Desde o séc.XVI que, no vale do Douro, no limite da "zona granítica" (região dos V. Verdes) e na fronteira com a região dos Vinhos do Porto, se situa a Quinta de Covela: belo anfiteatro exposto a sul, a baixa altitude e sobranceiro ao rio Douro. Tem um pé em S.Tomé de Covelas e outro em Santa Cruz do Douro (Tormes), lindíssimas freguesias deste "Baixo Douro" (in "O DOURO ILLUSTRADO", Visconde de Villa Maior, 1876).
Esta é possívelmente uma boa forma de apresentar a Quinta da Covela, comprada à Ramos Pinto pelo seu actual proprietário, Nuno Araújo.
A Quinta da Covela é composta por 34 ha, dos quais 19 ha são de vinha, envoltos por um micro-clima muito específico, rodeado de sobreiros e medronheiros, e assentes num solo franco-arenoso granítico, com afloramentos argilosos. Mais uma vez a natureza calcária a ser ''mãe'' de bons filhos. As castas que podemos encontrar vão desde a Touriga Nacional, Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Merlot Noir e Sirah, nas tintas. E Avesso, Chardonnay, Chenin, Gewuerztraminer, Semillon e Viognier, nas brancas. De todas estas, a Avesso e a Touriga Nacional foram escolhidas como "traves-mestra" para os vinhos brancos e tintos. O objectivo de Nuno Araújo é:
«Produzir vinhos que tenham uma correcta expressão do terroir, sendo totalmente livres de químicos de síntese e assim privilegiando a protecção do ambiente, dos trabalhadores da Quinta e dos consumidores»
Desde o início, praticou-se na Quinta uma viticultura em regime de Protecção Integrada, posteriormente convertida para Agricultura Biológica (certificada ECOCERT); actualmente encontra-se em conversão para Bio-dinâmica. É fundador da Independent Winegrowers´Association, IWA e tem o mérito de ser o primeiro produtor português a ser aceite no prestigiado grupo ''Renaissance des Appellations'', liderado pelo guru da bio-dinâmica, Nicolas Joly.
Em 1992 foi engarrafado o primeiro branco Regional Rios do Minho, com marca Campo Novo (alterada para Quinta de Covela em 1994) e em 1994, engarrafado o primeiro COVELA tinto. Em prova o branco Covela Escolha 2006:
Castas: Avesso, Chardonnay, Gewuerztraminer - Estágio: cubas de aço inoxidável - 13,5% Vol.
Tonalidade amarelo citrino de ligeiro retoque dourado.
Nariz muito limpo de aromas, mostra uma grande pureza na fruta madura e sumarenta (citrinos, tropical, melão, alperce) com muita qualidade e expressividade, ao lado de um bouquet floral (malmequer, rosas) pequeno mas bem composto. Sente-se um conjunto fresco, besuntado ao de leve com fina geleia, num predomínio mineral de segundo plano.
Boca que se apresenta ao nível da prova de nariz, complementa-se, a fruta marca mais uma vez grande presença num conjunto com acidez revigorante, sabores limpos e frescos, onde a mineralidade marca boa presença. Harmonioso, redondo e de boa espacialidade, passagem viva em final de bela persistência, seco e de nuance ligeiramente vegetal fresco/mineral.
Foi a última garrafa que tinha deste 2006, no mercado já se encontra o Escolha 2007 e vontade não me falta para comprar umas garrafas. É um branco refrescante, com plena harmonia entre mineralidade e fruta, e um grande companheiro para a mesa. Já foi provado em Magnum com excelente companhia de amigos e umas belíssimas ameijoas, o resultado é sempre de aplaudir. Um dos grandes brancos nacionais sem qualquer margem de dúvida e que passa muitas vezes despercebido sem o merecer.
16,5
1 comentário:
«Produzir vinhos que tenham uma correcta expressão do terroir, sendo totalmente livres de químicos de síntese e assim privilegiando a protecção do ambiente, dos trabalhadores da Quinta e dos consumidores»
Esta é uma das frases que todas as empresas, pelo menos aqui no Dão deviam seguir. Produzir vinhos com terroir e não vinhos tecnológicos (vinhos modernos, com apenas aromas banais)...
Abraços
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