Copo de 3: Herdade do Perdigão Reserva branco 2008

11 fevereiro 2011

Herdade do Perdigão Reserva branco 2008


O que leva alguns vinhos a serem maiores que outros ? Afinal de contas porque razão certo tipos de vinhos são mais cotados no mercado e junto dos consumidores que outros ? A meu ver o saber envelhecer é uma enorme virtude e algo que se deve exigir enquanto consumidor a vinhos apelidados de grandes... tudo o resto é fogo de vista. Mas esta conversa surge quando lado a lado tinha dois brancos, um de 2002 e outro de 2003, o 2002 um puro Riesling Alemão, tonalidade imaculada pelo tempo, fresquíssimo de aromas com complexidade ainda por desembrulhar... o 2003 um Arinto ali de Bucelas, ouro velho como velho nos aromas, flores murchas e secas, palha, melado... branco velho, arinto velho já sem grande vivacidade e obviamente sem grande vida pela frente. Questionei-me sobre que grandes brancos moram em Portugal, que brancos são feitos em Portugal que ganhem de maneira inequívoca com o tempo ? Afinal de contas para se ser grande não o basta ser cá dentro, há que o ser também lá fora.

Enquanto pensava na resposta, dediquei-me a um dos melhores brancos do Alentejo, produzido na Herdade do Perdigão (Monforte), desde 2003 nas mãos do produtor Carlos Gonçalves, anteriormente propriedade de João Lourenço (Altas Quintas) que teria por sua vez comprado a Alfredo Saramago. Em prova o topo de gama deste produtor no que a brancos diz respeito, um puro Antão Vaz que fermenta em barricas novas de carvalho francês e ali se fica por 6 meses com direito a battonage. Salta da garrafa com 13% e compra-se por menos de 12€ na Garrafeira Nacional.

Com um aroma de boa intensidade e envolvido de forma harmoniosa pela madeira que lhe confere boas sensações de untuosidade/cremosidade ainda que ligeiras, baunilha, tudo isto aliado a uma quantidade bem fresca e madura de fruta tropical com toques de pêssego e citrino (tangerina, limão). Tem a sua dose de flores, com rasgos de mineralidade em fundo, num perfil fresco, personalizado e fiel à terra, fiel ao Alentejo. Tudo bem delineado, com boa concentração mas sem esforços suplementares, boa frescura e elegância entre acidez/fruta/barrica.

Boca de boa amplitude, frescura a acomodar-se ao ritmo da fruta bem madura entre tropicais e frescuras citrinas em conjunto com a barrica, que vem conferir algum peso ao vinho, arredondamento, harmonia, leve travo especiado e algum vegetal/floral no fundo em que a sensação de ligeiro mineral volta a surgir.

Um Alentejano de muito boa estirpe, nasce com a Serra de São Mamede como pano de fundo, mostra uma frescura de fruta muito interessante acompanhadas por notas minerais em fundo, foge obviamente aos Antão Vaz pesados e adocicados que antes reinaram em terras Alentejanas... ainda bem digo eu. A versão 2009 já deve andar no mercado, mas este 2008 com o tempo que levou de garrafa fez as minhas delícias e fez excelente companhia a um pargo no forno. 16,5 - 91 pts

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