Para muita gente o simples pensar em verter um qualquer vinho estrangeiro no copo parece algo de pecaminoso, para outros tantos que batem com a mãozinha no peito o vinho estrangeiro apenas é um elemento decorativo do mundo enófilo, no entanto e para os mais distraídos da coisa aviso que há vida lá fora, que alarguem horizontes mesmo quando os têm toldados pelo limite imposto das montanhas, faz bem e recomenda-se mudar de ares e de sabores para que o bafio não nos tolde o pensamento, porque tal como na gastronomia, o mundo do vinho não acaba ali na fronteira. Do Chile grande parte do que tenho bebido enjoa-me, aromas e sabores demasiadamente adocicados e carregados de toques demasiadamente apelativos, quase sempre com um charme pouco natural, direi mesmo forçado. Os que me têm chamado a atenção, poucos, têm aqui vindo parar e o Los Boldos Amalia (Chateau Los Boldos, comprada pela Sogrape em 2008) é mais um desses que merece destaque pela qualidade que mostrou
O vinho tem nome da vila (Santa Amalia) onde se situam as vinhas e a adega que lhe dão origem, o lote é de inspiração Europeia como a grande maioria dos grandes vinhos que são aqui feitos, 60% Syrah, 30% Cabernet Sauvignon e 10% Carmenere. O vinho é escuro, carregado e profundo, bonito, com aroma coeso e apertado de aromas, bastante especiado com notas de madeira a marcar o vinho, ainda balsâmico e algum toque mais vegetal. Fruta toda ela muito madura, em tons escuros, com as bagas a tomar conta da ocorrência, a frescura é muito boa e mistura-se com a brisa floral que percorre todos os cantos do copo, lavanda, alfazema e violetas. Na boca entra fresco, com volume, conquistador, arredondado com explosão de sabores, pimenta preta, hortelã e fruta gulosa, baunilha, no fundo ainda taninos por acomodar. Um vinho guloso mas sem exagerar, elegante, com bom balanço entre partes, complexo e empolgante, certamente diferente do que se está acostumado por cá. 92pts
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