acabaria por ter o aspecto que tem nos dias de hoje, onde o antigo lagar ainda se mantém.
Foi a meados dos anos 80 que Alejandro Fernández descobre uma ladeira abandonada nas margens do rio Duero/Douro, que segundo ele parecia reunir condições para se transformar numa das melhores vinhas da região, obviamente da casta Tempranillo a que mais gosta e domina como ninguém.
Foram precisos 3 anos de negociações com os donos para que se pudessem adquirir as ditas parcelas individuais que perfaziam a encosta. Foi em 1989 que se plantaram os primeiros 80ha, e contando nos dias de hoje com cerca de 200 ha, fazendo o nome da Quinta referência à terra próxima de seu nome Haza. A primeira vindima seria de 93, mas a primeira colheita seria em 94 sendo elaborados na adega Pesquera, e apenas em 1995 estaria completo o hoje conhecido Condado de Haza.
O grupo Pesquera inclui entre outros, El Vínculo (La Mancha), Dehesa La Granja, Pesquera e o Condado de Haza do qual se deixa a nota de prova do seu crianza 2000.

Condado de Haza 2000
Castas: 100% Tempranillo - Estágio: 18 meses em carvalho americano e 6 meses em garrafa - 14% Vol.


Tonalidade ruby escuro de média intensidade.

Nariz a mostrar desde o principio um vinho de perfil que arrisco em chamar clássico, face ao que os vinhos mais recentes da Ribera del Duero apresentam. Os 8 anos já se notam no conjunto, mostrando fina complexidade num todo bastante polido, talvez um pouco polido a mais, com a fruta vermelha bem madura embora algo diluída num toque de licor e ligeiro envernizado. O fundo é todo ele, forrado a finas madeiras, baunilha e algum couro de boa qualidade, com caramelo de leite e cacau em pó, num conjunto de fina complexidade.

Boca fina e equilibrada, ainda mostra boa dose de fruta madura com frescura bem doseada, num corpo algo delgado de concentração. Especiarias muito leves de segundo plano, com algum cacau e notas de licor. Perde-se um pouco no final de boca, em persistência média/baixa.

Sem dúvida alguma que este vinho deveria ter sido bebido nos seus primeiros anos de vida, ainda assim deu uma prova satisfatória. O que perdeu em força conseguiu ganhar em finesse, embora se mostre um pouco desgastado principalmente na prova de boca, com a fruta pouco dialogante e a acidez a não acompanhar durante toda a passagem de boca. É um vinho que na mais recente colheita deverá andar na casa dos 8-10€ e acompanha muito bem carnes vermelhas na grelha. O trabalho a nível de madeiras nos vinhos deste grupo é sem dúvida notável.
15,5

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro Joao Pedro Carvalho,
entre umas visitas nos ultimos dias a algumas garrafeiras de Lisboa, e umas provas "caseiras" de alguns vinhos, descobri o seu blog, que muito me entusiasmou na minha iniciação à percepção dos vinhos.
Sou apreciador, mas apenas recentemente me decidi a aprofundar os meus conhecimentos sobre e a forma como valorizo um vinho.
posto isto, se tiver essa possibilidade, gostava que indicasse a sua avaliação de 2 vinhos da Herdade do Mouchao, o Dom Rafael tinto (2004 e 2005) e o Ponte das Canas, novo tinto lançado por eles este ano no mercado.
sou apreciador e consumidor do Dom Rafael, que considero com um excelente relação qualidade / preço, gostava da sua opiniao.
um abraço e um incentivo ao seu blog, muito bem conseguido.
parabens!

João de Carvalho disse...

Ora sobre os dois vinhos que fala, no que toca ao Dom Rafael são vinhos que já bebi mas que com tanta novidade no mercado, é sempre difícil poder acompanhar todos os vinhos presentes no mercado.
Mas tenho desde sempre noção de que se trata de um valor seguro com enorme consistência de ano para ano no que toca a qualidade.

Já o Ponte das Canas, tive oportunidade de o provar num jantar de amigos, pelo que as condições de serviço serem ideais, não o eram para que fosse colocado no blog, motivo pelo que vinhos que provo num almoço ou jantar não aparecem no Copo de 3.

O Ponte das Canas é um vinho muito virado para o fácil agrado, tornando a prova mais fácil para um alargado número de consumidores. Dá bastante prazer e é uma belíssima estreia.

 
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