Estamos por Córdoba, na Sierra de Montilla Moriles, mais propriamente no reino da casta branca Pedro Ximénez, aqui os vinhos pertencem à D.O. de Montilla-Moriles. Apesar de os seus vinhos se confundirem com os de Jerez, as diferenças entre ambos são bastante claras: enquanto o de Jerez é um vinho de aroma a lembrar azeitona, por vezes salino e seco, o de Montilla-Moriles desenvolve outros aromas como tomilho, rosmaninho... No paladar são vinhos que recordam a avelã, enquanto os de Jerez tem um gosto mais amendoado, com os finos de Montilla a apresentarem mais corpo e mais oleosidade, menos secos, com uma baixa acidez e um final típico amargo e algo rústico. O solo onde as vinhas estão colocadas, neste caso são as famosas Albarizas, solos ricos em carbonato de cálcio, pobres em matéria orgânica natural, pouco férteis, composição mineralógica simples (calcário e sílica) e com alta capacidade de reter a humidade(30%).
O vinho de que falo é das Bodegas Alvear, já passaram quase 3 séculos, desde que o primeiro Alvear, Juan, originário do município navarro de Nájera, fosse morar para a cidade de Córdoba para desempenhar funções a nível de economia local. Mas seria o seu filho, Diego de Alvear y Escalera que em 1729 se muda para Montilla onde nasce a sua paixão pela vinha e pelo vinho, onde iria fundar a Bodega Alvear (a mais antiga da Andaluzia). Diego iria buscar à Argentina o seu capataz de confiança de nome Carlos Billanueva, que marcava com as suas iniciais (C.B.) os melhores vinhos provenientes da serra. Foi desta forma que se foi criando o "estilo" Alvear, pleno de moderação e homogeneidade nos seus traços, todavia presentes no Fino C.B. a marca centenária e mais conhecida deste prestigiado produtor.
Um 100% Pedro Ximénez, uva que se por um lado quando passificada ao sol cria verdadeiros blocos de doçura e complexidade, como o vinho doce natural Alvear Pedro Ximenez de Anada, por outro lado cria da categoria Generosos vinhos únicos e tão peculiares como os Fino, Amontillado, Oloroso ou Palo Cortado. No copo tenho o Alvear Fino C.B. servido a coisa de 7,5ºC enquanto trinco umas azeitonas, os seus 15% são alcançados de forma natural e tem um estágio de mais de 5 anos em botas de carvalho americano no tradicional sistema de criaderas e soleras.
O vinho em si é muito diferente do que normalmente se costuma encontrar no copo, direi mesmo que é único no estilo, inimitável até mesmo pelo terroir que lhe dá origem. O seu aroma é o que considero pungente, de boa complexidade, frutos secos torrados, iodo, erva de cheiro, toque característico de levedura, as madeiras velhas dão o seu contributo, flores brancas. Na boca é fresco, entra forte com toque de avelã salgada e ao mesmo tempo com untuosidade, mineral com toque de levedura, depois torna-se mais fino, mais mineral, alguma levedura com frutinha (maçã verde) num final longo e marcante. O equilíbrio de todo o conjunto é muito bom, os 15% não se notam em nada com a acidez a fazer de contrapeso de forma brilhante. O preço rondará os 4-5€ e deve ser sempre servido entre os 7 e 8ºC, a acompanhar entradas, marisco, tapas ou por exemplo um sangacho de atum. 91 pts
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