Escrevo sobre um dos produtores que tenho tido o prazer e privilégio de seguir desde que surgiu no mercado, as ligações ao mundo do vinho na família Serrano Mira vem de longe, mas os dois irmãos, Carlos e Luís, decidiram que queriam um projecto só deles, fazer as coisas à sua maneira e avançaram com a Herdade das Servas bem perto de Estremoz. Nunca escondi que sou amigo dos donos, o enólogo Tiago Garcia embora mais novo que eu andou na mesma escola e ali na Herdade das Servas sempre fui muito bem recebido, o bem receber é norma naquela casa.
Em 2003 lançaram um excelente Touriga Nacional, a evolução do mesmo até aos dias de hoje tem sido notável e arrisco a dizer que foi o melhor Touriga Nacional das Servas até à data, pena já ter poucas garrafas, mas nota-se que a enologia também tem vindo a refinar com os anos e com a experiência acumulada, ganharam muito com a subida do enólogo Tiago Garcia de residente para principal, um reconhecimento mais que meritório de um profissional que a solo tem seguido um rumo que eu gosto, vinhos menos pastosos, menos carregados, mais frescos e harmoniosos, afinal é o rumo natural da vida a pender para a harmonia e serenidade. Em 2006 um ano dito menos bom, ali também se fez Touriga Nacional, o mesmo que agora falo, um vinho que arrisco dizer foi o quebrar de um elo que ali morou, o rótulo também mudou... sim o novo Touriga 2008 é diferente e encaixa no que já disse lá atrás e falarei dele noutra altura.
No seguimento das anteriores colheitas é um vinho pujante e concentrado, sem cair em exageros que o possam tornar em algum momento enjoativo. No primeiro instante mostra toda a sua força e energia, fruta negra fresca e bem madura (leve toque doce da mesma), compacto, madeira ainda a dizer que não arranjou lugar para se acomodar, liberta bálsamo com toques de baunilha que se misturam com ligeira violeta e pimenta preta em fundo. Na boca é um vinho cheio, vigoroso e com estrutura sólida que lhe dá largos anos de vida, taninos ainda presentes sem incomodar grande coisa se acompanhado de comida de bom tempero, tipo feijoada de javali ou ensopado de lebre, com a intensidade a que já nos acostumaram os vinhos desta casa, sabor marcado pela fruta com alguma pimenta, bálsamo novamente e a madeira bem mais acomodada juntamente com a frescura necessária em final longo e persistente. O preço penso que não deve andar longe dos 15€ para um vinho que apesar de dar uma bela prova neste momento, vai certamente melhorar um par de anos em garrafa. 92 pts
1 comentário:
Realmente um Bom Vinho!
A Herdade das Servas tem vinhos excelentes e uma equipa fantástica. Parabéns e votos de muito sucesso.
Enviar um comentário