Se existe palavra que nos dias de hoje cada um de nós procura e pretende ter como sua, é sem dúvida alguma a diferença. É a diferença que dita a moda, é a diferença que nos permite ter opinião sobre algo, é a tal diferença que se pretende encontrar ao provar um vinho.
A verdade é que nos dias que correm, com o constante surgimento de novos produtores e respectivos vinhos, o esperado seria encontrar pelo menos, vinhos diferentes onde o terroir das vinhas fala mais alto, e não o que hoje em dia cada vez mais se encontra, ou seja, vinhos bastante similares no seu perfil.
Se não incluirmos o Douro e o Dão, assistimos a uma constante presença de castas tão famosas quanto a Touriga Nacional, Aragonês, Alicante Bouschet, Syrah ou Cabernet Sauvignon, ficando um pouco difícil encontrar um vinho onde desponte uma casta dita «estranha».
Aplicando esta conversa à zona do Alentejo e mais propriamente às terras da Vidigueira, onde a produção de vinho remonta ao tempo dos Romanos na Península Ibérica, este local considerado como o berço da famosa casta branca Antão Vaz, mostra-se também como berço da casta que dá pelo nome de Tinta Grossa, ou como a apelidam os locais, Tinta da Nossa.
Uma casta pouco dada a conhecer, que apenas aparece nos talhões de vinhas mais velhas daquela zona, o que sem dúvida terá sido a sua salvação e evitado a guilhotina da reconversão.
Segundo o enólogo Paulo Laureano, esta casta mostra aromas concentrados e intensos de frutos do bosque e alguma especiaria na área das pimentas. Os seus taninos revelam o carácter suave e subtil do Alentejo, mas não deixam de ser bem estruturados. Outra interessante característica desta casta é a sua capacidade para manter bons níveis de acidez, mesmo no quente clima alentejano. Não tivesse a casta potencial, e não estaria nos planos do enólogo, que até nem é fã de monovarietais, só quando estes são deslumbrantes como se verifica com o seu recente Alicante Bouschet 2005, lançar para o mercado provavelmente um Tinta Grossa 2006.
Mas é em Vila de Frades (Vidigueira), na Quinta do Quetzal, que se produz este Bonefant tinto 2003, um vinho de lote, onde estão presentes a Trincadeira e aquela que se pode afirmar de tipicamente Alentejana, Tinta Grossa ou Tinta Nossa.
Bonefant 2003
Castas: Trincadeira e Tinta Grossa - Estágio: 8 meses carvalho francês e americano - 14% Vol.
Tonalidade granada escuro de concentração média/alta
Nariz a revelar um vinho onde a presença inicial de fruta (amora, cereja) madura, complementa-se com ligações evidentes pela passagem por madeira. É com harmonia que se mostra no nariz, com cacau em pó e presença de especiarias (pimenta preta e vermelha, noz moscada), envolvido com boa dose de frescura. Sem grandes complexidades, o vinho consegue dar uma prova bastante agradável, dando bem conta de si mostra em segundo plano um toque adocicado de compota.
Boca onde se sente um vinho muito bem estruturado, de perfil bem macio/sedoso na prova que proporciona. A frescura sentida é companheira durante toda a passagem de boca, elegante e arredondado, de boa espacialidade com a fruta lado a lado com toque de tabaco, compota, cacau e especiarias muito suaves. O final de boca é de persistência média/alta.
Provado em prova cega, foi uma agradável surpresa, pela diferença com que nos presenteia, por fugir de um esperado estilo pesado e madurão tantas vezes repetido e facilmente encontrado. Certo é, que os vinhos com frescura e boa acidez também por aqui se mostram presentes, vinhos elegantes, onde a harmonia entre fruta e barrica é possível, e acima de tudo onde se pode ter qualidade e diferença com castas que não as costumeiras da nossa praça. O preço é outro aliciante, pois ronda os 7,5€ por garrafa, encontrando-se desde já num ponto óptimo de consumo.
15,5
A verdade é que nos dias que correm, com o constante surgimento de novos produtores e respectivos vinhos, o esperado seria encontrar pelo menos, vinhos diferentes onde o terroir das vinhas fala mais alto, e não o que hoje em dia cada vez mais se encontra, ou seja, vinhos bastante similares no seu perfil.
Se não incluirmos o Douro e o Dão, assistimos a uma constante presença de castas tão famosas quanto a Touriga Nacional, Aragonês, Alicante Bouschet, Syrah ou Cabernet Sauvignon, ficando um pouco difícil encontrar um vinho onde desponte uma casta dita «estranha».
Aplicando esta conversa à zona do Alentejo e mais propriamente às terras da Vidigueira, onde a produção de vinho remonta ao tempo dos Romanos na Península Ibérica, este local considerado como o berço da famosa casta branca Antão Vaz, mostra-se também como berço da casta que dá pelo nome de Tinta Grossa, ou como a apelidam os locais, Tinta da Nossa.
Uma casta pouco dada a conhecer, que apenas aparece nos talhões de vinhas mais velhas daquela zona, o que sem dúvida terá sido a sua salvação e evitado a guilhotina da reconversão.
Segundo o enólogo Paulo Laureano, esta casta mostra aromas concentrados e intensos de frutos do bosque e alguma especiaria na área das pimentas. Os seus taninos revelam o carácter suave e subtil do Alentejo, mas não deixam de ser bem estruturados. Outra interessante característica desta casta é a sua capacidade para manter bons níveis de acidez, mesmo no quente clima alentejano. Não tivesse a casta potencial, e não estaria nos planos do enólogo, que até nem é fã de monovarietais, só quando estes são deslumbrantes como se verifica com o seu recente Alicante Bouschet 2005, lançar para o mercado provavelmente um Tinta Grossa 2006.
Mas é em Vila de Frades (Vidigueira), na Quinta do Quetzal, que se produz este Bonefant tinto 2003, um vinho de lote, onde estão presentes a Trincadeira e aquela que se pode afirmar de tipicamente Alentejana, Tinta Grossa ou Tinta Nossa.
Bonefant 2003
Castas: Trincadeira e Tinta Grossa - Estágio: 8 meses carvalho francês e americano - 14% Vol.
Tonalidade granada escuro de concentração média/alta
Nariz a revelar um vinho onde a presença inicial de fruta (amora, cereja) madura, complementa-se com ligações evidentes pela passagem por madeira. É com harmonia que se mostra no nariz, com cacau em pó e presença de especiarias (pimenta preta e vermelha, noz moscada), envolvido com boa dose de frescura. Sem grandes complexidades, o vinho consegue dar uma prova bastante agradável, dando bem conta de si mostra em segundo plano um toque adocicado de compota.
Boca onde se sente um vinho muito bem estruturado, de perfil bem macio/sedoso na prova que proporciona. A frescura sentida é companheira durante toda a passagem de boca, elegante e arredondado, de boa espacialidade com a fruta lado a lado com toque de tabaco, compota, cacau e especiarias muito suaves. O final de boca é de persistência média/alta.
Provado em prova cega, foi uma agradável surpresa, pela diferença com que nos presenteia, por fugir de um esperado estilo pesado e madurão tantas vezes repetido e facilmente encontrado. Certo é, que os vinhos com frescura e boa acidez também por aqui se mostram presentes, vinhos elegantes, onde a harmonia entre fruta e barrica é possível, e acima de tudo onde se pode ter qualidade e diferença com castas que não as costumeiras da nossa praça. O preço é outro aliciante, pois ronda os 7,5€ por garrafa, encontrando-se desde já num ponto óptimo de consumo.
15,5
12 comentários:
Olá,
a administração da horta em assembleia geral resolveu alterar os links que o pessoal lê e comenta, por isso este blog foi adicionado à lista do comia-te !
se não queres que o teu blog aparece lá na horta mostra a tua indignidade na horta, ou se por acaso fores a dar para o tímido/a manda um mail para a malta que rapidamente desapareces da horta !
não será por isso que te deixamos de ler e comentar !
um grande bem haja !
http://comia-te.blogspot.com/
PS - João Pedro bem sei que o nosso blog não tem nada a ver com o teu, mas já lá estavas linkado há anos loool e já tiveste um post a ti :-)
ABRAÇO !
Pena é eu não encontrar este vinho por aí, pelo menos na grande "urbe". Será que andam pelas garrafeiras de Lisboa?
Abraço
Caro Tavguinu não vejo porque razão iria contra tal decisão, se já fazia parte deixa estar. E até costumo visitar o teu blog várias vezes.
Caro Pedro por acaso não sei onde se compra em Lisboa... tenho tentado encontrar nos Hipers e nada. Faltam as garrafeiras mas isso já fica longe da zona onde resido.
faltou-me dizer uma coisa, achei uma exelente intrudução neste post.
Entretanto se a encontrar por aí este vinho, eu direi qualquer coisa.
Mais um abraço!
A informar que em breve colocarei a nota de prova do topo de gama da casa, o Quetzal Branco.
Parece que o tinto ainda não chegou a ser lançado.
Comprei o Bonefant Branco 2004 na Petrocoop de Vila Nova de Santo André, no final de 2007, numa promoção, pelo que paguei cerca de 2 euros. Ainda não o abri. Em Beja é também raro encontar os vinhos desta casa à venda.
Filipe Sousa
Caro Filipe, de facto é de realçar a qualidade que estes vinhos mostram bem acima da média, em que o preço é uma grata surpresa.
Esse branco de 2004 seria melhor que lhe fizesse uma consulta, a fim de constatar o estado de saúde do dito cujo.
Exmo Sr. Copo de 3, o meu nome é josé Caeiro e sou o responsavel comercial pela Quinta do Quetzal. Em 1º lugar quero agradecer a generosidade das suas palavras em relação aos vinhos que represento e escrevo estas palavras apenas para informar os eventuais interessados dos locais de venda desdes vinhos.
Em Lisboa poderam encontra-los no El Corte Ingles e em Beja podem ser encontrados na Garrafeira Segredos do Vinho. Para qualquer informação que julgar necessária poderá contactar atraves do email josecaeiro@quintadoquetzal.com.
Os melhores cumprimentos.
Há à venda o Bonefant tinto na loja Ingrediente nas Galerias Alto da Barra em Oeiras, a 11,30€ a garrafa.
Abri na sexta-feira santa o tal branco de 2004. Ainda estava em ordem, sem nota de envelhecimento. Vinho bem feito, mas sem grande expressão. Nota-se o Antão Vaz (ou não fosse Vidigueira). Achei-o um pouco "aguado"... Dou-lhe uns 14,5/15 v.
Filipe Sousa
Comprei duas garrafas este fim de semana de bonefant tinto 2003, por indicação de uma amiga minha que tem uma garrafeira, estou curioso. O preço foi 7,50
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