Copo de 3: Adegaborba.pt Reserva 2004

28 novembro 2008

Adegaborba.pt Reserva 2004

É um facto que a cinquentenária Adega Coop. de Borba tem vindo a renovar a sua imagem ao longo destes últimos anos, principalmente no que toca aos rótulos dos seus vinhos. Esta inquietação resultou num lançamento pleno de sucesso de uma linha de mono e bivarietais, onde se destacam por exemplo o branco Antão Vaz-Arinto ou mesmo o Trincadeira-Alicante Bouschet. Mais recentemente foi a vez de ver a luz do dia a gama de vinhos Adegaborba.pt, de nome moderno e a apelar claramente a um target de consumidor mais jovem, esta gama seria completada com o lançamento do primeiro reserva, do ano 2004 agora aqui em prova:

Adegaborba.pt Reserva 2004
Castas: Trincadeira (75%), Alicante Bouschet (10%) e Cabernet Sauvignon (15%) - Estágio: - 12 meses em barricas novas de carvalho francês, americano e castanho e estágio final em cave de 12 meses em garrafa - 14% Vol.


Tonalidade granada escuro de concentração alta.

Nariz a despertar para um aroma de boa intensidade, onde se sente em grande quantidade a fruta vermelha de boa qualidade e muito madura, em conjunto com notas compotadas. Mostra-se a madeira bem integrada, conferindo baunilha, tosta, café e pimentas ,complementando o travo de vegetal fresco que percorre todo o segundo plano. Harmonioso, balança entre um tom morno e aquela suave frescura que lhe confere o toque balsâmico presente em fundo.

Boca a mostrar um vinho redondo e de corpo bem estruturado e de boa concentração nos sabores que apresenta. Fruta vermelha a marcar boa presença ao lado de tosta, especiaria, café por moer e vegetal fresco que por vezes lembra pimento. Tem boa dose de frescura presente, uma bela harmonia de conjunto com ligeira secura no final de boca a mostrar boa persistência e travo de recordação balsâmica.

É como se indica no site do produtor, um vinho que alia a modernidade à tipicidade. Claramente mais afinado aquando da sua primeira prova, é um vinho que não vira costas a mais uns tempos de cave. São 24.000 garrafas de um vinho que ronda os 9€ e o transforma numa grande relação preço/qualidade, num perfil que muitos podem chamar de Novo Mundo, mas que prefiro chamar Novo Alentejo.
16,5

3 comentários:

Catenaccio disse...

Caro J. P. de Carvalho,

Volto a comentar no 'Copo de 3' por vários motivos.

Em primeiro lugar, dar-lhe os parabéns pelo facto de manter o blogue constantemente actualizado. Continuo a ser um leitor fiel.

Em segundo lugar, venho falar de vinhos. No fundo, é para isso que aqui estamos.

No sábado, recebi em casa cerca de vinte amigos - contando com os filhotes - e comecei com um Alvarinho Branco, salvo erro de 2003, oferecido pelo meu Pai. A seguir, passei para os Tintos, numa gama entre os 4,5€ e os 7€.

Por uma questão de curiosidade, abri um Periquita 2005, pois aquando da licenciatura tinha feito um trabalho na 'José Maria da Fonseca', no âmbito da disciplina de Gestão da Produção. Esse colega estava presente e foi um bom pretexto para recordar velhos tempos. Diga-se que desconhecia a exigência da maioria dos convivas e, portanto, cingi-me a Tintos não muito caros.

Posteriormente, a acompanhar um entrecosto bem tostado e um lombo de porco, ainda abri um Comenda Grande Tinto de 2006 e um Reguengos 2005 Reserva Tinto. O Comenda Grande teve boa aceitação e, a certa altura, um dos presentes diz-me que não conhecia a Casta Alicante Bouschet.

Aqui vão, então, duas questões rápidas: (i) quais as principais características da Casta Alicante Bouschet; e, (ii) a mesma dúvida em relação à Casta Tinta Caida. Agradeço esclarecimentos.

Para terminar, hoje comprei um Rosé, pois queria ter em casa um vinho mais leve, para acompanhar outro tipo de pratos. Decidi-me pelo Quinta dos Avidagos 2007 Douro. Pode dar-me algumas indicações sobre este vinho?

Obrigado e continuação de boas provas!

João de Carvalho disse...

Agradecendo desde já o seu comentário, é sempre bom observar que o vinho se torna motivo de partilha e convívio entre amigos.

Fico curioso em saber a sua opinião acerca do vinho Comenda Grande tinto 2006 e do Reguengos Reserva 2005. Qual gostou mais ? O que achou de cada um deles ?

Sobre as castas, as minhas respostas devem ser iguais a tanta outra informação que deve encontrar espalhada pela internet, afinal de contas não deixam de ser aquilo que são:
(i) quais as principais características da Casta Alicante Bouschet.

É uma casta tintureira, a película da uva não é branca mas sim tinta, conferindo bastante tonalidade aos vinhos onde entra. Esta casta veio de França, e é um cruzamento feito pelo Sr. Henry Bouschet de outras castas (Grenache com Petit Bouschet que por seu turno é um cruzamento de Teinturier du Cher e Aramone) foi adoptada pelo Alentejo, onde foi trabalhada e se tem vindo a estudar com maior detalhe. Fruto disso são os magníficos vinhos que dá origem, a solo ou acompanhada, veja-se o caso do Mouchão, talvez o mais emblemático.
Como curiosidade as suas vinhas após as vindimas são facilmente detectáveis dada a bonita tonalidade granada que as folhas adquirem. Os seus vinhos são ricos em cor, aromas ligeiramente vegetais, concentração de taninos, equilíbrio de acidez e grande capacidade e envelhecimento.


(ii) a mesma dúvida em relação à Casta Tinta Caida.
Não sendo uma casta muito expressiva, nem sequer muito utilizada como monocasta, são raros os vinhos que se podem encontrar em que curiosamente um dos seus melhores exemplos vai deixar de ser produzido: João Portugal Ramos Tinta Caiada.
Produz vinhos de cor granada não muito profunda, com aromas intensos, finos e equilibrados, onde sobressaem notas de ameixa, passa e frutos silvestres. Na boca são macios e simultaneamente delicados, com um final harmonioso.
Pode ser conhecida como Bastardo em algumas zonas, por exemplo o antigo Bastardo do Esporão era nada mais que Tinta Caiada.


Quinta dos Avidagos Rosé 2007 pouco ou nada poderei dizer visto não conhecer o vinho em questão.

Agradeço a participação e volte sempre.

Catenaccio disse...

Caro J. P. de Carvalho,

Antes de mais, agradeço resposta rápida ao meu pedido de esclarecimento.

De seguida, diga-se que não prestei a devida atenção às temperaturas de serviço o que pdoe ter comprometido a apreciação dos vinhos na sua plenitude. No sábado esteve bastante frio e, apesar de ter o ar condicionado da sala ligado, o vaivém de pessoas a frequentar a varanda fez que com devessem estar uns 14ºC. Agora, procurando responder à sua interpelação:

Comenda Grande Tinto 2006

De início, achei um vinho um bocado complexo, pois ainda não tenho o paladar treinado para apreciar os aromas no méximo do seu esplendor. Notei-o frutado, mas havia mais qualquer coisa que não conseguia identificar. Após ler o texto sobre a prova, descobri que há notas de especiarias, tabaco, entre outras. Também notei que o grau alcoólico é acentuado, salvo erro 14,5%, sem ser agressivo.

Reguengos Reserva Tinto 2005

À partida, achei este vinho mais delicado e elegante, mas igualmente repleto de aromas difíceis de descortinar. Na boca, senti-o aveludado e com o sabor a prolongar-se. Será o que se chama de final longo e persistente? Presumo que deve ir bem com pratos de carne bem robustos ou com um queijinho curado.

Pelos comentários de um ou ou outro amigo mais atento, posso afirmar que o Comenda Grande teve boa aceitação e foi elogiado. O rótulo também cativa e chama a atenção. Pessoalmente, gostei mais do Reguengos, mas tenho de voltar a provar o Comenda com mais calma e a uma temperatura correcta. Comparativamente, talvez no futuro mude de opinião.

Abraço.

 
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