É verdade que a prova temática, respectiva ao mês de Outubro não chegou a ser publicada, tudo se deve às provas especiais organizadas pela Revista de Vinhos, inseridas no programa deste ano do Encontro com Vinho e Sabores, motivo suficientemente forte pelo que optei por colocar como provas temáticas as duas provas especiais onde tive o prazer de participar.
Desta maneira a prova alusiva ao mês de Outubro será a Denominação de origem Dão 100 anos de grandes vinhos!, e a prova de Novembro os 100 Anos do Moscatel de Setúbal.
É no presente ano que se comemoram os 100 anos da Denominação de Origem do Dão, foi no passado dia 18 de Outubro que a data foi comemorada, mas têm sido vários os eventos alusivos à efeméride.
A Revista de Vinhos, organizou uma prova especial onde daria ênfase a essa mesma celebração, uma prova que foi guiada pelo director da Revista de Vinhos, Luís Ramos Lopes, responsável pela escolha dos vinhos em prova.
(na foto ao lado, a fantástica tonalidade do Centro de Estudo de Nelas 1963)
A introdução foi breve e focou essencialmente a história da região, com uma alusão quase que obrigatória sobre o Centro de Estudos Vitivinícolas do Dão (Centro de Estudo de Nelas).
O Centro de Estudo de Nelas, nasceu no ano de 1964 com a necessidade de se fazer um estudo mais detalhado sobre o vasto património de castas que o Dão tinha e tem actualmente.
É no ano de 1948, que se começa a dar atenção a uma casta branca, que tem vida difícil nos primeiros anos de vida, mas que se torna depois uma grande mais valia, conhecida pelo seu grande equilíbrio álcool/acidez, que lhe conferem características de bom envelhecimento, esta casta é a Encruzado.
Uma casta que seria olhada, contrariamente às restantes, como a única capaz de se dar bem em versão solitária/varietal, sendo a opinião que no Dão o vinho de lote terá sempre como mais valia o facto de poder aproveitar as características das várias castas que dele fazem parte.
Na foto ao lado pode-se reparar no cuidado que se tinha já naquela altura no Centro de Estudo de Nelas, em optar por colocar rolhas de alta qualidade, pois entendia-se que seriam (e são) um garante de longevidade para os vinhos. A prova que se segue disso é testemunha.
A primeira ronda de vinhos em prova, foi constituída por brancos, com destaque para os dois exemplares provenientes do CEN, ambos vinho de lote com a sua base a incidir claramente no Encruzado. Os restantes vinhos foram como que uma amostra do bom trabalho que se faz hoje em dia na região, apresentando-se 3 diferentes perfis para a mesma casta (Encruzado).
Irei colocar breves comentários sobre cada um dos vinhos, sendo que apenas os vinhos do Centro de Estudo de Nelas vão ter direito a nota de prova independente.
Desta maneira a prova alusiva ao mês de Outubro será a Denominação de origem Dão 100 anos de grandes vinhos!, e a prova de Novembro os 100 Anos do Moscatel de Setúbal.
É no presente ano que se comemoram os 100 anos da Denominação de Origem do Dão, foi no passado dia 18 de Outubro que a data foi comemorada, mas têm sido vários os eventos alusivos à efeméride.
A Revista de Vinhos, organizou uma prova especial onde daria ênfase a essa mesma celebração, uma prova que foi guiada pelo director da Revista de Vinhos, Luís Ramos Lopes, responsável pela escolha dos vinhos em prova.
(na foto ao lado, a fantástica tonalidade do Centro de Estudo de Nelas 1963)
A introdução foi breve e focou essencialmente a história da região, com uma alusão quase que obrigatória sobre o Centro de Estudos Vitivinícolas do Dão (Centro de Estudo de Nelas).
O Centro de Estudo de Nelas, nasceu no ano de 1964 com a necessidade de se fazer um estudo mais detalhado sobre o vasto património de castas que o Dão tinha e tem actualmente.
É no ano de 1948, que se começa a dar atenção a uma casta branca, que tem vida difícil nos primeiros anos de vida, mas que se torna depois uma grande mais valia, conhecida pelo seu grande equilíbrio álcool/acidez, que lhe conferem características de bom envelhecimento, esta casta é a Encruzado.
Uma casta que seria olhada, contrariamente às restantes, como a única capaz de se dar bem em versão solitária/varietal, sendo a opinião que no Dão o vinho de lote terá sempre como mais valia o facto de poder aproveitar as características das várias castas que dele fazem parte.
Na foto ao lado pode-se reparar no cuidado que se tinha já naquela altura no Centro de Estudo de Nelas, em optar por colocar rolhas de alta qualidade, pois entendia-se que seriam (e são) um garante de longevidade para os vinhos. A prova que se segue disso é testemunha.
A primeira ronda de vinhos em prova, foi constituída por brancos, com destaque para os dois exemplares provenientes do CEN, ambos vinho de lote com a sua base a incidir claramente no Encruzado. Os restantes vinhos foram como que uma amostra do bom trabalho que se faz hoje em dia na região, apresentando-se 3 diferentes perfis para a mesma casta (Encruzado).
Irei colocar breves comentários sobre cada um dos vinhos, sendo que apenas os vinhos do Centro de Estudo de Nelas vão ter direito a nota de prova independente.
Brancos:
Os dois primeiros brancos em prova foram o Centro de Estudo de Nelas 1964 e o Centro de Estudo de Nelas 1980 (foto ao lado).
O primeiro foi uma grata surpresa, um vinho que deu uma prova interessante mais pela idade e pelo que aporta na perspectiva didáctica do que propriamente pela qualidade em si, a destacar os seus 14% Vol. Já o 1980, fruto de um grande ano na região e também mais novo, apresentava-se de outra forma, mais jovem, mais fresco, com ligeiros toques petrolados e uma mineralidade muito interessante no final.
Se pudesse escolher uma garrafa para ter e beber com um pargo assado no forno, seria sem dúvida alguma o 1980.
Entrando naqueles que se podem denominar os novos brancos do Dão, começou-se com um belo exemplar de Malvasia Fina, o Quinta do Cerrado Malvasia Fina 2007, muito fresco, com notas florais e minerais a ampararem toda a fruta que dele faz parte. Uma casta que parece tem melhores resultados no Dão que no seu vizinho Douro.
De seguida entraram 3 vinhos em que se pretendia mostrar diferentes abordagens para uma mesma casta, a Encruzado, seriam servidos o Munda 2007, um vinho novo na região que claramente se mostra marcado pela madeira onde fermentou, mas não uma madeira pesada e dominadora, é mais uma madeira que envolve a fruta, muita baunilha, tosta, amanteigado e a sentir-se toda a frescura e jovialidade do Encruzado lá ao fundo. Já o Quinta dos Roques Encruzado 2007 é um clássico dos vinhos do Dão e uma referência a nível nacional no que toca a brancos, e um dos meus brancos de eleição, por todo o seu conjunto e harmonia entre acidez, alcool e o toque ligeiro de madeira que lhe aporta aquela complexidade suave e ligeira mas que lhe assenta que nem uma luva, mas sempre com uma mineralidade muito viva e presente. Por último o Condessa de Santar 2007, onde se junta ao Encruzado a casta Cerceal, resultante um conjunto que lembra um cocktail de fruta fresca com toque floral, uma boa dose de perfume, com a presença da madeira a dar polimento a um conjunto de grande nível e finura.
De seguida entraram 3 vinhos em que se pretendia mostrar diferentes abordagens para uma mesma casta, a Encruzado, seriam servidos o Munda 2007, um vinho novo na região que claramente se mostra marcado pela madeira onde fermentou, mas não uma madeira pesada e dominadora, é mais uma madeira que envolve a fruta, muita baunilha, tosta, amanteigado e a sentir-se toda a frescura e jovialidade do Encruzado lá ao fundo. Já o Quinta dos Roques Encruzado 2007 é um clássico dos vinhos do Dão e uma referência a nível nacional no que toca a brancos, e um dos meus brancos de eleição, por todo o seu conjunto e harmonia entre acidez, alcool e o toque ligeiro de madeira que lhe aporta aquela complexidade suave e ligeira mas que lhe assenta que nem uma luva, mas sempre com uma mineralidade muito viva e presente. Por último o Condessa de Santar 2007, onde se junta ao Encruzado a casta Cerceal, resultante um conjunto que lembra um cocktail de fruta fresca com toque floral, uma boa dose de perfume, com a presença da madeira a dar polimento a um conjunto de grande nível e finura.
Tintos:
A prova teve início com dois vinhos de respeito, pela sua história e pela sua idade, o primeiro foi o Centro de Estudo de Nelas 1963, um vinho marcante por tudo aquilo que tem (reparem que podia ter escrito ''ainda tem''). Apresentado com pompa e circunstancia pelo orador de serviço, este vinho foi capaz de mexer com tudo aquilo que eu não estava ou talvez estivesse à espera para um vinho com 45 anos de vida. A realçar toda a sua acidez, mostrando-se alguma fruta ainda presente, rodeada de toques de verniz, com a tonalidade que apresenta sem uma marca muito pesada dos seus 45 anos de idade, um vinho marcante bem mais pelo seu lado didáctico do que pelas virtudes apresentadas. Nota curiosa com o álcool a fugir dos tão aclamados 12,5% para uns 15,4% Vol (que durante a prova nem sinal deles). O segundo vinho seria um autêntico clássico da região e dos vinhos antigos de Portugal, falo do Porta de Cavaleiros Reserva 1970, um vinho que pela tonalidade bem mais atijolada se mostrava uma mais clara passagem do tempo. Mesmo a nível de aromas e prova de boca, o vinho em comparação com o anterior mostrava-se já, bem mais desgastado, com menos para dizer, mas mesmo assim com uma forma bastante respeitável para os seus 38 anos.
Deu-se passagem para dois varietais, um Quinta dos Carvalhais - Tinta Roriz 1998, fino, fresco e bastante elegante, invocando nos seus aromas claramente a casta, mas com todo o background característico dos vinhos do Dão. O segundo varietal foi o Quinta das Maias - Jaen 1997, que impressionou pela exuberância farta no nariz, uns toques adocicados, semelhante a uma tarde de iogurte com frutos silvestres, e o rol de aromas desfilava no copo cada vez mais e melhor, o que me leva pessoalmente a gostar mais deste Jaen que do Tinta Roriz.
O seguinte lote de vinhos servido não foi completamente provado (Quinta das Marias Garrafeira 2005, Paço dos Cunhas de Santar - Vinha do Contador e Carrossel - Álvaro Castro ), pois por ter outros compromissos e com uma prova tão extensa no tempo tornou-se impossível permanecer até ao final da mesma. Fiquei-me pela prova do Quinta da Garrida Reserva Touriga Nacional 2005, que deu um salto qualitativo (parece que em preço também) enorme em relação às colheitas anteriores. É talvez um dos melhores exemplares de Touriga Nacional que tenho provado nos últimos tempos, jovem, cheio de garra, a transbordar aromas pelo copo fora, transpira exuberância e frescura. É daqueles vinhos que é uma flor de cheiro, mas na boca confirma tudo aquilo que poderiamos esperar ou querer que fosse, e ele consegue ser, firme, cheio, redondo, fresco e bastante equilibrado, um Touriga Nacional no seu melhor.
Em geito de despedida, o centenário Dão está de parabéns, é cada vez mais uma região que aprecio, pelos seus brancos frescos e minerais, marcados pela terra que os vê nascer, e tintos capazes de mostrar uma elegância entre fruta, acidez e alcool muito boa. O melhor de tudo isto é que os exemplos de evolução ao longo do tempo são muito positivos o que nos retira o medo de poder deixar alguma garrafa esquecida na garrafeira por muito tempo.
A prova teve início com dois vinhos de respeito, pela sua história e pela sua idade, o primeiro foi o Centro de Estudo de Nelas 1963, um vinho marcante por tudo aquilo que tem (reparem que podia ter escrito ''ainda tem''). Apresentado com pompa e circunstancia pelo orador de serviço, este vinho foi capaz de mexer com tudo aquilo que eu não estava ou talvez estivesse à espera para um vinho com 45 anos de vida. A realçar toda a sua acidez, mostrando-se alguma fruta ainda presente, rodeada de toques de verniz, com a tonalidade que apresenta sem uma marca muito pesada dos seus 45 anos de idade, um vinho marcante bem mais pelo seu lado didáctico do que pelas virtudes apresentadas. Nota curiosa com o álcool a fugir dos tão aclamados 12,5% para uns 15,4% Vol (que durante a prova nem sinal deles). O segundo vinho seria um autêntico clássico da região e dos vinhos antigos de Portugal, falo do Porta de Cavaleiros Reserva 1970, um vinho que pela tonalidade bem mais atijolada se mostrava uma mais clara passagem do tempo. Mesmo a nível de aromas e prova de boca, o vinho em comparação com o anterior mostrava-se já, bem mais desgastado, com menos para dizer, mas mesmo assim com uma forma bastante respeitável para os seus 38 anos.
Deu-se passagem para dois varietais, um Quinta dos Carvalhais - Tinta Roriz 1998, fino, fresco e bastante elegante, invocando nos seus aromas claramente a casta, mas com todo o background característico dos vinhos do Dão. O segundo varietal foi o Quinta das Maias - Jaen 1997, que impressionou pela exuberância farta no nariz, uns toques adocicados, semelhante a uma tarde de iogurte com frutos silvestres, e o rol de aromas desfilava no copo cada vez mais e melhor, o que me leva pessoalmente a gostar mais deste Jaen que do Tinta Roriz.
O seguinte lote de vinhos servido não foi completamente provado (Quinta das Marias Garrafeira 2005, Paço dos Cunhas de Santar - Vinha do Contador e Carrossel - Álvaro Castro ), pois por ter outros compromissos e com uma prova tão extensa no tempo tornou-se impossível permanecer até ao final da mesma. Fiquei-me pela prova do Quinta da Garrida Reserva Touriga Nacional 2005, que deu um salto qualitativo (parece que em preço também) enorme em relação às colheitas anteriores. É talvez um dos melhores exemplares de Touriga Nacional que tenho provado nos últimos tempos, jovem, cheio de garra, a transbordar aromas pelo copo fora, transpira exuberância e frescura. É daqueles vinhos que é uma flor de cheiro, mas na boca confirma tudo aquilo que poderiamos esperar ou querer que fosse, e ele consegue ser, firme, cheio, redondo, fresco e bastante equilibrado, um Touriga Nacional no seu melhor.
Em geito de despedida, o centenário Dão está de parabéns, é cada vez mais uma região que aprecio, pelos seus brancos frescos e minerais, marcados pela terra que os vê nascer, e tintos capazes de mostrar uma elegância entre fruta, acidez e alcool muito boa. O melhor de tudo isto é que os exemplos de evolução ao longo do tempo são muito positivos o que nos retira o medo de poder deixar alguma garrafa esquecida na garrafeira por muito tempo.
1 comentário:
Excelente artigo! Gostava de provar esse tinto de 63!!
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