Copo de 3: Monte da Ravasqueira

24 fevereiro 2016

Monte da Ravasqueira


Já por duas vezes tive oportunidade de visitar o Monte da Ravasqueira (Alentejo), ligado há várias gerações à família José de Mello, localizado no concelho de Arraiolos. Relembro-me dos seus primeiros vinhos e do ambicioso projecto que na altura tinha como meta proporcionar ao consumidor alguns dos melhores vinhos do Alentejo. Passados todos estes anos o projecto Monte da Ravasqueira consegue esse objectivo como muito mais, aliando todo uma oferta no âmbito do enoturismo que permite as mais variadas actividades ao ar livre, desde passeios pelas vinhas e cursos de vinhos, espaço de refeições  ou até a visita do fantástico Museu Particular de Arreios e Atrelagens, lembrando a coudelaria que existiu durante largos anos no Monte da Ravasqueira. Quanto aos vinhos o projecto tem vindo a ganhar consistência com os recentes topos de gama, como dos varietais que para além da diversidade permitem mostrar aos interessados novas abordagens das castas ali plantadas. Não se estranhe portanto de encontrar um Touriga Franca, um Alvarinho ou um Colheita Tardia, todos de bom recorte e a darem muito boa conta do recado à mesa com a gastronomia típica da região. Porém aquele que será o mais conhecido e que durante largos anos se apresentou como o topo de gama da casa, foi o Vinha das Romãs. A equipa de enologia de início contava com a presença do enólogo Rui Reguinga que a seu tempo deu lugar à dupla que tanto sucesso tem alcançado, falo de Pedro Pereira Gonçalves e Vasco Rosa Santos.


Mas para falar do Vinha das Romãs temos que recuar a 2002 ano em que se decidiu arrancar um conjunto de romãzeiras que ocupavam um área de cinco hectares para ali se plantar vinha, mais propriamente Syrah e Touriga Franca. Aquela vinha passou a chamar-se a Vinha das Romãs e cedo ganhou protagonismo pela qualidade destacada dos vinhos a que dá origem, revelando uma concentração e um nível de maturação único em toda a área de vinha do Monte da Ravasqueira. É por isso mesmo um “single vineyard”, “monopole”, “vino de pago”, onde o terroir imprime características diferenciadoras e únicas. Aqui o que se procura é o equilíbrio perfeito entre as duas castas, isolando a cada colheita as melhores zonas de cada casta que melhor transmitem a singularidade do local. Os vinhos falam por si, cada vez mais em crescendo no que à qualidade diz respeito, frescos e muito apelativos, o trabalho com a madeira tem vindo a ganhar notoriedade num perfil cada vez mais sério, amplo, profundo e acima de tudo apetecível.


Os topos de gama, em jeito de homenagem ao patriarca da família, são hoje em dia os vinhos da linhagem MR Premium que se encontram nas versões branco, tinto e rosado. Todos eles são do melhor que se pode ter à mesa, o refinamento é total e mostram-se com uma enorme classe. São vinhos que merecem ser conhecidos e bebidos em muito boa companhia, porque vinhos assim são feitos para isso mesmo, celebrar a vida.

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