Enquanto vou fatiando uma bela "mojama" de Atum Catraio vou bebericando um copo deste fantástico San León Manzanilla da Bodega Herederos de Argüeso. O encanto não é novo, já vem de longe, desengane-se o tolinho que pense que é esta a minha última descoberta no campo enófilo, não é. Como ia escrevendo, Jerez ganhou vai para largos anos, bem mais de 10 anos, um cantinho muito especial nos meus vinhos de eleição, naqueles vinhos que gosto de beber sozinho ou bem acompanhado, costumo ter sempre por perto umas garrafinhas deste e de outros. O vinho de Jerez é singular, complexo e ao mesmo tempo apaixonante na história e mistério que encerra, é o derradeiro vinho de terroir, o vinho da maturidade e o grande embaixador de uma região esquecida ou forçosamente ignorada por aqueles que se dizem "amantes" do vinho, os enófilos. Recentemente tive oportunidade de realizar uma prova de iniciação a esta fantástica realidade, o vinho de Jerez, apresentei e dei a provar a doze enófilos curiosos e ávidos em descobrir a verdadeira essência de Jerez, as emoções fruto do prazer da descoberta durante toda a prova são reflexo do sucesso da mesma. Ora enquanto escrevo isto, a mojama ou muxama, acabou de ficar cortada, fina, regada com um fio de azeite e a Manzanilla rebola e gira no copo, fresquíssima e como se quer, boa intensidade com aquela brisa de frescura e elegância, frutos secos (amêndoa torrada) , flores na trivial camomila, o travo presente da fermentação debaixo do véu de flor no seu toque de levedura e aquele iodado a lembrar o mar. Tudo à sua vez, sem amontoados desnecessários, na boca a sua presença é marcante, ligeira, presença seca com toque de amêndoa, levemente "salgada" no final e bastante persistente. Bebe-se sem se dar conta, é o vinho com que se começa o petisco, a acompanhar um peixe frito, um arroz de marisco, uma mojama ou tantas outras coisas que a polivalência destes vinhos é enorme... custou cerca de 5€ e vale cada cêntimo. 91 pts
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