Começo a olhar à volta e afogo-me quase sempre nos mesmos nomes, nos mesmos projectos, nomes e rótulos, falta por cá claramente a centelha da inovação e a vontade do ir mais além, do querer mostrar que é possível apostar em castas diferentes do normal mas que sempre cá moraram... há falta de empenho, falta de estudo, falta de dinheiro e falta de paixão por aquilo que se faz. Quantos senhores do vinho já apostaram a sério numa casta daquelas que nunca disseram ser possível fazer um grande vinho apenas porque dá trabalho ? Quanta juventude perdida nos caminhos do facilitismo da enologia em que a receita acaba por ser quase sempre a mesma... acabando-se por apostar em castas de fora quando raramente se dá uma hipótese ao que é de dentro... acostumado aos calores e frios, aos humores do tempo, castas nossas que correm o risco de desaparecer porque quem faz vinho pensa cada vez mais com a carteira e menos com o coração. Onde estão as conversas de que determinado jovem enólogo resgata uma vinha velha em determinada região e começa a lançar vinhos diferentes e que começam a despertar atenções ? Porque é que nós não temos disto por cá ?
Muito recentemente tive oportunidade de provar vinhos diferentes, vinhos feitos em Espanha e Itália, vinhos resultantes de mentes irrequietas, mentes jovens onde a aposta por demonstrar que daquela casta se pode fazer grande coisa e levaram o seu projecto adiante... os resultados começam a surgir, assiste-se a um despertar de mentalidades, de atenções para algo que surpreende, sem ter de investir muito... produções pequenas mas com garantia de qualidade. Aquilo que se devia pensar quando se faz vinho em Portugal, em vez de pensar no aumentar a produção para o dobro e depois afogarem-se em viagens ao estrangeiro a ver se despacham umas caixas pela Santa exportação... e enquanto isso acontece, os vinhos continuam por cá na mesma.
13 comentários:
tens o recente caso dos "monte cascas" que resgataram duas vinhas muito velhas, uma em colares e outra em almeirim e das quais fazem dois vinhos verdadeiramente diferentes.
alem da mente irrequieta do dirk niepoort com todos os seus projectos e de mais alguns produtores que merecem a atenção de quem gosta de bom vinho. é verdade que menos do que em espanha ou em italia, mas tambem somos mais pequenos...
Miguel, Dirk Niepoort já é bem conhecido e reconhecido... eu falo de projectos novos, coisas recentes que despontem pela qualidade com respectivo reconhecimento e procura dentro e se possível fora de portas. Na realidade Monte Cascas safou umas vinhas velhas e fizeram dois vinhos... mas falta todo o resto à sua volta, se ficassem apenas com os vinhos das vinhas velhas certamente teriam mais tempo para aprimorar a coisa, agora com tamanha gama acho que a atenção se dispersa muito e até em demasia...
E depois se tirarmos este caso, o que temos ? A desculpa do ser pequenos não impede que se peguem em vinhas velhas que ainda existem e se façam coisas com interesse... o problema é certamente falta de empenho e de génio criativo. Porque cá ninguém arrisca, ou porque não se sabe ou porque não se quer correr o risco de aprender e evoluir.
E fazer-se uma micro adega em que se pegam nuns 5 hectares de vinha dividida em várias parcelas com produções pequenas a rondar as 1000 ou 500 garrafas com matéria de qualidade, não será um investimento tão avultado como uma fábrica de vinho com 200 barricas mais 20 depósitos de inox e uma adega de luxo...
Para além disso, olhamos a montra de vinhos de Itália e Espanha de qualquer hiper, e em relação aos preços e imagem, ficamos cheios de curiosidade, e apetite de exprimentar...
Abraço
Pois é Pedro, mas também não entendo as razões que levam alguns produtores a mudarem rótulos que são quase património da enofilia nacional... onde é que já se viu os grandes vinhos do mundo mudarem o seu rótulo, a sua imagem perante a universalidade enófila ???
Ainda no outro dia ouvia atentamente um estrangeiro versado nestas "cousas" do vinho em que dizia claramente, em Portugal o vinho de mesa tal como o conhecemos nos dias de hoje nasceu na década de 90... não em 1890 mas sim em 1990... ora quando nascemos nós, já outros sabiam ler, escrever e até namoravam... portanto não é de estranhar que sejamos imaturos, gostemos do copianço fácil e descarado que se demonstra pela igualdade entre pares e por último, somos sempre os últimos a chegar a coisas que outros já dominam, e neste caso falo por exemplo da Biodinamica.
E o IVV deixa?
Se deixa ? Sobre a Biodinamica... já temos produtores em Portugal a adoptar essa norma, os extintos Quinta da Covela era bom exemplo.
João,
A título de exemplo: Quinta de Lemos, Quinta do Javali, os novos Douro da C. da Silva,...., mas se quiseres arranjo-te mais.
Em centenas, 2 ou 3 sou o mesmo que quase nada... mas sempre são uma gotinha num oceano.
Existe claramente um medo da e na mudança, é uma realidade que esmaga as ideias das nossas gentes... essse medo impossibilita o investimento noutros "alguéns" que nada comprovaram porque das portas não terem a "chave"!
Bem, sem querer formar um off-topic, digo em forma de desabafo, caro João de Carvalho, este post aplica-se os vinhos e os blogs de vinho portugueses.
E nesses paises, as jovens mentes irrequietas também lançam os primeiros topos de gama acima dos 35 euros (Ex: Quinta de Lemos, para usar um dos acima citados)? Ou, pelo contrário, dão uma chance às jovens carteiras irrequietas de alguns consumidores de poderem apostar neles e numa evolução sustentada? Se calhar estão com medo que não os levem a sério se o produto tiver uma relação Q-P dentro da razão...
Rui, nem todos os novos produtores lançam vinhos topos de gama acima dos 35€...
Estou visitando o site pela primeira vez e gostei bastante !
Já adicionei o site nos favoritos para estar acompanhando sempre as novidades !
Parabéns e Sucesso !
www.okamix.com.br
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