Copo de 3: Bétula branco 2008

01 fevereiro 2010

Bétula branco 2008

A nota faz algum tempo que estava lançada, face ao que já tinha constatado noutras provas resolvi dar-lhe mais algum tempo, queria provar para comparar com a primeira impressão que me tinha sido transmitida, a verdade é que apenas me restava tirar a limpo uma pequena dúvida. Passado algum tempo, direi 2 ou 3 meses, voltei novamente a ele, coloquei o respectivo vinho em prova cega perante 4 amigos, todos eles presenças assíduas dos fóruns, blogs e eventos de cariz vínico que se fazem um pouco por todo o Portugal, para que provassem e numa tabela colocada à disposição, atribuíssem a nota correspondente. De início notou-se alguma tensão no ar, o vinho foi servido a temperatura adequada, dando o tempo necessário para que cada um dos provadores fosse tecendo as suas opiniões sobre o mesmo, no final e num pleno de harmonia as considerações de cada um dos presentes foram unânimes, a minha dúvida estava esclarecida. Durante largos minutos, discutiu-se sobre aquele vinho, se seria o mesmo que anteriormente já se tinha provado, aquele que alguns elogiaram e que ali não passava de apenas mais um entre tantos. Alguns dos que antes o elogiaram, estavam agora incrédulos, até a nota final era diferente... bem mais baixa do que antes tinha sido apregoado. Ainda voltámos a ele durante o resto da noite, as esperanças de que algo fosse melhorar ainda existiam... mas no final, nada de novo. O vinho em causa dá pelo nome de Bétula, surge na Quinta do Torgal (Douro), Freguesia de Barrô, margem esquerda do Douro e é da colheita de 2008.Vinhas plantadas em 2006, produção total de 3000 garrafas com a enologia a cargo de Francisco Montenegro (conhecido pelos seus belos vinhos Aneto), num lote 50/50 de Viognier/Sauvignon Blanc. Um lote improvável no Douro, talvez um risco em fazer um vinho com duas castas tão "mal" habituadas à dita região. O preço recomendado ronda os 14€, algo desajustado face à qualidade apresentada.

Bétula branco 2008
Castas: Viognier e Sauvignon Blanc - Estágio: Viognier (fermentado em barrica carvalho francês) e Sauvignon Blanc apenas em inox - 13,5% Vol.

Tonalidade amarelo citrino dourado em média/baixa concentração.

Nariz de parca intensidade e complexidade, não nos conquista nem com um aroma exuberante nem sequer com uma limpidez de aroma. Pelo contrário, o vinho mostra-se pouco comunicativo, com os aromas empilhados uns em cima de outros, não dando para entender muito bem as castas que dele fazem parte... sim com algum esforço ainda se chega lá, mas às cegas patinadela certa. Alguma fruta madura (maçã, pêssego, citrino) com toque vegetal fresco e mineralidade de fundo. Com o tempo em copo desdobra para um toque de calda de fruta (pêssego) e leve memória da madeira por onde passou.

Boca com entrada a mostrar uma ligeira untuosidade, a saber a fruta fresca e madura, maçã verde e novamente o pêssego com algum citrino, para depois descarrilar encosta abaixo, entre o vegetal fresco e o mineral e o vegetal fresco e o mineral... quebrando a meio... para voltar com travo de frescura em final médio.

Recentemente tive a oportunidade de provar alguns exemplares de Viognier e de Sauvignon Blanc dignos representantes de cada casta. Neles sempre foi visível o bom comportamento das castas, tanto a nível de aromas como a nível da prova de boca. O vinho em causa, apenas é um BOM vinho e não me lembrou minimamente esses tais vinhos que provei, nem tem que lembrar obviamente mas também não me lembra o Douro, nem as castas com que foi feito. Podem dizer que é um vinho mais virado para a mineralidade, para a secura, para o que entenderem, a mim não me convenceu minimamente, ficando a léguas dos seus primos ANETO. Um vinho atípico, sem despertar grandes emoções , sem identidade marcada...
15 - 87 pts

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