Durante um momento olhei de raspão pelas prateleiras cheias de vinho de um hipermercado, olhei e reparei que por ali é rara a garrafa de vinho que não tem um selo, um prémio, uma recomendação ou medalha lá colocada... em alguns casos mais parece uma doença contagiosa que se propagou em n prateleiras. Presumo que com o aperto da crise a necessidade de vender o vinho seja mais que muita, a necessidade de mostrar que o vinho foi premiado ou que algumas pessoas que o provaram entenderam que aquele sim era uma grande pomada. A urgência com que "olham" para nós e nos pedem para as levarmos para casa mete dó, em alguns casos chega a ser confuso a quantidade de papelinhos colocados onde a tonalidade varia entre o ouro, prata, bronze e outras cores... ou seja, fica-se sem a noção do real valor do vinho mesmo que em termos de concurso. Noutros casos temos os vinhos de 20€ com uma medalha de ouro igual à mesma medalha que o vinho do lado que custa 3,90€ ... e lá fica o consumidor todo feliz porque compra um vinho mais barato mas que tem "a mesma qualidade" do outro, afinal a medalha era a mesma.
No seguimento de tudo isto olhei e reparei num branco do Alentejo com a Medalha de Ouro dos Vinhos Engarrafados do Alentejo, costumo dar importância à Talha de Ouro esse sim o único concurso em Portugal que faço questão de comprar todos os vencedores, mesmo que não compre tento provar. Mas desta vez foi apenas o vencedor dos Engarrafados e foi um branco de nome Pousio 2010, da Herdade do Monte da Ribeira, um lote de Antão Vaz, Roupeiro e Arinto. Não me chegou a bater nos 4€ pelo que veio comigo para casa... no copo logo de início torceu-me o nariz, dei-lhe tempo e ele agradeceu, a fruta com ananás e citrino bem maduro com alguma frescura, depois leve calda, um toque de vegetal seco que lembra palha, ganha com a subida de temperatura algum arredondamento em nariz, flores amarelas e pouco mais. Na boca um pouco melhor mas nada demais, fica como entrou, arredondado com fruta gorda, sem sumo fresco ou final que se diga sim senhor, no geral é um branco que mostra alguma frescura, de fácil abordagem, que não complica e que nos deixa à míngua no final, faltando-lhe uma melhor prestação na boca. Quando olho para a medalha só apetece dizer, nem tudo o que brilha é ouro... 86 pts
2 comentários:
Provei este vinho, mais ou menos, no verão passado. Foi numa prova, apresentada pelo produtor da Herdade do Monte da Ribeira. Falou muito a descrever os vinhos. Mas quando provamos o Pousio branco (entre outros da mesma casa) e o vinho começou a falar por si, não me convenceu. O único ponto positivo é que o vinho não é caro. Mas mesmo assim, por este preço, tenho outras alternativas que me sabem melhor.
Estou em plena sintonia com o seu comentário.
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