Copo de 3: Dona Maria Amantis 2004

04 dezembro 2008

Dona Maria Amantis 2004

Amantis, do latim "quem ama", em honra do amor de D. João V dispensou a Dona Maria, cortesã por quem o rei se apaixonou e a quem ofereceu a Quinta nos arredores de Estremoz.
A casa apalaçada do Séc. XVIII é hoje um ponto de referência, não só pela sua beleza como também pela sua história e qualidade dos vinhos que produz.
"Trata-se da melhor e mais bela casa de campo da região, conservada nas linhas originais de arquitectura Barroca e Joanina..." (Inventário Artístico de Évora)
O seu interior é rico em azulejos da época de D. João V, e o mármore, típico da região, encontra-se também um pouco por todo lado.
Segundo conta a história, a Quinta foi adquirida em tempos por D. João V para oferecer a uma cortesã, D. Maria, por quem estava perdidamente apaixonado. Foi essa cortesã que deu o nome à Quinta e ao vinho nela actualmente produzido.
Hoje em dia a Quinta é conhecida como Quinta do Carmo, pois numa época posterior à edificação da casa, construiu-se uma capela datada de 1752, que foi dedicada e consagrada a Nossa Senhora do Carmo.
Com a enologia a cargo de Sandra Gonçalves, saiu a primeira colheita do Amantis aqui em prova:

Dona Maria Amantis 2004
Castas: Syrah (30%), Petit Verdot (30%), Cabernet Sauvignon (30%) e Touriga Nacional (10%) - Estágio: n/d - 14,5% Vol.

Tonalidade ruby escuro de concentração média/alta.

Nariz a mostrar um conjunto que foge claramente ao ''normal'' da região, qual amante mostra-se bem sedutor e aventureiro, capaz de prender a atenção e cativar quem prova. Na boa complexidade que apresenta, marca presença uma fruta de grande qualidade na sua vertente mais silvestre, como se de uma cesta inteira tivessemos à frente, ao lado de uma componente balsâmica (eucalipto), cacau morno, especiarias doces (cravinho) e toque de baunilha que lhe amaina o espírito e confere sensação de cremosidade ao conjunto.

Boca apresenta um vinho bem estruturado e muito harmonioso, boa espacialidade e dose de frescura que o acompanha. É elegante e muito fino no trato, sensações de cremosidade mais uma vez presentes com as especiarias no segundo plano e a componente balsâmica a completar o final de boca, de boa persistência.

Um vinho num ponto alto de consumo, tudo no seu devido sítio, consegue dar bastante prazer durante a sua prova, aguenta-se bem durante toda uma refeição sem que os seus imponentes e cada vez mais costumeiros (14,5% Vol.) se façam notar. Claramente com um perfil menos Alentejano e bem mais internacional, consegue apesar disso mostrar um cunho bem pessoal, sem que fiquemos com a sensação de já ter provado semelhante. Foram 16.500 garrafas que saíram a um preço entre os 14-17€
16,5

7 comentários:

Luis Prata disse...

Provei este vinho no EVS, infelizmente não me recordo do que achei dele, apenas me recordo do bonito rótulo... esse sim inesquecível.

João de Carvalho disse...

Penso que nesta altura já se deve encontrar a versão 2005 no mercado, e pelo que já tive oportunidade de provar... está bem melhor.

O Amantis Branco é também um branco bastante interessante e que merece ser provado em boa companhia.

Catenaccio disse...

Gostaria de colocar uma questão...

Sabendo que na região do Alentejo predominam as castas Trincadeira, Aragonez e Castelão, qual o sentido de 'importar' as castas Syrah, Petit Verdot e Cabernet Sauvignon, já para não falar da Alicante Bouschet? É por uma questão de internacionalização?

relembro que só recentemente estou a tentar aprender sobre o assunto, mas não estamos perante uma 'adulteração' das castas representativas da região? Indirectamente, não é uma forma de descaracterizar a tipicidade de uma região?

Obrigado.

João de Carvalho disse...

A pergunta é interessante mas podemos pensar de outra maneira, será que as castas predominantes são realmente as mais indicadas para a região ? E para que zonas da região tendo em conta as grandes variantes como solos, temperatura, humidade, calor, chuva, que como sabe variam e bem entre várias zonas do Alentejo.

Se por um lado não se devem deixar de lado as nossas castas, Trincadeira, Castelão, Roupeiro, Antão Vaz... por outro lado devemos sempre deixar um lugar para as outras castas numa tentativa de melhorar e até explorar/experimentar novos perfis/caminhos de vinho.

Não sei o que será pior, encontrar de vez em vez a casta Petit Verdot num vinho Alentejano, ou encontrar sistematicamente a Touriga Nacional num maior número, quase que aparecendo por obrigação.

Quanto à Alicante Bouschet, acho que a casta que foi adoptada é neste momento mais ''nossa'' que deles. Os vinhos que dá origem em todo o Alentejo fazem dela uma das mais valias em termos de castas, vejamos por exemplo os Mouchão,quem prova sabe que é um vinho Alentejano apesar de ser feito na sua maioria com Alicante Bouschet, pelo que neste caso a tipicidade não sai beliscada.

Não podemos esquecer que alguns produtores já tem castas como Cabernet Sauvignon, Chardonnay, Syrah, Petit Verdot... plantadas faz muito tempo, alguns já faziam vinhos destas castas nos anos 70, pelo que elas de novas no Alentejo pouco têm.

Catenaccio disse...

Creio que a 'chave' está precisamente na frase (...)"por outro lado devemos sempre deixar um lugar para as outras castas numa tentativa de melhorar e até explorar/experimentar novos perfis/caminhos de vinho".

Eu peço desculpa por fazê-lo perder o seu tempo a responder a algumas questões, mas tento aprender mais sobre o assunto, quer lendo material na internet, quer provando novos vinhos.

O meu obrigado pela atenção. Votos de um bom fim-de-semana.

João de Carvalho disse...

Sempre que quiser colocar alguma questão, esteja à vontade.
Afinal de contas este é um espaço onde se fala de vinho.

Eu tentarei como sempre, responder da melhor forma possível.

Agradeço e retribuo.

Unknown disse...

Este vinho continua muito bom, muito guloso,diferente do habitual no Alentejo.É um vinho que dá muito prazer, mas atenção não deixa de ter 14,5!!

 
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