Copo de 3: Yves Cuilleron Condrieu Les Chaillets 2008

22 fevereiro 2011

Yves Cuilleron Condrieu Les Chaillets 2008

É no Norte do Rhone que fica situado o Domaine Yves Cuilleron, criado em 1920 pelo avô do actual proprietário, Yves Cuilleron, que se destaca pelos brancos que produz em Condrieu. Este é um produtor que já tive a oportunidade de estar pessoalmente à conversa enquanto provava os seus fantásticos vinhos, tomou conta da propriedade que era do seu tio em 1986, nos anos que se seguiram comprou mais vinha e expandiu a produção de vinho para outras zonas, tornou-se num dos principais produtores da appelattion de Condrieu, dispondo de um total de 52 hectares de vinhas e fez com que os vinhos ali produzidos tenham vindo a subir de qualidade ano após ano. 
Condrieu é uma AOC que apenas produz vinho branco em que a casta utilizada é a conhecida Viognier, aqui ao contrário do que nos acostumamos a encontrar em Portugal, os vinhos não são pesados mas sim frescos e delicados e muito harmoniosos. Na quantidade de vinhas que possui, permite a elaboração de 3 vinhos, o mais básico de nome La Petite Côte, feito a partir das vinhas mais novas (15-20 anos) em que apenas 30% do vinho passa por madeira onde fica durante 10 meses. O vinho topo de gama é o Ayguets, mas irei abordar o Les Chaillets, produzido a partir das melhores vinhas velhas (30 - 60 anos) plantadas em terraços (Chaillets). No total apenas 80% do vinho passa 9 meses em barrica, sur lies com batonnage regular, produzindo em 2008 cerca de 1800 garrafas com 13,5% Vol. e o preço ronda em garrafeira os 40€.

Aparece vestido de seda, aroma sedutor na fina e delicada complexidade que apresenta, se bem que algo compacto e bem perfumado, a dar indicações que vai demorar mais alguns anos a desembrulhar-se por completo. Fruta (pêra, alperce) banhados por uma leve calda muito fresca, com a fruta a mostrar-se bem definida e delicada notas florais (camomila) a acompanhar com notas anisadas. A madeira não se nota mas ampara, alguma avelã na forma de óleo, parece uma frutaria com paredes de madeira, não se nota a madeira mas confere um ar mais acolhedor à presença da excelente fruta que nos oferece.

Boca arredondada, mediano de corpo mas profundo de aromas e sabores, fino e muito harmonioso, sem esmorecer por algum momento na boa frescura que o guia de principio ao fim. A fruta faz-se sentir com grande limpidez, agradece a ser servido numa temperatura adequada pois só assim poderá brilhar, de resto tem suavidade no trato, alguma "gordura" que lhe confere corpo arredondado, a tal passagem pela madeira tem a culpa. Pelo meio notas de mineralidade, cascalho molhado, que lhe preenche o final de boca ao lado de novas notas de algum vegetal/floral.

Um vinho luxuoso, delicado, fresco, onde tudo parece estar colocado com enorme precisão... o que brilha acima de tudo é a pureza com que todo o conjunto se vai mostrando. Este vinho que não é barato depois de o provar torna-se uma lição e que não deixa de se fazer a pergunta, em Portugal fazem-se Viognier ou antes pelo contrário fazem-se vinhos com a casta Viognier ? É que tirando um ou outro exemplar Lusitano digno de registo, o resto é tudo mais do mesmo, pesados, com falta de frescura e que acabam quase sempre por não ter gracinha nenhuma... qual o sentido de se insistir numa casta como esta em Portugal ? Enquanto falava sobre isto com o colega do lado o vinho foi-se acabando no copo, olhei para a garrafa e não tinha mais... 17,5 - 94 pts

2 comentários:

Abílio Neto disse...

JP,

Já na prova dos Rhone em Nápoles, alguns Condrieu me tinham surpreendido... pela leveza e luxo. Este, confirma a qualidade que alguns produtores conseguem emprestar a Viognier.

Muito bom.

Abr.,

An

Filipe de Mello disse...

Simplesmente fantástico. Deste productor, toda a gama de Condrieu é excepcional.

 
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