Copo de 3: Alves de Sousa Reserva Pessoal branco 2004

08 março 2012

Alves de Sousa Reserva Pessoal branco 2004

Mais um branco a saltar para o copo, mais um dos meus favoritos desde sempre e que brilhantemente se impõe pela diferença, qualidade e perfil, neste caso o preço ajuda pois ronda os 18€. O Alves de Sousa Reserva Pessoal branco é um vinho diferente e muito especial, ao mesmo tempo desafiante e complicado para o apreciador mais incauto, não é vinho para todos pois não... é para aqueles que lhe sabem dar o valor imenso que tem e deixemos as pieguices de lado. Como dizia um amigo meu, é complicado explicar a grandiosidade deste branco por palavras, só provando se chega lá, menos complicado foi o encontrar parelha à mesa para o dito cujo. Neste caso e devido à complexidade aliada a uma boa dose de frescura não perdi muito tempo a pensar, é vinho para o Mar, bichos do mar com e sem casca, batata, cebola, salsa, caldo, redução, cozinhado lentamente para apurar o gosto, aquele toque de açafrão num misto de aromas e sabores que se conjuga "ao meu gosto" de forma genial com este branco, sim falo da caldeirada piscatória da zona Francesa de Provence, a belíssima Bouillabaisse que acompanhou a preceito este branco sério e estranhamente complexo.Curiosamente notei neste um pequeno afinar do estilo, mostrando um pouquinho menos aquilo que já foi noutras colheitas, o de 2005 mudou ainda mais, embora a filosofia por detrás seja a mesma há aqui um notório afinar da maquinaria.

Apresenta-se com 12,5%Vol., foi decantado uma hora antes e servido a uma temperatura que variou entre os 12ºC e os 14ºC , marca de imediato pela diferença pela tonalidade com laivos laranja que apresenta, não é tão "assustador" como por exemplo nas suas primeiras edições e até tem vindo a mudar essa sua faceta, mais adulto, mais afinado, direi que o fato cada vez lhe assenta melhor. Tudo começa num lote proveniente de vinhas velhas, adaptadas ao terroir, sem necessidades de estrangeirismos para se afirmarem, passa por madeira e depois deixa-se adormecer até chegar à nossa mesa, desmarca-se pela mesma diferença com que nos brinda no nariz, aromas frescos, limpos e fluídos, nada atabalhoado, flores amarelas bem vivas (azedas), aromas de infusão de flores, fruta amarela, tropical e citrinos, alguma laranja cristalizada com resinas a fazerem lembrar por algum instante um leve travo balsâmico e no fundo uma boa dose de mineralidade, a madeira pouco se dá por ela, contribui para suster o conjunto, arredondado sem nunca perder a frescura que é basilar no conjunto. Na boca é essa mesma frescura que guia durante toda a passagem, sente-se untuoso, fresco, carnudo, muito complexo e com boa amplitude, enche de sensações e sabores, fruto fresco e maduro em conjunto com algum fruto em calda, flores, mineral... a meio do palato um pouco de mel, depois é um prolongar de sensações durante largos segundos. Um autêntico rendilhado de sensações... 93 pts

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