Copo de 3: Château Montrose 2001

12 outubro 2007

Château Montrose 2001

De volta a França, mais propriamente a Bordéus, vamos desta vez até Médoc uma das sub-regiões de Bordéus, e dentro dela rumamos a Saint-Estèphe.
É aqui que encontramos o Château Montrose, um Deuxième grand cru classé segundo a classificação de Médoc, que surge nos inícios do séc XIX. Hoje em dia conta com cerca de 68ha com uma idade média de 40 anos, produz dois vinhos dos quais este Château Montrose é o topo de gama.

Château Montrose 2001
Castas: 62% Cabernet Sauvignon, 34% Merlot, 3% Petit Verdot, and 1% Cabernet Franc - Estágio: 19 meses em barricas (50% novas) - 12,5% Vol.

Tonalidade ruby escuro de concentração média/alta.
Nariz a mostrar inicialmente um vinho fechado, sólido e profundo, com um deslumbre de fruto negro bem maduro de alta qualidade (mirtilo, cereja). É com tempo que o vinho se mostra, especiarias com toque de couro, e toque de ligeiro floral. O vinho apresenta desde já uma invejável complexidade, que sustenta o vinho durante toda a prova, finesse com bouquet de gabarito mundial, a dar sensação de untuosidade presente ao lado de uma baunilha muito bem colocada e sem exageros, abraçada por um toque de fumo no final. Por entre toda esta complexidade, um toque vegetal espreita de fundo, algo encoberto e com jeito de despedida, algumas sensações terrosas. Um vinho que se mostra cheio de força e vontade de mostrar o seu enorme potencial de guarda. As voltas são tantas que parece remeter para uma mineralidade final.
Boca com estrutura muito requintada, entenda-se como estrutura o equilíbrio entre fruta, acidez, álcool, taninos e açúcar. Enquanto que o corpo do vinho é o peso e tamanho que este deixa na boca, neste caso temos um vinho de corpo muito elegante e fino. Muito polido com toque de vegetal presente acompanhado por bela frescura. O corpo apesar de não se mostrar com grande largura, ganha mais em comprimento, sendo bastante requintado e harmonioso, fruta fresca presente com toque especiado. No geral complementa a prova de boca com a prova de nariz, tosta e mineral também marcam presença. Final de enorme refinamento, frescura e persistência.

Este é o tipo de vinho que se fala a nível mundial, não sendo um dos grandes nomes é sem dúvida um dos que costuma andar ao lado dos mesmos. Inegável qualidade a todos os níveis, a mostrar uma capacidade de guarda muito elevada, à vontade uns bons 10 anos de cave. Se quando pensamos que naquele jantar provámos o melhor vinho da nossa vida... algures neste mundo do vinho temos sempre outro capaz de o superar. Consegue acompanhar uma refeição de início ao fim sempre com grande nível, os seus 12,5% não o tornam maçudo ou enjoativo.
Com o preço a rondar os 50-70€ não se pode dizer que seja um vinho barato, que não é... mas vale cada euro que se gasta nele. São vinhos como este que vale a pena partilhar com os amigos.
18,5

8 comentários:

Anónimo disse...

E a seguir vem um com 19? Humm qual será.
Agora a sério... Boas notas de prova. Este Montrose ainda está para passar aqui pelo estreito.

Cumps,
Pumadas

Anónimo disse...

E lá está a escala subiu mais meio pontito. E merecida na minha opinião.
É um vinho completo. Complexo, nariz sempre em evolução, nada de dramatismos e exageros. Tudo no ponto. Na boca a finura e o tal comprimento são magníficos, diferentes do que por cá normalmente se arranja. Todo um outro campeonato ao qual não estou habituado, mas ao qual não me importava de habituar.
O problema pode surgir em voltar ao nosso campeonato..

Transparente disse...

Estás a provar umas pingas de respeito. Parabéns.

Anónimo disse...

Ora viva...

Como nao vivo em portugal nos dias de hoje bebo bastante vinho estrangeiro e muito, muito de vez em quando abro os cordoes a bolsa para uma pinga do genero. Com isto venho so observar que em portugal as pontuacoes dadas aos vinhos nacionais de topo(da moda) sao as vezes excessivas. Eu ja bebi este Montrose 2001, um vinho bestial, mas de uma colheita mediana no medoc, sem comparacao com, por exemplo, o mesmo mas de 1996 ou de 2000. Tendo em conta os pontos dados aos vinhos de topo portuguses tenho que concordar com a pontuacao do Copo de Tres relativa a este Montrose, no entanto o espaco de manobra para vinhos superiores (que os ha) fica reduzida!!!
Relembro aos presentes o Guia de Compras da RV ou os afamados Guias do JA e do JPM, num passado recente a enchurrada de 18,5 , 19 presente nestes guias e dada a vinhos bons, mas so bons, era brutal.
Finalmente digo que os Blogs (nao todos!!!) tem tido um papel moderador nesta onda de altas pontuacoes. Eu adoro os nossos vinhos e eles caminham para o topo rapidamente mas ainda nao estao la...

Abracos
pedro Guimaraes

João de Carvalho disse...

Caro Pedro, foi com muito agrado e bastante atenção que li o que aqui escreveu.
Estando completamente de acordo com o que diz.

Vejo com bons olhos comentários realistas e positivos como aquele que aqui colocou.
A verdade é que vinhos como este servem de certa maneira para se afinar a escala das notas finais, diga-se até para a colocar num plano mais rigoroso e exigente.

Anónimo disse...

Aproveitando a mare, talvez um pouco em off-topic, vou ter o descaramento de propor neste espaco e a este espaco bem como aos restantes blogs, uma ideia.
A critica "profissional" `e escassa em fornecer ao consumidor a dita "janela" de consumo de um vinho. Os poucos comentarios que li nessa critica acerca deste topico eram mediocres (perdoem-me a dureza). Dar a perceber ao consumidor que certos vinhos necessitam de sono de garrafa ( sono a serio, nao o ano ou dois que muitas vezes e aconselhado!!!!) seria bastante util e educativo. Na minha modesta opniao um grande vinho mede-se por outras medidas que nao a fruta(em forma de bomba!!!)
Os blogs ja sao um espaco alternativo da critica de vinhos, permitindo a discussao e muitas vezes mostrando um grau de isencao maior, porque nao comecar a aconselhar o consumidor aos periodos de guarda, isto nos vinhos necessarios...So uma ideia, espero que nao me achem intruso dos vossos conceitos.

Abraco a todos
Pedro Guimaraes

João de Carvalho disse...

Por mim está mais que aceite... irei sempre que entender colocar essa mesma janela de consumo.

E as ideias e sugestões são sempre bem vindas, esteja por isso à sua vontade.

Abílio Neto disse...

Caros,

Comecei a minha paixão pelo CM com a colheita de 1989, bebido em 2007, desde aí, sempre que o encontro, compro, e sempre que posso, bebo-o, mas sempre colheitas «antigas».

Tomando como principio esta nota de prova, o Pedro Guimarâes levanta questões que ninguém quer discutir verdadeiramente em Portugal, e que eu como consumidor muitas vezes deixo-me ir na cantiga, uma delas: depois de se beber um vinho destes, haverá espaço para as «altas» pontuações que são dadas a alguns vinhos portugueses?

Com isso não quero dizer que os vinhso portugueses não sejam bons, o que sei é que existem poucos (muito poucos) capazes de entrar neste campeonato,

Abraços,

Abílio Neto

PS: hoje desforrei-me da minha ausência prolongada do copo...

PS I: Cumprimentos em Vila Viçosa.

 
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