E quase sem dar por isso tinha este vinho a cair-me no copo, do outro lado um sorriso de orelha a orelha perguntava-me o que achava eu do dito líquido. Aquele sorriso matreiro que não me engana, tal como tu o vinho em causa também não o faz, são os dois grandes amigos de longa data, o vinho e quem o serve, a complexidade que envolve o copo faz com que também eu lance um sorriso, este é Um Grande Vinho. Depois desligamos da realidade, tudo à volta fica quieto, somos nós e o que está a rodopiar no copo, cheira-se, prova-se, calamos e pensamos, sussurramos umas palavras, escrevinhamos no caderno , procura-se um pouco do suculento naco de novilho que tinha ido ao forno para acompanhar e continuamos felizes e contentes pela noite dentro.
Em grande este Private Selection da Herdade do Esporão, tal como a frescura que ainda debita passados 10 anos do seu nascimento (2003), a fruta (nos tons do morango, cereja e ameixa) limpa, redonda e carnuda, suculenta e de travo já adocicado mas muito limpa e definida, coisinha boa portanto. Pela sua alma (Alicante Bouschet com Aragonês) corre o vento morno da planície Alentejana, alguma compota, cacau, baunilha, especiarias com pimenta preta e toque vegetal/bálsamo a lembrar hortelã. Um vinho cheio de coisas boas, muito elegante, com vigor e uma bela profundidade e frescura de aromas. Boca a condizer, frescura, muito bem estruturado, balanceado por uma enorme harmonia e passagem cheia de sabor no palato, fruta, cacau, pimenta preta, largo, complexo, saboroso e até pecaminoso. É um vinho que dá muito prazer beber nesta altura, que nos convida a mais um copo, muita vivacidade durante toda a sua prova, boa definição e uma frescura que parece não querer quebrar. Viva o Alentejo. 95 pts
1 comentário:
pecaminoso é não haver nenhuma aqui em casa...
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