A casta Castelão será na actualidade uma das castas mal amadas do panorama nacional, terá sido vezes sem conta retirada do mapa e mesmo dos rótulos para dar o lugar a nomes mais sonantes embora menos acostumados aos terrenos que vieram pisar. Esta casta, Alentejana de gema, ganhou fama por terras da Península de Setúbal carregando às costas a marca que durante tanto tempo lhe deu nome, Periquita, mas nem nas terra das areias a casta conseguiu convencer, sendo em muitos casos o seu vinhedo mais velho substituído pela febre da Touriga Nacional. Curiosamente ou não, no Alentejo ainda permanece a terceira casta mais plantada, local onde António Maçanita (FitaPreta) decidiu ser uma vez mais contra corrente e lançar um tinto de Castelão, um tinto que tal como a casta soube esperar para melhor se mostrar. Para tal estagiou 24 meses em barrica mais 20 meses em garrafa, tiragem curta (garrafa 0392 de 2636) com preço ajustado a rondar os 18€.
A casta que nunca teve fama de ter grande concentração, apresenta-se neste vinho a proporcionar um imediato sorriso nostálgico a quem o prova. Como se afirma no contra rótulo, a algo vindo do passado e que nos mostra no imediato o erro de alguns lhe virarem costas. Quem se recorda dos grandes Castelão da zona de Setúbal encontra aqui algo do seu agrado, um belíssimo exemplar cheio de frescura com a marca vincada do Alentejo. Muita fruta presente, madura e com ligeira compota, folha de tabaco, cacau, conjunto ainda denso a dizer que o tempo ainda tem muito que lapidar por ali. Cresce no copo, boa estrutura de suporte num conjunto muito prazenteiro, fresco, fruta muito saborosa a estalar na boca, termina fresco com travo especiado, longo e persistente. A festa é completa com um Arroz de Pato no Forno. 92 pts
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