Copo de 3: Arrayan Petit Verdot 2005

18 abril 2011

Arrayan Petit Verdot 2005

Se há coisa que enjoa é o cair sistematicamente na asneira de tentar fazer-se em Portugal aquilo que não se consegue fazer ou por natureza ou porque na adega tudo não passou de um alegre experimento enológico que o papalvo do consumidor bebe sem reclamar... grande parte nem sabe o que bebe, acontece porque lhe dizem que é muito bom quando não é. Neste punhado de vinhos mutantes pejados de distorções da realidade natural das coisas, encontramos essencialmente os Viognier, Sauvignon Blanc ou mesmo Petit Verdot made in Portugal, com algumas raras excepções, muito raras mesmo. Dizer que se fazem grandes vinhos extreme destas castas em Portugal, é o mesmo que dizer que o Sócrates fez um belíssimo trabalho enquanto Primeiro Ministro. Dito isto passo a falar de um varietal de uma casta que muito gosto a solo, Petit Verdot, e desta vez vem ali da zona de Toledo. O produtor já falei dele anteriormente, e o vinho em si nada tem que ver com os exemplares feitos em Portugal, talvez aquele que mais gostei até tenha sido o Dona Maria Petit Verdot e mesmo o que mais se aproxima do nível deste Arrayan. Neste caso tivemos direito a 12 meses em carvalho francês mais 12 meses em garrafa com preço a rondar os 15€, direi que mais que justo e de muito boa RPQ.

E porque gosto eu mais desde Arrayan Petit Verdot do que dos Petit Verdot feitos em Portugal ? A resposta torna-se simples quando neste vinho se sente acima de tudo a fruta fresca e uma intensidade com pureza associada, enjoado que estou de vinhos pesados e com excesso de frutose em destaque. E nem mesmo no meio do calor e da secura daquelas paragens o vinho se perde, ainda bem, nariz amplo, fresco e perfumado, com a fruta madura sem excessos, é madura e ponto, suculenta mas fresca com toque ao de leve de doçura, com fruta vermelha em destaque na ameixa, cereja e amora. Cativante com barrica no ponto harmonioso, toque especiaria com fumados da barrica ladeados pelos bálsamos vegetais e o toque de chá verde, aquele vegetal seco, tabaco, caruma, o tal toque verdot... Na boca entra de forma fresca e frutada, esmaga-se a fruta e entramos com essa sensação no restante conjunto, tudo isto com uma boa amplitude e intensidade, direi bastante sólido no que tem a dizer apesar da gentileza como o mostra, levemente arredondado nos cantos com ar fresco, cacau, especiaria e novamente a pimenta verde, o toque de vegetal em bálsamo, a caruma do pinheiro e uns taninos a dar secura... num final longo e persistente. A harmonia entre nariz e boca é muito boa, o vinho bebe-se sem dar conta e no final de uma refeição será certamente esta uma das garrafas que está no fim.  16,5 - 91 pts

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