Copo de 3: Melhor lá fora, esquecido cá dentro...

17 novembro 2010

Melhor lá fora, esquecido cá dentro...


Nos dias de hoje tem-se a ideia de que um vinho para ser muito bom tem obrigatoriamente de ser caro, caso contrário torcemos o nariz até porque colocar vinho barato na mesa não dá o mesmo status do que meter um vinho que todos sabem custar menos de dois dígitos daqueles rechonchudos. Afinal de contas,certas coisas passam-nos mesmo ao lado quando as temos diante dos olhos e nem sequer lhes damos o  valor que merecem. Para melhor entender o que escrevo basta responder a uma simples questão, quais os 10 melhores vinhos de Portugal ?
Uma simples questão que qualquer um de nós consumidor faz, mas que alguns na hora de responder arranjam sempre maneira de complicar com derivações para salamaleques e entraves para uma resposta que se pretende clara e simples... os profissionais da coisa, aqueles que vivem à conta do mundo do vinho tendem sempre a complicar na hora de decisão sempre a bem da isenção e do não ficar entalado com algum "amigo" esquecido na tal lista, ora isto vem no seguimento de que nessa mesma lista que muitos de nós poderemos fazer ou já fizemos ou lemos em fóruns, blogs, revistas, guias, etc... não contemplaria certamente aquele que foi considerado o 9º classificado no Top 10 de 2010 pela prestigiada revista Wine Spectator. A lembrar que esta foi a segunda vez que um vinho de mesa Português aparece no Top 10, relembro que o Quinta do Crasto Vinhas Velhas Reserva 2005 já tinha aparecido como nº 3, e dois anos depois eis que um outro vinho Português, produzido também na excelência do Douro, o CARM Reserva 2007, surge novamente no Top 10. E então ? Na sua lista dos 10 melhores de Portugal este vinho estava presente ou nem sequer se lembrou, provavelmente nem o chegou a provar pois o preço de prateleira não tem dois pesados dígitos que lhe atribuam uma importância digna de pertencer à sua garrafeira... pois é, mas ficou-se com uns mais que merecidos 94 pontos e tem um preço de arromba a rondar os 9€.A verdade é que mais uma vez se demonstra que aqueles que se destacam lá fora não são os de produções mais limitadas, não são os topos de gama, não são os vinhos exclusivos e ultra limitados que ninguém tem acesso, nem sequer aqueles que os "boys do papel" levam ao colo... os melhores lá fora, os tais que vão aparecendo na Wine Spectator são vinhos acessíveis e democráticos, vinhos que a crítica se esquece na altura de nomear como melhores, vinhos que os eno-snobs se esquecem de nomear nas pseudo-listas, vinhos que o consumidor pode apresentar com a cagança que os cagantes gostariam de ter.

8 comentários:

Duarte disse...

Olá João,
Concordo com o texto.
Achas que o preço vai ser inflaccionado? É que apesar de não ser caro, também é de cagão apresentar um top 10 mundial... Eu, apesar de j+a ter comprado o branco mais que uma vez, cagão me confesso, e gostava de o beber mas tenho ideia de que só se arranja o 2008, pelo menos nos meios convencionais.
Um abraço
Duartecalf

João de Carvalho disse...

Olá, sei de quem chegou a provar o 2007, eu sou pouco dado a visitar garrafeiras pelo que não posso afirmar que o tenha ou não visto à venda, mas deve ter estado ainda que um pouco no anonimato, o 2008 esse anda pelo mesmo caminho até que a notícia veio cá para fora...

Quanto à subida de preço acredito que algumas mentes mais "greedy" aumentem o vinho para o dobro ou mais...

Duarte disse...

Vi hoje numa garrafeira online o 2008 à venda com a indicação de estar no Top 10 da WS... à malta que não dorme!
Duartecalf

Duarte disse...

"Há malta" e não "à malta"...

Anónimo disse...

É incorrecta a sua assumpção de que o vinho foi esquecido cá dentro.
É que o vinho terá esgotado em pouco mais de 2 meses em Portugal, obviamente pela pontuação da WS mas também da RV, etc. O 2007 Reserva está esgotado há muito tempo.
Por outro lado não é a segunda vez que um Vinho de Portugal atinge o Top 10 da Wine Spectator, é sim a segunda vez que um Vinho Tranquilo de Portugal atinge o Top 10

Cumprimentos

João de Carvalho disse...

Esquecido pelo facto de que o vinho nunca foi tão badalo como outros já foram e costumam ser...
Há muito vinho que esgota e passa ao lado da grande maioria das pessoas, talvez um nicho saiba mas no geral não se fala nem se ouve falar. Vi pela primeira vez este vinho no ano passado no Douro Show ao lado do branco que sim já me tinham falado muito bem dele... o tinto a primeira prova que vi foi num blog de um amigo, mas curiosamente em conversa com ele e tantos outros que muitos vinho provam este CARM nunca foi abordado... talvez tenha sido esquecido.

Pois é, já lá andaram fortificados... e até o podia ter dito, mas optei por mencionar ainda que mal ou bem que só tivemos dois vinhos (faltou o de mesa) no TOP.

Cumprimentos e vá passando por cá...

Antonio Madeira disse...

Tb não concordo da ideia que foi esquecido em Portugal. Comprei este ano 2 garrafas desse vinho por 7€ e pouco / garrafa baseando-me na pontuação da RV, pois foi dos raros vinhos abaixo de 10€ que levou uma pontuação de 17. Bastava estar um pouco atento.
Em relação ao vinho ja provei uma das garrafas, o vinho é bom, boa RQP, mas 94 pontos acho exagerado. Apenas uma opinião.

João de Carvalho disse...

Antonio, já esclareci em cima o tal "esquecimento", não é pelo facto da nota que o vinho possa ter tido, é sim pelo facto de pouco se ouvir falar dele. Quantos vinhos têm boas notas e depois passam completamente ao lado nas nossas conversas ?

PS: 94 pontos da WS equivalem exactamente aos 17 valores que teve na RV. Eu quando provei o vinho também não achei que fosse para tanto... mas isto são opiniões.

 
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