Copo de 3: Caves da Montanha

05 novembro 2015

Caves da Montanha

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Ainda pela Bairrada, o passeio encerra com a visita a um dos maiores produtores da região, as Caves da Montanha (Anadia). A produção anual ronda o milhão e setecentas mil garrafas, tendo actualmente cerca de 2 milhões de garrafas guardadas nas longas caves subterrâneas das quais cerca de vinte mil supera os vinte e quatro meses de estágio em garrafa. Em Portugal o espumante de qualidade nem sempre foi uma realidade, é algo que tem vindo a crescer e a afirmar-se junto dos consumidores na última década. Nunca por cá se bebeu tão bom vinho como nos dias de hoje, é uma realidade, mas a somar a tudo isto também é verdade que a Bairrada se assume cada vez mais como a região onde produzir espumante fará mais sentido.

Fundadas em 1943 por Adriano Henriques, a empresa tem passado de pais para filhos estando actualmente na quarta geração com Alberto Henriques ao comando. Apesar do leque de ofertas se estender um pouco por todas as regiões com os mais diversos produtos é nos espumantes da Bairrada que a meu ver mora a alma deste negócio. A equipa de enologia composta por António Selas e Bruno Seabra, juntamente com Alberto Henriques têm sabido encontrar o rumo certo e juntos têm dado o seu contributo para um renascimento da região da Bairrada. Para este refresh de toda uma região, muito tem contribuído a Comissão Vitivinícola da Bairrada na pessoa do seu dinâmico presidente José Pedro Soares. Mas todo este assunto é merecedor de um artigo próprio, por agora o que interessa destacar são os espumantes que se provaram nas instalações das Caves da Montanha. 

O primeiro de todos foi um Montanha Grande-Cuvée Baga 2009, nascido num ano considerado de excelência pelo produtor. Um espumante que mostra um perfil mais clássico se assim se pode chamar, combina notas de alguma evolução com a frescura da fruta madura, notas de biscoito e ligeiro fruto seco. Boa presença de boca, com a fruta a marcar presença em quantidade e sabor, muita frescura com elegância e final de boa persistência. Um espumante com energia suficiente para acompanhar pratos de maior temperamento.

Em 2008 surge a primeira referência do Montanha Grande-Cuvée Chardonnay-Baga, todo ele cheio de frescura no nariz, com leve biscoito e notas de pêra, muita fruta associada à casta Chardonnay com leve fermento. Boa exuberância de conjunto, mousse fina e elegante com acidez a limpar o palato num espumante de fácil harmonia à mesa. 

O Montanha Real Grande Reserva 2009 é o topo de gama, sai quase de dois em dois anos e mostra-se nesta colheita com um blend de Chardonnay, Arinto, Pinot e Baga. Aroma com cocktail de frutas, ligeiras notas de biscoito, alguma geleia, muita frescura e vigor. Boca com envolvência que preenche o palato, frescura com sensação de cremosidade, final seco e prolongado.


Para o final ficou o A. Henriques Edição Especial 70 Anos Bruto 2006, um espumante feito à base de Chardonnay, Arinto e alguma Baga, que combina muito boa frescura com notas da passagem do tempo. Envolto numa delicada e muito fina complexidade que combina aromas de polpa branca da Chardonnay , os travos mais citrinos da Arinto, com a Baga a conferir robustez ao conjunto. Em fundo notas de biscoito com tisana, algum pão torrado num conjunto complexo que na prova de boca se mostra bastante elegante combinando ligeira cremosidade com a boa frescura da fruta. Brilhou a acompanhar um leitão assado à Bairrada.

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