Copo de 3: Copo de 3 no Encontro do Vinho e Sabores 2006

06 novembro 2006

Copo de 3 no Encontro do Vinho e Sabores 2006


O Copo de 3 esteve mais uma vez presente no Encontro do Vinho e Sabores, dois dias permitiram repartir da melhor forma o tempo, o número de provas e poder estar mais algum tempo de conversa com produtores e enólogos (temos sempre qualquer coisa a aprender).

Além de poder provar vinhos que já conheço e gosto, estes Encontros servem sempre para tentar encontrar algumas novidades que me consigam surpreender, claro que também encaro estes eventos como uma forma de encontrar os amigos da mesma causa, produtores, enólogos, amigos bloguistas... acima de tudo sempre com boa disposição e uma dose de divertimento à mistura, porque isto é para nos divertirmos e distrairmos, falar do que se provou, se já se provou o vinho X do produtor Y que está excelente, qual o branco que mais gostou... são estes momentos que valem a pena e que apenas são possíveis devido a estes Eventos.


Este ano para não faltar a regra, e nem o Encontro seria o mesmo, lá me encontrei com vários conhecidos destas andanças, uns mais recentes que outros, bloguistas em peso não faltaram à chamada, abraço para o amigo Paulo Silva do Vinho da Casa (sempre que te encontrei estavas em stands do Alentejo ou é impressão minha), o grande Rui Miguel do Pingas no Copo (estou como tu, falei mais do que provei), o Nuno Oliveira Garcia do Saca a Rolha (que em conjunto fomos visitar um amigo abandonado que por lá estava, só abriu a porta depois de termos batido 3 vezes mas pronto...), paragem no blogger/produtor João Roseira sempre bem disposto e um mestre na arte de bem receber (Em vez de Bombas bebam mas é Gouvyas...) e sem esquecer o grupo do Vinho a Copo.


Uma breve passagem pelo concurso «A escolha da imprensa», os vinhos que participaram no concurso estavam colocados nessa mesma zona em formato de Self-Service que mais parecia o festival da Sopa tal a temperatura a que alguns podiam ser provados, sinceramente os vinhos mais pareciam um conjunto de desterrados ali colocados e a uma temperatura nada agradável.
Destacar mais uma vez a grande prestação dos vinhos tintos do Alentejo que fizeram o pleno, para mais detalhes consultar a fotografia.

Outro ponto deste Encontro que não gostei muito foi a zona dos Sabores... onde a destacar pela positiva claramente os produtos Sanchez Romero ou alguns produtores de queijo, o requeijão com doce de abóbora, simplesmente genial ou os chocolates presentes... mas pela negativa o preço e o serviço das variadas sandes que lá eram servidas, é que pagar 3€ por uma sandes de chouriço industrial ao melhor estilo Nobre, ainda por cima uma sandes mal feita, é destas vezes que sinto a falta dos expositores dos «sabores» da FIAPE ou da Feira da Vinha e do Vinho em Borba.

Durante dois dias de provas, alguns vinhos destacaram-se mais que outros, fica aqui a lista:

Brancos

Secret Stone 2005 - Um Sauvignon Blanc da Nova Zelândia/Marlborough onde as notas tropicais (em primeiro plano manga e depois ananás) se destacam com bastante intensidade aliadas a uma forte vertente floral, tudo isto acompanhado por um grande frescura de conjunto que se complementa na prova de boca, com a acidez a marcar presença num vinho que conquista de imediato. Preço a rondar os 13€, a encomenda já foi feita.

Schloss Gobelsburg Grüner Veltliner 2005 - Vem no seguimento da colheita já aqui provada, segue por isso a mesma apreciação, muito mineral e fresco com nível de acidez bem marcado... com corpo que aguenta o vinho durante toda a prova, belos aromas, um tipo de vinho completamente diferente dos nossos, de grande categoria e que me agradou muito.

Montes Alpha Chardonnay 2004 - De todos os Chardonnay provados este foi o que mais gostei, pela forma como a fruta e algumas notas de amanteigado que bem definem esta casta, se conjugam com a madeira, tudo extremamente fino e muito apelativo, untuosidade com alguma frescura marca presença na quantidade necessária, um belíssimo Chardonnay.

Madrigal 2005 - É a segunda colheita desta marca, um 100% Viognier que mudou ligeiramente para melhor, conjuga um elegante perfume com um equilibrio quase imaculado entre acidez e uma suave dose de doçura que parece apresentar, é um vinho que não deixa ninguém indiferente após a sua prova.

Redoma Reserva 2005 - É a consagração do já consagrado Redoma Reserva, com um 2005 superior ao já grandioso 2004, elegância, finesse, talvez sejam poucas as palavras que definem um vinho desta qualidade.

Gouvyas Reserva 2004 - O melhor branco desta casa até aos dias de hoje, pois todos nós consumidores esperamos que a qualidade continue a aumentar. Começa a ser um assunto muito sério este Reserva, continua a ser colocado injustamente de lado quando se fala em brancos da moda.

CARM Reserva 2005 - É uma novidade de parte deste produtor, um Reserva Branco 2005, pela prova que deu mostrou-se um vinho bastante agradável, com boa dose de frescura a marcar passo ao lado de flora ligeiro, mineral e fruta. Um vinho a dar sensações muito positivas e que merece prova atenta.

Campolargo Arinto 2005 - Depois de ter provado e gostado bastante do Arinto 2004, chegou altura de provar o novo 2005 que se mostrou mais redondo na boca, algo mais cheio que lhe veio tirar de certa maneira aquela acidez marcante. Mesmo assim um grande Arinto.

Hugel gewurztraminer - É um vinho que conquista imediatamente pelos aromas intensos a pétalas de rosas, lembra aqueles saquinhos de cheiro que se metiam nas gavetas, um aroma intenso com uma mineralidade de braço dado, tudo bem cativante e muito agradável.

Pascal Jolivet Pouilly-Fumé 2005 - Os dois vinhos que se seguem são dois vinhos feitos a partir de Sauvignon Blanc, onde o produtor aproveita os terroir de cada zona (Sancerre e Pouilly-Fumé) para fazer dois brancos de grande qualidade.
Neste caso este foi o que mais gostei, mais exuberante no nariz e mais fresco e elegante na boca, com boa mineralidade presente, um grande branco.

Pascal Jolivet Sancerre 2005 - Depois do que já disse, este mostrou-se um pouco mais tímido de aromas, um pouco mais citrico, a acidez está mais notória, mas tudo bem equilibrado e de grande nível.

Tintos

Anima L4 - Era um dos vinhos que ia com curiosidade para provar, mas que grande surpresa este vinho elaborado com uma casta italiana, a Sangiovese. Um vinho que se pode dizer com uma costela Alentejana, vem da zona do Torrão, e apresenta-se em grande forma, muito equilibrado e apetecível, é um vinho a seguir com bastante atenção.

Charme 2004 e Batuta 2004 - Parecem dois irmãos, andam sempre pegados, principalmente na qualidade que se mostra ao mais alto nível, como já se falou tanto destes dois vinhos o que se pode dizer é que são de prova obrigatória num Encontro destes.

Gouvyas Vinhas Velhas 2004 - O melhor Gouvyas de sempre, foram as palavras de João Roseira enquanto nos apresentava este seu novo tesouro, obviamente que concordo e ainda foi provado o VV 2003 mas este 2004 mostrou-se num outro nível muito superior, o melhor de tudo é que não é daqueles vinhos cheios de fruta e álcool que alguns produtores teimam em lançar, aqui fala o equilibrio de forças e a harmonia, resta desejar os parabéns aos responsáveis por este excelente vinho de Portugal.

Abandonado - Alves de Sousa 2004 - Domingos Alves de Sousa é um Senhor do Vinho, uma daquelas figuras que marcam sem dúvida a história da enologia em Portugal, falar de vinhos com este Sr. é um autêntico prazer, a forma apaixonada e simpática como fala dos vinhos e como trata os interessados pelo vinho, é algo que raramente tenho encontrado. Foi com essa sua maneira bem disposta que apresentou o seu novo tesouro, um vinho que limpou em grande estilo toda a concorrência na prova dos Douro da última Revista de Vinhos. O preço esse é associado à pouca quantidade, à diferença, à excelência, ao trabalho que deu, à vinha do Abandonado e a tudo o resto... 50€, resta ao consumidor provar e dizer se concorda.

Campolargo Diga? 2005 - Foi o primeiro varietal Petit Verdot a aparecer em terras Lusas, segundo palavras do próprio produtor, e é sem dúvida alguma um exemplo a seguir.

Marcolino Sebo Garrafeira 2003 - Falava-se em segredo de um lote especial de Alicante Bouschet que teimava em sair para o mercado, os anos foram passando e o tal lote foi sendo guardado, o tal diamante foi sendo polido, aresta por aresta... não sendo uma das jóias de coroa é uma pedra preciosa a merecer a devida atenção. O preço vai rondar os 18-20€

Taká 2005 - Porque os vinhos não tem obrigatóriamente de ser todos caros, fica aqui um vinho feito exclusivamente para a Adega Algarvia, que eu gostei bastante, jovem e com a força da vida, um autêntico atleta da planície alentejana, exuberante e bem constituido fisicamente, tem tudo para realizar umas boas provas, não de longo curso mas sim provas de curta distância... ao saber o preço a surpresa foi ainda maior, 3,5€

Quinta do Noval 2004 - Uma novidade no mercado, o primeiro vinho de mesa topo de gama desta famosa marca de vinho do Porto, apresentou-se um vinho escuro com a pujança da fruta presente num bouquet de boa qualidade, não foi dos que mais me marcou durante todo o Encontro, é um vinho muito bem feito e de qualidade, o preço é que se mostra alto, 40€ por garrafa... falta saber se o nome Noval não vai fazer subir ainda mais.

Herdade das Servas Aragonez 2004 - Depois do primeiro varietal desta casa ter sido muito bem sucedido, surge na colheita de 2004 um novo varietal, um Aragonez com fruta essa de boa qualidade e bem colocada ao lado da madeira, alguns taninos ainda um pouco rebeldes com mais algum tempo podemos ter aqui um dos grandes representantes desta casta.

Esporão Private Selection 2003 - Este é daqueles que sempre que sai nova colheita tem lugar cativo nos lugares da frente, temos aqui mais um Alentejano cheio de força e de tempo de vida pela frente, pelo que não vai dizer não a uma bela sesta. Para beber agora, depois ou muito depois. O preço ronda os 30€

Joaquim Madeira Tinto 2004 - É um vinho fora do normal, muito escuro e fechado, um autêntico blindado à prova do tempo, destaque para um perfume que invade o copo, as notas de madeira (a saber que é Português) dão o seu contributo, tudo neste vinho é pensado em grande, um vinho que é feito como os vinhos dos anos 60, o que me transportou imediatamente para um Tinto Velho José Sousa 1961 provado faz bem pouco tempo e que é algo de excepcional, será este Joaquim Madeira o tipo de vinho mas em jovem ? ...a prova que já proporciona é de alto nível, talvez o vinho que mais me marcou durante todo o Encontro.

Aveleda Follies Touriga Nacional 2004 - Antes de mais tenho de deixar os parabéns pela excelente apresentação de toda a gama Follies, sem dúvida bastante inovadora e com um ar muito internacional... Tendo gostado também do Alvarinho, este Touriga Nacional destacou-se pela frescura que apresentou durante a prova, achei um vinho diferente e com algo mais que um simples Touriga Nacional.

Quinta do Vale Meão 2004 - Nova colheita do vinho cujas vinhas iam parar ao Barca Velha, agora é com essas uvas que se escreve Vale Meão, um vinho que na colheita 2004 foi beatificado pela Wine Spectator com uns celestiais 97 pontos... com tanto ponto dá a impressão que será quase o mesmo que provar um pouco do céu, parece-me que são pontos a mais e que colocaram o dito num altar alto de mais para o vinho, apesar da qualidade apresentada ser elevada...

Montes Alpha M 2001 - É o topo de gama desta casa, a garrafa é imponente e o vinho não se fica muito atrás, aqui o equilibrio é palavra de ordem... não temos muitos excessos, o que se agradece cada vez mais. Começo a gostar cada vez mais destes vinhos Chilenos.

Montes Folly 2003 - É mais um vinho Chileno, desta vez um varietal Syrah que se mostrou uma grande surpresa, com um perfil diferente nesta casta que eu tanto gosto, valeu a pena conhecer e quem sabe mais tarde venha a surgir numa prova de Syrah no Copo de 3

The Pian delle Vigne - Brunello di Montalcino 2000 - É um vinho que segue as pegadas deixadas pela outra colheita já provada anteriormente no Copo de 3. Estes vinhos italianos gozam de uma enorme vocação gastronómica e têm um equilibrio de conjunto de grande nível.

Tenuta Guada al Tasso - Bolgheri D.O.C. 2000 - É um dos chamados Super Toscanos, completamente diferente dos vinhos que se provam por estas bandas... se com uma palavra desse para definir este vinho talvez seria Finesse, sem dúvida alguma é um vinho que dá um prazer muito grande durante a prova, tem tudo mas nada em grande exagero... o preço esse é bastante alto, entre os 90-100€.

Generosos

MR - Moutain Wine Moscatel 2005 - Um Moscatel vindo de Espanha, nariz muito exuberante, complementado com uma prova de boca em que doçura e acidez estão muito bem equilibradas, algo de fabuloso.

Blandy´s Madeira Verdelho 1977 - Foi o melhor vinho da madeira que provei até aos dias de hoje, curiosamente um vintage da minha idade, não vou fazer comentários porque fiquei nas nuvens durante esta e a próxima prova.

Blandy´s Madeira Bual 1971 - Obviamente que tem algumas diferenças, mas mesmo assim... sem comentários.

Este ano provei mais brancos que tintos, vários foram os vinhos provados, no final de revelar as minhas escolhas deixo também algumas conclusões:
Destacar cada vez mais a qualidade dos vinhos brancos Portugueses, nos últimos dois anos a revolução tem sido algo bem real e para melhor, como já aqui tinha sido referido, a onda branca está a chegar pelo que podemos afirmar mais uma vez que a nova moda será o vinho branco, bons exemplo são os vinhos aqui já referidos onde depois de um bom ano de 2004, aparecem agora os 2005 ainda melhores.
E a que se deve tudo isto ? Simplesmente a um aumento da qualidade dos nossos vinhos brancos nos últimos anos, uma maior preocupação dos produtores em terem um vinho branco no seu catálogo mas também produzirem vinhos brancos de qualidade, também o facto do consumidor acordar para a realidade dos vinhos brancos tão colocada de lado.
Resta despedir, e até para o ano...

5 comentários:

Chapim disse...

Caro copod3, mais um belo post neste blog de referência!!

A minha passagem pelo EVS foi partida por motivos de trabalho e assim fiquei-me pelos brancos, colheitas tardias e moscateis.
Mas mesmo assim foi super interessante. Achei curioso que as minhas escolhas de brancos foram em muito semelhantes às suas.Inseri as minhas melhores provas no forum COV. O Hugel é um autêntico perfume. O Redoma Reserva é fineza pura.

Gostei também muito de um Verdelho da Ze Maria da Fonseca, o colheita tardia da Qt da Romeira e um moscatel Setubal Superior de 1983 da Bacalhoa.

Boas provas

joaorosé disse...

Olá AlémTejo,

Vila Viçosa
vila Viçosa
quanto de ti
é esponjosa?

ou como diz o outro
+ vale bebê-lo
k vertê-lo

até VV
joão-de-caminho-vou-ao-alentejo

João de Carvalho disse...

E quando passas em Vila Viçosa amigo RedRose?

Anónimo disse...

Pois é, isto é tudo muito bonito,e em tom de desabafo, se eu for pegar na calculadora, e somar todas estas pingas, lá se vai o meu orçamento familiar. Que isto está mal é verdade, e infelismente não vejo melhoras para os consumidores. Tenho muita pena que a grande maioria destas garrafas fiquem pelo mundo dos meus sonhos, mas vou esperar nas minhas calmas, pode ser que isto dê uma volta (não acredito!!!). Como diria um velho amigo meu, "não tenho a culpa de ter a boca de rico, e a carteira de pobre"!!!

Pingas no Copo disse...

Pedro Sousa, estou completamente de acordo contigo. Completamente!
Isto de ter boca de rico e carteira de pobre, não está com nada.

 
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