Copo de 3: PROVA Deu la Deu Alvarinho 2005

24 junho 2006

PROVA Deu la Deu Alvarinho 2005

Nada melhor para começar a entrada no Verão do que um Alvarinho... neste caso o primeiro alvarinho de 2005 a ser provado, um vinho elaborado pela Cooperativa Regional de Monção e que ano após ano consegue manter um nível qualitativo invejável, dá pelo nome de Deu la Deu 2005.
Mas que quer dizer Deu la Deu ?
Regressando um pouco no tempo, corria a guerra entre D. Fernando de Portugal e Henrique II de Castela. O monarca castelhano manda um preposto, o galego Pedro Rodriguez Sarmento, com um formidável exército, cercar o Castelo de Monção, exactamente quando da ausência de seu capitão mor, que era Vasco Gomes de Abreu. Dentro do castelo sitiado estava a esposa, um mulher notável que dava pelo nome de Deu-la-Deu Martins.
Depois de um longo cerco às muralhas de Monção, a fome reinava no interior da fortaleza, o que impunha a rendição, quando apenas lhe restava meio saco de farinha, com ela mandou fazer pães quentes, os quais guardou num saco, Deu-la-Deu num misto de audácia e astúcia, subindo as amuradas do castelo, arrojou os pães nos soldados inimigos e gritava-lhes que, considerando o tempo decorrido, deviam estar com fome. Esta estratégia teve um excelente efeito psicológico. O inimigo pensando que a abundância na fortaleza era tal que a rendição pela fome era impossível, levantou o cerco.
Por este feito o brasão de Monção ostenta uma mulher, segurando um pão em cada mão, no alto de uma torre, com a legenda – “Deus a deu – Deus o há dado”. Homenagem merecida de uma heroína, repleta de coragem e astúcia, que passou a ser conhecida pelo nome de “Deu La Deu Martins”. Até hoje os vereadores recem empossados dirigem-se ao seu túmulo e prestam-lhe os agradecimentos por esta notável acção.
Depois de uma breve passagem pela história voltamos ao Deu la Deu 2005, um vinho que se apresenta com 13% e uma tonalidade amarelo leve dourado de mediana concentração.
A prova de nariz mostra boa intensidade aromática, tem o perfil fino e elegante com frescura a marcar presença, a fruta aparece madura em boa concentração marcando quase toda a prova, fruta tropical (ananás) em conjunto com citrinos (lima) e algum fruto branco (maçã) a equilibrar o conjunto com um ligeiro toque melado com um fundo onde se junta o vegetal (erva) e o mineral.
Na boca entra com bom corpo, dando uma sensação de frescura imediata, com a acidez a marcar a prova mas sendo bem suportada e acompanhada pela presença de notas de fruta e um toque melado. O final mineral agradável em conjunto com alguma secura dá uma persistência média/alta com frescura presente.
É um vinho com perfil muito bem desenhado, não se destacando pela exuberância consegue ter equilíbrio e frescura que o tornam muito agradável, o preço a rondar os 6€ torna este Alvarinho uma boa opção para os calores que se aproximam.
16,5

5 comentários:

Pingas no Copo disse...

É o meu alvarinho!

Anónimo disse...

Já aprendi qualquer coisa hoje... curioso essa do Deu la Deu.

Anónimo disse...

Já provei este vinho. Concordo com a tua prova (só não lhe encontrei a erva)e pontuação. Só um senão, a sensação de gás no inicio e a pouca limpidez do vinho (engarrafamento recente?)

João de Carvalho disse...

Caro Miguel

Agradeço o teu comentário, essa sensação de gás inicial no meu caso não se deu... será por ter vertido o vinho para um jarro para servir na mesa ?
De resto achei o vinho limpo e sem qualquer problema, estava até com umas boas côres :)

Filipe disse...

Eu pouco percebo de vinhos, mas é o único vinho verde de Supermercado que gosto. Muito bom. E uma relação qualidade/preço ao alcance dos comuns dos mortais e muito bom para acompanhar com bivalves ou marisco.

 
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