O fascínio por estes vinhos vem dos meus tempos de criança, relembro as conversas que se tinham à mesa nos jantares de família, um desses nomes era um tal de Tinto Velho que tanto Natal acompanhou. Ora esse mesmo Tinto Velho é proveniente da Casa Agrícola José de Sousa Rosado Fernandes (Reguengos de Monsaraz), onde o prestígio e a história se aliam a tradicionais técnicas de vinificação, desde os lagares, passando pelos tonéis, às tradicionais talhas de barro.
É nas imponentes talhas que reside toda a magia e encanto destes vinhos, é daquelas porosas paredes que se transmitem anos de saber a todos os vinhos que por lá passam. Pelo meio ficou esquecida toda uma arte de fabrico que dificilmente irá voltar, resta pois venerar e contemplar todo o património que reside na Adega dos Potes e saborear os vinhos que ali são criados. Os rótulos contam que por ali já se faz vinho pelo menos desde 1878, os registos são parcos e apenas a glória dos vinhos que perduraram no tempo nos conta a história de tão gloriosa casa, como o épico o Tinto Velho 1961 ou aquele que é um dos mais emblemáticos do historial vínico de Portugal, o Tinto Velho 1940.
Tudo começa na Herdade do Monte da Ribeira, onde se encontram os 72 hectares de vinha, em solos de origem granítica, que foi plantada ao longo dos anos tendo o próprio José de Sousa plantado ali vinha no princípio dos anos 50. Castas como Trincadeira, Aragonês, Grand Noir… fazem parte dos encepamentos e são nos dias de hoje a base dos vinhos José de Sousa.
Estas últimas referências fazem parte do portfolio do produtor José Maria da Fonseca que em 1980 começou a engarrafar os vinhos da Casa Agrícola José de Sousa Rosado Fernandes e após a aquisição em 1986 concretiza o sonho de poder produzir vinho no Alentejo. Foi nessa altura que viria a ser descoberto debaixo de um monte de sacas de carvão um lote de garrafas do Tinto Velho 1940, um vinho cuja qualidade e longevidade iria servir de meta a alcançar na elaboração dos “novos” José de Sousa.
Assim em 1990 a marca ganhou novo rumo, dividiu-se em duas e por um lado ficou-se com um pequeno José de Sousa, por outro com um pura raça Alentejano de nome José de Sousa Mayor (Garrafeira). O mais pequeno é a continuidade com retoques da nova enologia, mais apelativo e satisfaz plateia alargada, o Mayor é a tentativa de ir ao encontro dos grandes vinhos da antiga Casa Agrícola, mais recente surge o J de José de Sousa o novo topo. Os três têm no coração a bondade da Talha, do barro do Alentejo, da tradição e dos tempos que dificilmente vão voltar.
José de Sousa Rosado Fernandes 1940
São 74 anos de vida de um verdadeiro ícone da enologia em Portugal, a todos os níveis memorável e a mostrar uma saúde invejável, com bastante frescura que lhe ampara todo o conjunto. Escuro e glicérico, rebordo acastanhado a mostrar que o tempo já passou por ele, muito complexo com terciários luxuosos, notas de ameixa e alguma compota, chocolate de leite, flores, notas de barro. E de repente o tempo para e damos conta que estamos perdidos no meio do copo por entre um mar de aromas. Fantástico.
São 74 anos de vida de um verdadeiro ícone da enologia em Portugal, a todos os níveis memorável e a mostrar uma saúde invejável, com bastante frescura que lhe ampara todo o conjunto. Escuro e glicérico, rebordo acastanhado a mostrar que o tempo já passou por ele, muito complexo com terciários luxuosos, notas de ameixa e alguma compota, chocolate de leite, flores, notas de barro. E de repente o tempo para e damos conta que estamos perdidos no meio do copo por entre um mar de aromas. Fantástico.
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