Haja amor ou simplesmente AZAMOR.
Foi a paixão pelo mundo do vinho e o sonho em ter uma marca própria, que fez com que o casal Alison e Joaquim Luiz-Gomes, em 1998, comprassem, no limite do concelho de Vila Viçosa, as Herdades do Zambujal e Rego.
O nome escolhido para este projecto, AZAMOR, confunde-se com haja amor, uma palavra misteriosa e que foge ao vocabulário do dia a dia. Talvez na própria palavra esteja a essência dos vinhos desta casa... em que se junta sonho e paixão.
O destino inicial da visita foi Vila Boim, onde o simpático casal nos esperava. Seguimos para a adega, e durante o percurso foi-nos explicado que as duas herdades (Zambujal e Rego) somam um total de 260 hectares, 27 deles são dedicados à vinha, 140 ao olival e 40 ao montado, os restantes 50 são deixados para a criação de 30 cavalos Lusitanos.
As vinhas, que são as mais densas de todo o Alentejo, estiveram a cargo de Luis Elias Carvalho e de Joaquim Luiz-Gomes sendo plantadas entre 2001 e 2002, espalhadas pelos 25 hectares estão as castas Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Amarela/Trincadeira, Syrah, Merlot, Alicante Bouschet (com a história da sua criação a ser contada por Joaquim Luiz-Gomes durante a prova) , Petit Verdot e Mourvèdre.
A destacar a altura das vinhas, 350 metros de altura, situadas em solo argilo/xistoso com a rocha mãe entre 1-2 metros de profundidade. A rega mínima faz com que a uva se enriqueça à custa da força da planta e dos minerais do solo, que lembra em muito os solos Durienses, as vindimas são manuais com mesa de escolha no local onde a selecção é criteriosa, sendo depois transportadas em caixas de 20Kg.
Em 2004 foi o primeiro ano onde todas as castas foram vindimadas pelo que a intervenção humana foi mínima, com o intuito de ficar a conhecer as reais capacidades das plantas.
Todas as castas são vinificadas isoladamente, à medida que decorrem as vindimas (aquando da nossa visita ainda faltavam a Touriga Nacional e a Mourvedre), são utilizadas cubas de 1o toneladas com fermentação controlada entre os 22ºC e os 25ºC o que permite ao vinho ganhar uma maior intensidade aromática. Todas as castas estão prontas entre os 7 e os 10 dias , seguindo para a prensa e depois para as cubas de fermentação maloláctica onde vai ganhar mas subtileza. De 2006 deu para notar a grande qualidade da Syrah e da Merlot já em maloláctica, e umas fabulosas Touriga Franca e Alicante Bouschet em fermentação.
O Enoturismo não foi esquecido, para tal foi recuperado um antigo monte, estando previsto começar a funcionar para o ano que se avizinha, ao lado está a recente adega que começou a trabalhar na vindima de 2005, a vista que se tem neste local é algo de deslumbrante, penso que poucas são as adegas com este privilégio.
As notas de prova aqui colocadas reflectem apenas as sensações que cada vinho transmitiu no local, sendo a prova mais detalhada feita posteriormente pelo Copo de 3. Notou-se que o perfil dos vinhos foge claramente ao típicamente Alentejano, lembrando outras paragens, mostrando mais frescura e menos aquele madurão e quente que costuma aparecer por esta zona.
Azamor 2003: O que seria impensável para muitos está aqui e com muito boa saúde, um vinho elaborado a partir de vinhas com 2 anos de idade, a partir de um lote de 3 castas, foram 17.000 garrafas que já esgotaram. Este vinho mostra-se diferente de todos os outros, foi o primeiro e o seu lote é reduzido a 3 castas, o equilibrio e a elegância são as palavras que mais o definem, tudo muito bem colocado de maneira a proporcionar uma bela prova neste momento. Consumo até 2009-2010.
Azamor 2004: São cerca de 70.000 garrafas a entrar para o mercado (nacional e estrangeiro) este vinho mudou o lote de 3 para 7 castas, com destaque para 30% Syrah e 22% Merlot, 15% estagiou em carvalho americano, outros 15% em carvalho francês, durante 7 meses com o restante a ficar em depósito de inox. Apresentou-se com boa tonalidade, a fruta mostra-se bem madura com boa intensidade, algum vegetal num conjunto que mostra-se mais vivaz que o 2003, balsâmico com pinheiro em destaque tudo muito fresco, com grande equilibrio de madeiras e seus aromas derivados. A boca mostra mais do mesmo, mais estruturado mais denso que a anterior versão, e final fresco e especiado. Apesar da mudança de perfil continuamos a ter um belo Azamor.
Azamor 2005: Engarrafado recentemente, teve nova mudança no lote, desta vez a Trincadeira ficou de lado visto não se ter portado muito bem, são 70.000 garrafas a entrar no mercado para o próximo ano. O vinho que ainda se mostra novo, mas segue a linha da casa, boa intensidade aromática num vinho que se mostra mais fino e equilibrado, lembra um pouco mais o 2003, bom recorte aromático e mais uma vez as madeiras a darem o seu contributo sem grandes excessos. Boca gulosa, com grande equilibrio, fruta e alguma compota... um vinho que claramente sobe de qualidade ano após ano.
Azamor Petit Verdot 2004: Feito com um lote onde temos 85% Petit Verdot, são 4.000 garrafas a entrar no mercado no Natal, 50% do vinho mergulhou em barricas de carvalho francês durante 12 meses, com o restante em depósito de inox. Possivelmente o primeiro varietal Petit Verdot feito em terras do Alentejo, e uma entrada com o pé direito, desde a sua bonita tonalidade, aos aromas que se vão revezando no copo, tem uma bela evolução mostrando um belo bouquet. Na boca tem boa estrutura, mais uma vez o equilibrio e harmonia destacam-se neste vinho com taninos bem colocados, será um vinho a seguir com bastante atenção.
Azamor Selected Vines 2004: De um lote das melhores uvas, 33% Syrah, 33% Touriga Franca, 19% Alicante Bouschet e 16% Trincadeira, com 15% do vinho a estagiar em carvalho americano, outros 15% em carvalho francês, durante pelo menos 9 meses com o restante a ficar em depósito de inox. foram feitas 10.000 garrafas, a sair pelo Natal. Este foi sem dúvida o vinho da tarde, sem tirar desmérito aos restantes como é óbvio, mas da maneira como acordou dentro do copo, muito senhor do seu nariz, imponente na hora de se deixar cheirar, na boca mostra-se com corpo bem feito, estruturado e bem delíneado, dá uma bela prova neste momento, um vinho onde que precisa de algum tempo de conversa, tem um final de boca muito longo, com especiaria e balsâmico muito elegante.
Em jeito de conclusão são vinhos, onde o terroir marca claramente toda a gama deste produtor, aqui conseguimos encontrar o que hoje em dia se procura, a capacidade de surpreender pela diferença aliada à qualidade. Um produtor com uma filosofia e maneira de estar no mundo do vinho muito particular, onde a politica dos preços praticados é algo que merece o aplauso dos consumidores, pois conforme nos foi dito, os preços não podem ser altos porque lá fora o caro dificilmente consegue competir com os outros... aqui está o segredo.
O Copo de 3 agradece a disponibilidade e a simpatia como foi recebido pelos seus proprietários, dá os parabéns a este projecto e espera que continue a surpreender os apreciadores com os seus vinhos.
14 comentários:
Que belo post!!!
Seguirei esta casa com mais atenção!!!
Boas provas!
Muy interesante el reportage!
Me encantaría probar este petit verdot: soy un enamorado de este varietal y no he probado ninguno portugués Guarda una botella para la cata!
Saludos cordiales,
Joan
De terras de España solo me acuerdo del Marques de Griñon - Petit Verdot, que otros vinos de esta variedad me recomiendas amigo Joan ???
Parabéns pela reportagem que há muito aguardava. Não sendo um "expert" em vinhos, aqui está um lote que me vou preocupar em provar!!!
"Azamor", nome sugestivo e ainda por cima da nossa região!!! Continua amigo, pois assim vou-me deliciando com novos e divinos "nectares"!!!
Vale a pena citar:
ROLAND BETSCH
"No vinho estão a verdade, a vida e a morte. No vinho estão a aurora e o crepúsculo, a juventude e a transitoriedade. No vinho está o movimento pendular do tempo. No vinho espelha-se a vida."
Já agora a propósito de vinhos convém também citar o nosso Papa Bento XVI (CARDEAL JOSEPH RATZINGER):
"Se o pão é o símbolo do que o homem precisa, por seu lado o vinho é o símbolo da superabundância da qual também temos necessidade. Ele é sinal da alegria, da transfiguração da criação. Tira-nos da tristeza e do cansaço do dia a dia e faz do estar juntos uma festa. Alegra os sentidos e a alma, solta a língua e abre o coração; e transpõe as barreiras que limitam a nossa existência".
Querido Joao,
entre mis preferencias están, en primer lugar, el Dominio de Valdepusa del Marqués, que ya mencionas, y que es algo impresionante en todas las añadas que he probado desde 2001; en segundo lugar, pondría el Abadía Retuerta PV, del que tengo un muy grato recuerdo de un 2003; y en tercer lugar el de Casa de la Ermita. Y una exquisitez, una rareza impresionante de buena: un rosado monovarietal de petit verdot, el de Pago del Vicario 2005, del que hablé en mi blog.
Saludos cordiales!
Joan
E onde é que estão à venda esses vinhos?
Será que em Vila Boim se consegue arranjar?
É que tenho um amigo de lá.
O vinho que actualmente se encontra no mercado é o Azamor 2004, os restantes vão sair pela altura do Natal, o 2003 segundo me foi dito está esgotado o que não impede de ainda o conseguir arranjar em algumas garrafeiras da especialidade.
São vinhos que alguma parte é destinada à exportação, mas por exemplo em Vila Viçosa encontra-se à venda.
O distribuidor em Lisboa é a Gentil & Gentil.
Em Vila Viçosa o 2003 custou-me por volta dos 8,5€
O Petit Verdot deverá rondar os 12€, e o Selected Vines pelos 15-18€
Só hoje tive conhecimento deste site, de facto os vinhos em causa trazem muito de novo ao nosso Alentejo são vinhos que marcam pela diferença e pela boa relação qualidade preço.
Quanto a min são vinhos menos redondos e complexos que muitos que andam no mercado e daí a sua prova ser agradavel na boca, no primeiro contacto com estes vinhos em prova na feira dos vinhos e sabores do ano passado gostei bastante do azamor.
informo que a firma que comercializa este vinhos no alentejo (Luis Furtado - Vinhos)sediada em Redondo na Zona Industrial
É isso mesmo, não tinha referido pois entretanto perdi a informação que me tinha sido dada pelo produtor.
Caro Luis sejas bem vindo ao Copo de 3 e participa sempre que achares oportuno.
Já agora na linda vila de Redondo tenho conhecimento de dois vinhos, um de nome Giraldo e outro Herdade da Maroteira Syrah 2005 o que pode dizer sobre estes dois vinhos ?
Boa noite João quanto aos vinhos que referes e no que toca ao Giraldo provei a primeira colheita do mesmo já não me lembro a opinião que tive na altura sei e isso lembro-me que a garrafa estava muito bem vestida e o rótulo era muito formal (pla positiva).
Quanto ao mono varietal da Herdade da maroteira não sei da sua existência mas conheço a herdade e a mesma fica situada na encosta da serra d´ossa virada a nascente.
um bom ano com bons vinhos
Bem fiquei bastante impressionado com a reportagem, é gratificante ver o meu local de trabalho nas férias...é com grande orgulho que estes vinhos também fazem parte de mim, e que espero que os consumidores ao provarem pensem que foi com muito esforço e dedicação que se fazem os vinhos Azamor. Parabéns pelo o blog
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