Copo de 3: Clos de los Siete 2004

29 março 2010

Clos de los Siete 2004

É de Mendoza (Argentina) que chega o vinho em prova, fruto de um projecto chamado "Campo de Vista Flores" do qual Los Siete faz parte. Escolheu-se uma área de 850 hectares ao sul de Mendoza, solos de areia, barro, com calhau e onde apenas metade da área está plantada com domínio da casta Malbec com metade da plantação, Cabernet Sauvignon e Merlot arrebatam 17% cada uma e a Syrah 16%. A totalidade da área foi posteriormente dividida em sete parcelas, uma para cada um dos sócios (parece que já não são sete mas sim seis) com alta densidade no que a vinha diz respeito (5500 plantas por ha) sendo a vinha tratada com todos os mimos tal como se fosse em Bordéus. Cada um dos sócios tem a sua própria adega, vinha, e equipa enológica respectiva... mas é Michel Rolland que domina todo o conjunto e é também Michel Rolland que elabora o blend final utilizando vários lotes de cada um dos 7 produtores, uma maneira de aumentar a complexidade e individualidade a cada um dos vinhos em separado e que obviamente dá mais complexidade ao lote final.

Clos de los Siete 2004
Castas: 50% Malbec, 30% Merlot, 10% Cabernet Sauvignon, 10% Syrah - Estágio: 11 meses em carvalho Francês novo (2/3) e restante (1/3) em inox - 15,2% Vol.

Tonalidade ruby escuro de concentração média/alta.

Nariz cativante e de boa concentração, direi até de agrado fácil tal a maneira descarada como se mostra, num conjunto arredondado com boa intensidade, dominado grande parte do tempo por notas de fruta negra e vermelha (cereja, amora, framboesa) bem madura, alguma ponta de sobre maturação com compota que lhe confere doçura moderada. Madeira presente, baunilha, envolvência com alguma cremosidade mas muito mais para o lado da geleia do que do batido de Mocha, bem embrenhada com a fruta, fina complexidade com torrado, pimenta preta, leve terroso/mineral em fundo. Pelo meio e quase como coluna central, tem uma aragem fresca que contrabalança com o peso/doçura da fruta.

Boca com boa amplitude, peca a meu ver na falta de um pouco mais de profundidade (de igual modo no nariz) e mesmo de uma estrutura suficiente para amparar tanta fruta que se mostra aqui na mesma forma concentrada que mostrou no nariz. Compotas, especiaria, novamente fruta e cacau, com taninos a conferirem ligeira secura final num vinho que fica a meio caminho entre o equilíbrio e a força bruta, em final de boa persistência. Apesar da frescura não deixa de ter um pendor mais "adocicado" para o meu gosto, com o álcool a passar completamente despercebido ou direi maquilhado ?!?

É um vinho muito bem feito, muito apetecível e de fácil agrado pela forma provocante como se manifesta durante toda a prova, tem aquele perfil que muitos chamam de jammy. Contudo não me cativou o suficiente, tornando-se ligeiramente repetitivo passado algum tempo dentro do copo... este é a meu ver o mal destes vinhos, não conseguem ter uma conversa que dure toda uma refeição, cativam apenas durante o início mas passado 15 minutos já ninguém os consegue aturar. Merece a pena ser conhecido, ser provado e discutido entre amigos, para vinhos made by Rolland fico sem sombra de dúvidas com Château Le Bon Pasteur. 16 - 90 pts

1 comentário:

Abílio Neto disse...

João,

Só um detalhe, esqueceste de mencionar um factor relevante para enofilia, acho, o factor L, de longevidade. Para 04, muito fresco.

Abr.,

An

 
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