Lembro como se fosse hoje a primeira vez que tive contacto com este vinho, na altura morava na Avenida de Roma e numa das lojas de vinho onde me costumava abastecer eis que certo dia me dizem que tinha acabado de chegar novo vinho do Douro, Quinta do Vale Meão, com muito bom aspecto, pelo menos a imagem era bonita dizia a senhora com um sorriso estampado no rosto. O preço foi durante alguns dias a rondar os 25€... apetecível para quem se costumava juntar com alguns amigos ao final da noite e dividindo custos bebia umas garrafas a acompanhar "umas familiares" da Telepizza. Lembro como se fosse hoje que das duas garrafas que comprámos na altura a primeira deixou-nos a todos com vontade de abrir a segunda, que sabe-se lá porque razão não estaria tão boa como a primeira, a variação de garrafa para garrafa foi quase norma nesta colheita. Depois a conversa é conhecida de todos nós, o vinho foi provado e colocado nos píncaros como o melhor da sua região naquele ano com 19 valores, o que o meteu aos preços que todos sabemos e dura até aos dias de hoje.
Acontece que nem sempre é a garrafa que prega a partida, nem sempre é a culpa da colheita inaugural que teve o fenómeno de duas garrafas a darem prova diferente com o vinho de uma melhor que o da outra... desta vez o que me calhou na rifa foi o normal problema da idade que já lhe pesa nos ombros, de um vinho que teve problemas na evolução sem ganhar elegância onde se nota uma clara perca de fruta e de pujança tão costumeira no início. Porque no nariz não o achei muito dialogante, a concentração que antes tinha ficou esbatida, agora cansado e com pouca vida, tudo sentado e arrumado sem vontade de bailar. Por mais que se agite o copo tudo na mesma, direi que está acomodado, vale ainda alguma fruta fresca que por lá rodopia, o resto é mossa feita pelo tempo. Na boca a condizer com o nariz, nunca deixando de ser quem é, postura e integridade, perde no conteúdo. O vinho continua a dar uma prova de qualidade mas muito longe da excelência que lhe meteram nos ombros, no essencial há que saber entender que vinhos que foram grandes também finam e acabam por morrer... e este vai a caminho. 89pts
2 comentários:
João
Provei o vinho na Essência... e não gostei!... ou melhor, gostei pouco.
Achei precisamente que o vinho já não tinha mais para dar. Que agora só lhe aguarda uma decadência que pode ser rápida ou não.
...Mas quase me sinto um herege, pois transmiti a minha opinião e disseram-me que não o soube apreciar devidamente! :)
:)
Enviar um comentário