Copo de 3: Herdade das Servas Aragonês 2004

23 fevereiro 2008

Herdade das Servas Aragonês 2004

A Herdade das Servas situada bem perto de Estremoz, é o resultado de um sonho tornado realidade pelos dois irmãos Luís e Carlos Mira, que são a geração mais nova da família Serrano Mira, que desde 1667, ano atestado pela existência de duas talhas, se dedica à arte da vitivinicultura. A família Serrano Mira zela por um património vitícola de 200 hectares de vinhas, com idades compreendidas entre os 15 e os 55 anos, implantadas por talhões através das melhores técnicas de cultivo. Nas castas tintas contam com a Touriga Nacional, Syrah, Alicante Bouschet, Aragonês, Trincadeira, entre outras, e nas castas brancas com o Roupeiro, Antão Vaz, Rabo-de-Ovelha e Arinto.
Foi na colheita de 2004 que um lote de Aragonês se destacou com uma qualidade acima da média, um lote que por si só merecia ser colocado de parte e dado a conhecer aos apreciadores de bons vinhos. É esta a casta que brilha no seu máximo esplendor na vizinha Espanha, a Tempranillo ou Tinta de Toro entre tantos outros nomes que tem, sendo que por cá os nomes mais conhecidos são Tinta Roriz no Dão e no Douro, e no Alentejo como Aragonês.
O certo é que os vinhos extremes desta casta, dificilmente adquirem um estatuto de estrela por terras lusas, e o certo brilho que poderiam ter é rapidamente ofuscado pelos inúmeros varietais de Touriga Nacional que inundam o mercado. Ao contrário dos exemplares Espanhóis, raramente um extreme de Aragonês/Tinta Roriz consegue chegar a surpreender, ficando sempre aquém das possibilidades da casta. Por vezes encontramos exemplares que se destacam da média, vinhos onde a casta desperta mais interesse, este é um desses exemplos:

Herdade das Servas Aragonês 2004
Castas: 100% Aragonês - Estágio: 12 meses em carvalho francês (70%) e americano(30%) - 14,5% Vol.

Tonalidade granada escuro de concentração média/alta
Nariz a revelar um vinho com alguma extracção resultando um conjunto forte e coeso, com fruta bem madura em ligeira compota, com destaque para ameixa, especiarias a sobressairem de imediato (canela, baunilha e pimenta preto). Marca a posição certa margem de caramelo que se apresenta, fruto da boa dosagem de madeira e da qualidade da mesma. A tosta, o cacau morno com fundo herbáceo/balsâmico complementam o perfil deste vinho, bastante agradável e prazenteiro.
Boca a revelar um vinho bem balanceado entre fruta e madeira, boa frescura presente com alguns taninos ainda por sentar, mas que no final de boca se torna fresco e especiado, com uma bela persistência. Sem ser muito encorpado, é de estrutura firme e com média espacialidade na boca.

Um vinho que se mostra bem melhor agora do que quando provado da primeira vez no seu lançamento. A tendência será refinar e afinar ainda mais, no que toca ao entendimento entre madeira e fruta. Está aqui um belo exemplar de Aragonês ainda que numa versão mais concentrada do que normalmente se costuma encontrar. Preço a rondar os 15€ no Enoturismo do produtor.
16,5

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