Copo de 3: ALONSO DEL YERRO 2007

15 fevereiro 2010

ALONSO DEL YERRO 2007

O projecto que passo a apresentar para os mais distraídos, e mesmo aqueles mais atentos é normal que lhes tenha passado ao lado, está situado na vizinha Espanha, mais propriamente na prestigiada região da Ribera del Duero. Um projecto muito especial, eu pelo menos tenho tido a sorte de o ir conhecendo desde os primeiros lançamentos e são vinhos apaixonantes. Tudo começa na Finca Santa Marta, situada em Roa (Burgos, D.O. Ribera del Duero) com o casal Javier Alonso e María del Yerro, que em 2002 criam os Viñedos Alonso del Yerro. Um projecto assente numa filosofia muito própria baseada na importância da vinha, em que o objectivo é produzir vinhos distintos e com um critério de máxima qualidade. No total dispõem de 26,5 ha de vinha plantada em 1989 e situada entre os 800 e 840 metros de altitude, repartida por 4 parcelas cujos nomes são os dos filhos do casal, e tendo a perfeita noção de que iriam precisar de uma equipa de excelentes profissionais, foram buscar a assessoria do prestigiado enólogo Francês, Stephane Derenoncourt (La Mondotte, Château Canon La Gaffelière, Domaine de L´A... ) e dada a grande importância que dão à vinha, pediram um estudo exaustivo dos solos das parcelas que possuem. Deste estudo verificou-se que nas 4 parcelas existiam 6 tipos de solo bem diferenciados pelo que das 4 parcelas iniciais ficaram no total com 27 sub-parcelas de vinha. Em 2004 começam a trabalhar com um dos grandes especialistas do mundo no que toca a terroirs, Claude Bourguignon (Romanée Conti, Leflaive, Ausone, Dujac, Drouhin, Selosse, Graillot, Beaucastel, Dagueneau, Vega Sicilia...), formando assim uma equipa de luxo em que o vinho se começa a desenhar no próprio solo e na própria vinha.

"Dedicamos nuestro proyecto a todos aquellos que se atreven a soñar y a todos los que poseen el conocimiento, la generosidad y el corazón para ayudar a otros a alcanzar sus sueños."

O resultado final são vinhos de elevada qualidade, fruto de uma enorme dedicação e procura pela mais alta qualidade. Mistura-se a tudo isto, valores como a amizade, respeito pelo meio ambiente, talento, conhecimento, experiência, a procura da excelência, a paixão pelo vinho e temos como resultado vinhos que não nos deixam indiferentes e que acima de tudo conquistam quem neles aposta.

Alonso del Yerro 2007
Castas: 100% Tempranillo - Estágio: 12 meses em carvalho francês - 14,5% Vol.

Tonalidade granada escuro de concentração média/alta.

Nariz com aroma de boa complexidade e intensidade, conquista de imediato pela diferença e pela elegância, frescura, a fruta em tons de vermelho sente-se madura mas fora daqueles jogos compotados ou de querer entrar nesses jogos que nunca auguram nada de bom. Aqui a conversa é outra e sente-se fruta vermelha fresca e bem madura, entusiasma na boa profundidade com a madeira muito bem trabalhada, sábias mãos, sem exageros talvez um pouco presente mas nada que o tempo não cure, pede um prato mais puxado para não se fazer notar tanto, sim é vinho de mesa e de muitos amigos à sua volta. Especiarias finas, cacau, algum floral, mineralidade suave e delicada em fundo, com aquele aroma de "regaliz" que tanto gosto.

Boca a mostrar conjunto com uma bela estrutura, muito no encontro do encontrado no nariz, fruta vermelha madura e fresca com toque floral, especiaria ligeira e a barrica aqui bem mais integrada, o suficiente para o vinho dar uma prova de boca bastante agradável desde já. Complexidade, frescura, fruta madura bem delineada, barrica a dar amparo a todo o conjunto, tem uma boa espacialidade, bebe-se com muito prazer e sobretudo tem pernas para andar. Nota-se claramente um vinho que foge das tentações da concentração que alguns dos novos Ribera del Duero seguem teimosamente, para se notar aqui um registo mais na elegância. A sua persistência é média/alta num vinho que recomendo vivamente.

A produção deverá rondar as 60.000 garrafas, o preço mais que justo a que se pode comprar ronda os 20€ mas é uma aposta segura num vinho com qualidade bem acima da média e de acentuada componente gastronómica. O produtor em causa ainda tem o topo de gama da casa, Alonso del Yerro Maria, cujo preço será ligeiramente mais do dobro, mas a qualidade e o prazer são bem proporcionais. Um vinho que foi muito cuidado mesmo antes de nascer, em que tudo foi cuidadosamente planeado e pensado, e os resultados estão à distância de um copo. 17 - 92 pts

2 comentários:

Pratos de Ouro disse...

A importância dada à vinha na nossa vizinha Espanha é incrível. As empresas produtoras gastam dinheiro para que possam ter os melhores técnicos, seja na vinha, seja na adega. Além disso, o conhecimento do solo é fundamental e estes produtores levam-no muito a sério como deu para entender pelo teu bom texto, se cabe a mim poder “criticá-lo”. Conhecendo o solo, conhecesse o produto que de lá irá sair, e o posterior vinho.

Destaco e acho curioso também, que um vinho com tantos cuidados como este e com uma consultadoria a nível de vinha e adega tão especial, em Portugal seguramente iria para preços elevados ou impraticáveis, mas como vejo, o preço é coisa que não assusta para tanta qualidade.

João, forte abraço

Abílio Neto disse...

JP,

Totalmente de acordo com a tua nota de prova. É um grande vinho. De uma limpeza e elegância extremas.

Abr.,

An

 
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