Copo de 3: Pêra Manca branco 2006

04 junho 2009

Pêra Manca branco 2006

Este clássico do Alentejo, é produzido em Évora na Adega da Cartuxa desde o ano 1990, tal como o seu parente tinto. São vinhos que souberam ganhar ao longo dos anos uma elevada cotação no mercado, dada a consistência da qualidade que apresentam durante a passagem das várias colheitas. O certo secretismo que envolve ainda hoje o saber se determinado ano é destinado a Pêra Manca ou não, adensou ainda mais o respeito e admiração pelo vinho, tornando-se objecto de culto a nível nacional, e também com a consequente procura de que é alvo, num dos mais caros vinhos de mesa português.
A versão branco sempre ficou um pouco na sombra dos holofotes do tinto, o que nem assim lhe tira todo o mérito conquistado ao longo dos anos, mostrando-se sempre com uma boa apetência para uma guarda prolongada em garrafeira.
O tradicional lote Antão Vaz/Arinto foi o adoptado por este vinho, talvez seja este vinho o fiel exemplo do bom entendimento entre as duas castas, sendo que nos primeiros anos se viram afastadas de qualquer contacto com madeira, coisa que viria a mudar com a mudança da equipa enológica e mesmo com a mudança de visual, a nível de garrafa e mesmo de rótulo.

Pêra Manca branco 2006
Castas: Antão Vaz e Arinto - Estágio:
10 a 12 meses em carvalho francês com 6 meses em garrafa - 13,5% Vol.

Tonalidade amarelo citrino médio com toque amarelo palha.

Nariz a apresentar leve frutado com citrinos (limão,lima), fruta amarela e branca (pêssego, alperce, melão), tropical (banana), tudo em pendor fresco. Aromas discretos que nos levam a uma fragrância floral (flores brancas) e algum vegetal fresco (erva cortada). A madeira (baunilha, torrada) presente mostra-se em belíssima sintonia com todo o conjunto, num todo que ganha ligeira complexidade com o tempo num spa/copo adequado.

Boca de estrutura moderada, acidez presente a conferir frescura média, suave cremosidade/arredondado conferida pela madeira com notas frutadas ao nível do nariz (pêssego, limão). Sem grande espacialidade, mostra-se suave com toque de vegetal fresco e algum mineral em final de boca mediano. Na boca parece que lhe falta um pouco mais de presença, a passagem é algo fugaz e repentina com o final a mostrar ser um pouco melhor, terminando em trilho mineral.

Duas garrafas provadas e sinceramente esperava-se algo mais, a culpa será do ano certamente, quem acompanha de perto as colheitas deste vinho saberá entender o que quero dizer. Notei neste 2006 um conjunto delicado e algo apático, com alguma falta de presença na maneira como se expressa, o suficiente para não poder considerar todo o conjunto como Muito Bom, porque para o ser precisava de mostrar-se um pouco melhor a todos os níveis. Nariz delicada é certo mas com pouca definição nos aromas, a transmitir uma falta de motivação a nível de boca, que para um vinho deste suposto nível, resulta caro (preço entre os 18 e 27€) para aquilo que oferece ao consumidor. É um Pêra Manca armado em menino birrento que me deixou desiludido com a sua prestação
15,5

4 comentários:

Transparente disse...

Deve estar a ultrapassar um afase meio parva. Porvei-o há ceca de meio ano e estava muito bom.

João de Carvalho disse...

Será fase meio parva, será falta de mais qualquer coisa ou será mesmo declínio ?

Anónimo disse...

Do ano não será certamente, o joaquim Madeira é do mesmo ano, colhido a 20kms de distância e é óptimo. Será o facilitismo de dar o nome de
Pera Manca a um vinho que n merece?
C
J Freitas

João de Carvalho disse...

Acho que o Joaquim Madeira Branco 2006 é uma das tais excepções que se destacaram da mediocridade da colheita de 2006 ?

 
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