Copo de 3

18 maio 2009

Vinha Paz Colheita 2000

Os vinhos “Vinha Paz” , são produzidos e engarrafados por António Canto Moniz, cuja família se dedica a produzir vinhos no Dão há mais de 150 anos. As uvas são provenientes das vinhas de Leira da Tremoa e da Barra em Silgueiros, Viseu, são vinificadas nas centenárias adegas da Casa da Carreira Alta em Oliveira de Barreiros, também em Viseu.

São vinhas na encosta Norte do Dão com exposição sul nascente numa área respectivamente de 7,5 e 3 ha, onde se podem ver as Vinhas Velhas com mais de 40 anos e Vinhas Novas com 5 anos, recentemente reestruturadas. As castas dominantes são: a Touriga Nacional, Jaen, Alfrocheiro Preto e Tinta Roriz.

A vinificação é feita há já cinco gerações na adega da Casa da Carreira Alta onde ainda se utilizam os lagares centenários de granito e a tradicional pisa a pé. São elaborados dois tipos de vinhos, o “colheita do ano” que resulta de um “blend” com as castas Touriga Nacional, Alfrocheiro Preto e Tinta Roriz e o “reserva”, tendo como casta dominante a Touriga Nacional (cerca de 80%).

Um produtor que a cada passo/colheita que vem dando/lançando, se torna cada vez mais uma referência a seguir na região dos vinhos do Dão, e nos vinhos de Portugal. Feita que está a apresentação para os apreciadores mais "distraídos", resta colocar em prova aquele que foi o primeiro colheita desta casa.

Vinha Paz Colheita 2000
Castas: Touriga Nacional, Alfrocheiro Preto, Tinta Roriz. - Estágio: Estágio em pipas de Carvalho americano e francês. - 13% Vol.


Tonalidade ruby escuro de média concentração, apresentando um ligeiro atijolado no rebordo (sinais dos tempos).

Nariz marcado por notas de vegetal seco (chá preto, musgo, caruma pinheiro), toque floral no campo das violetas seguido de ligeiro animal que por ali resolveu andar a revolver a terra. É no meio deste fino e fresco bouquet, que temos a fruta em modo de framboesas, groselhas e cerejas, bem consolidadas por um bálsamo vegetal. A madeira é o fio condutor que apesar de fina e discreta faz a ligação entre todos os seus componentes, de forma muito eficaz.

Boca a mostrar um vinho fresco, aveludado com finas matizes que variam desde a fruta bem madura e limpa, aos toques de bacon com vegetal seco. Um conjunto que nos presenteia com uma belíssima frescura durante toda a passagem de boca, em corpo médio e bem delicado, aprumado em tudo aquilo que nos mostra e como o mostra, num final de boa persistência.

Pela maneira bastante correcta como se mostrou e comportou, direi que se encontra num momento alto da sua forma, talvez o tal ponto ideal de consumo.
Um vinho com alma e personalidade, prestigia a região que o viu nascer, mostrando também uma capacidade de evoluir bastante positiva. É um vinho com um preço que deverá rondar os 9€, revelando-se uma aposta muito sólida para um consumo a médio/longo prazo, visto que melhora substancialmente com algum tempo de guarda.
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14 maio 2009

Protos Reserva 2000

Bodegas Protos foi a adega pioneira da Ribera del Duero, a primeira que até viria a dar nos anos 80 o seu apelido à D.O. Ribera del Duero.
Protos vem do Grego, Primero, e foi de facto a primeira, corria o ano de 1927, quando um grupo entusiasta e empreendedor de viticultores iniciou aquilo que hoje é um império, em que ano após ano se expande cada vez mais, e goza de uma imagem fortíssima a nível de mercado.

Foi durante os anos 30 e a merce da Expo Barcelona 1929, que a adega se projecta definitivamente a nível internacional, com a atribuição das medalhas de ouro aos vinhos de 1927 e 1928.
Já nos anos 60 com as necessidades de expansão das salas de estágio, são iniciadas obras para as caves de estágio que se encontram localizadas nas entranhas de uma das fortificações mais importantes da comarca, o Castelo de Peñafiel, cuja imagem surge nos rótulos dos vinhos do produtor.
O reconhecimento máximo ocorre nos anos 80, quando o seu apelido, Ribera del Duero, é utilizado por toda uma zona, para assim identificar o Conselho Regulador da respectiva D.O.
O crescimento desta adega continua até que em 1995 se aumenta a área de estágio para um total de 8,500 barricas, depósitos inox de 1,2 milhões de litros e uma sala de garrafas com 5.000 m2.
Nos tempos que correm, terá sido inaugurada a nova adega, cuja foto é testemunha.

Protos Reserva 2000
Castas: 100% Tinto Fino - Estágio:18 meses em barricas de carvalho americano e francês, posteriormente 24 meses em garrafa. - 13,5% Vol.


Tonalidade granada escuro de concentração média.

Nariz acomodado, sereno, com um bouquet elegante a mostrar uma grande afinidade entre madeira, que se mostra fina e bem entrosada no conjunto, com o toque de fruta negra (groselhas, ameixa) bem madura e com drop de licor, acompanhadas de ligeira tosta, baunilha, caixa de tabáco e caramelo. Um vinho que não se cheira, mas que se dá a cheirar, diplomata a senhor do ''seu nariz'', sem espalhafato assume uma ligação com especiaria e vegetal seco perdido em fundo, a lembrar chá preto com algum balsâmico.

Boca de entrada amena, harmonioso, fruta com boa presença a igual modo que na prova de nariz, madeira bem integrada num conjunto de corpo médio. Mostra presença de tosta, vegetal seco, uma boa acidez presente a conferir a frescura suficiente durante toda a passagem de boca, com especiarias e ligeira secura em final de média persistência.

É um Ribera de boa estirpe, muito elegante e afinado, não defrauda e dá uma prova muito consistente. Após 9 anos de vida, mostra-se em boa forma, mostrando-se com um bouquet de fino recorte, com preço a rondar os 20€. Liga bem com carnes vermelhas ou carnes brancas, e acompanhou muito bem um confit de pato.
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Quinta da Alorna Reserva Touriga Nacional 2006

Consta no site do produtor que a Quinta da Alorna deve o seu nome ao primeiro proprietário, D. Pedro de Almeida, Vice-Rei da Índia, a quem D. João V concedeu o título de I Marquês de Alorna por actos de bravura na tomada da praça forte de Alorna, na Índia. Tendo comprado o Casal de Vale de Nabais em 1723, quando regressou a Portugal D. Pedro de Almeida fez dele o núcleo central de um vasto grupo de propriedades onde plantou as primeiras vinhas, mudando-lhe o nome para Quinta da Alorna. O Ribatejo é, desde sempre, uma região rica e apetecida, graças às férteis lezírias, ideais para a agricultura e criação de gado. E Almeirim era então conhecida pela qualidade da sua caça, muito frequentada por nobres e fidalgos, que aqui passavam tempos de lazer.

No palácio da Quinta, de estilo sóbrio, mas distinto erguendo-se de frente para o Tejo, iluminado pelo sol de fim de tarde onde ainda hoje reluz o brasão dos Almeida Portugal, nasceram e viveram várias gerações de Alornas, incluíndo D. Leonor (1750-1839), Marquesa de Alorna, notável poetisa e pintora, que aqui escreveu algumas das obras que a tornariam famosa.

Assim nasceu a “Quinta da Alorna”.

Quinta da Alorna Reserva Touriga Nacional 2006
Castas: 100% Touriga Nacional - Estágio: 12 meses em carvalho francês

Tonalidade granada escuro de concentração média/alta.

Nariz a dizer que temos uma Touriga Nacional fresca e de boa concentração, com a fruta (frutos silvestres) de qualidade mas bem madura onde se nota alguma doçura presente (compota). Inicialmente sente-se uma ligeira austeridade nos aromas, um ligeiro apontamento químico, nada que com copo adequado e algum tempo não resolva. Dá-se então entrada aos aromas florais característicos da casta, com as notas de violetas a surgirem harmoniosamente ligadas a uma madeira bem entrosada, com notas de cacau morno, tosta e baunilha, complementando-se no segundo plano com toques de balsamo vegetal e algum chá preto.

Boca a mostrar-se com entrada estruturada e apelativa, onde o peso da fruta e a sua concentração se fazem sentir. Frescura a contrabalançar com alguns toques mais adocicados da fruta, e uma madeira muito bem integrada no conjunto em igual modo que a prova de nariz. Espacialidade média, com final de boca de apontamento balsâmico, em final médio/longo.

É um Touriga Nacional muito apetecível e feito para agradar a um leque alargado de consumidores (coincidências com o Novo Mundo ?), mostrando a fase mais gulosa da fruta, que caso não fosse uma frescura bem afinada, o resultado seria um vinho enjoativo. Assim temos um vinho muito tagarela e pronto para fazer amigos à mesa, com um preço a rondar os 15€.
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13 maio 2009

Adega de Pegões Colheita Seleccionada branco 2008

Voltando a repetir o que aqui já foi dito, este branco é insistentemente colheita após colheita, um dos vinhos brancos que melhor relação qualidade/preço apresenta no mercado nacional.
Produzido pela Cooperativa Agrícola de Santo Isidro de Pegões, é daqueles vinhos que independentemente do ano de colheita, se compra sem pensar muito, aliando a um preço sempre sensato e de certo modo ''controlado'', apesar de nos últimos tempos ter tido alguns ajustes onde se notou um aumento de produção, um preço ligeiramente mais alto e uma alteração no lote final em que deixa de constar a Pinot Blanc.

Adega de Pegões Colheita Seleccionada Branco 2008
Castas: Chardonnay, Arinto e Antão Vaz - Estágio: 4 Meses nas pipas onde fermentou com Batônnage - 12,5% Vol.

Tonalidade amarelo citrino com leve toque dourado.

Nariz a apresentar-se fresco e limpo de aromas, boa dose de fruta onde a vertente tropical (ananás, maracujá, banana) se mistura com notas de citrinos e algum pêssego. A fruta parece ficar suportada por um fio de geleia que lhe confere um toque agridoce, notas florais (laranjeira) marcam presença. Madeira (baunilha, tosta) menos presente do que era costume nas últimas colheitas, que aparece com tempo de copo, mostrando novamente um belo de conjunto, revelando-se harmonioso e com uma delicada complexidade, com final a mostrar-se fresco e mineral.

Boca com entrada fresca e frutada, sente-se algum arredondamento, resultante da passagem por madeira, resultante uma maior envolvência e equilíbrio de todo o conjunto. Baunilha e suave untuosidade marcam a passagem de boca, com ponta vegetal sem incomodar muito em final de boa persistência e de cariz mineral.

A conversa que tenho tido ultimamente com um amigo destas andanças vínicas, levou a formular uma ligeira opinião sobre este vinho, pois apesar da indiscutíel apetência que continua a demonstrar, tem vindo a mudar ligeiramente nos últimos dois anos. Talvez se deva a um possível aumento da produção, talvez se deva à saída da Pinot Blanc que antes contribuia com 25% do lote final, talvez se deva às próprias colheitas... independentemente de tudo isto, este vinho subiu o preço no Pingo Doce passando agora a custar bem mais de 3€ quando se comprava a menos (pouco mas menos). Vamos esperar que a sua evolução não seja tão precoce como a anterior colheita, com uma nota final a revelar ajuste, tal como tem sofrido o vinho em si.
15,5

Serras de Azeitão branco 2008

Serras de Azeitão branco 2008
Castas: Fernão Pires, Arinto e Moscatel - 13% Vol.

Tonalidade amarelo citrino com leve toque esverdeado.

Nariz de perfil fresco com intensidade mediana, mostrando-se jovem e a despontar de imediato para uma boa combinação entre frutas bem frescas e com boa maturação (alperces, laranja, limão, ameixa branca). Tudo isto aliado a um toque guloso e adocicado (ainda que ligeiro), prontamente socorrido por uma aragem bem fresca de forro vegetal/floral, rematando num suave toque mineral em fundo.

Boca a apresentar um vinho de corpo algo delgado, com presença da fruta, na mesma onda da prova de nariz. Acidez presente confere frescura que contrabalança com alguma doçura mais atrevida que poderia surgir do Moscatel. Passagem correcta e sem grandes percalços ou esquecimentos, acabando num sumido toque mineral de fundo.

Duas coisas mudaram neste vinho, o preço que dificilmente se encontra em prateleira abaixo dos 2€ e também a mudança a nível de castas, saindo a Chardonnay e entrando a Arinto.
Parece que com a troca de castas, o vinho perdeu alguma da chama que apresentava na anterior edição, para ficar mais delgado mas ao mesmo tempo com aromas mais centrados no campos dos citrinos, mais limonado e com mais acidez.
Perdeu encantos é certo, mas não é por isso que deixa de ser uma aposta fiável.
14,5

08 maio 2009

Devil's Lair Fifth Leg red 2001

Conhecidos pela maneira fácil como agradam a um alargado leque de consumidores, os vinhos do Novo Mundo (neste caso Austrália) já tiveram melhores dias, pelo menos é o que se vai lendo e ouvindo nos cantos e recantos da net.
A verdade é que a fórmula que parecia mágica, e em certa dose até o foi e ainda parece continuar a ser, acabou um pouco na velha história em que o feitiço se volta contra o feiticeiro, e hoje em dia o perfil dos ditos vinhos é mais que conhecido e rebatido, afastando consumidores que se mostram cansados do que lhes é colocado no copo.
Apesar de tudo, são vinhos que tem a lição bem estudada, onde o seu principal objectivo é agradar ao maior número possível de consumidores, com entradas de gama muito competitivos a nível de preço/qualidade/quantidade produzida e até imagem e marketing associados.
Dentro deste panorama apostei num Australiano proveniente de Margaret River (Oeste Australiano), do produtor Devil´s Lair.
Deve-se o nome deste produtor ao nome de uma caverna/gruta situada em Margaret River, onde foram encontrados fósseis alusivos ao Diabo da Tasmânia.
A marca Fifth Leg, surge em 1996, e simboliza o espírito livre e independente de estar na vida, quase como que um tributo ao trabalho que ali se tem desenvolvido.

Devil's Lair Fifth Leg red 2001
Castas: Cabernet Sauvignon, Shiraz (Syrah), Merlot - Estágio: 12 meses em carvalho Americano e Francês - 14% Vol.

Tonalidade granada escuro de concentração média.

Nariz a mostrar-se muito centrado na fruta madura (seja em bagas ou em ameixa e cereja), sumarenta e de qualidade, mediana concentração, com alguma frescura mas sempre com a sensação da colherada de compota gulosa mas sem estar carregada de açúcar. Para retocar o conjunto temos as especiarias (canela, pimenta preta) que também surgem embora discretas, casando todo o perfil com uma ligeira tosta e cacau derivado da madeira. O vinho só de cheirar é apelativo e tem aquela inegável ponta de gulodice.

Boca de entrada correcta, suave e directo, mediano na sua postura, mostra mais uma vez um conjunto onde a fruta é rainha com os retoques da madeira, especiaria, geleia e cacau a dar aquela sofisticação a nível de complexidade. Completamente pronto a ser bebido, com final mediano mas prazenteiro.

É um vinho de puro gozo, na boa ascensão do termo onde se goza de uma prova descomplexada mas com qualidade. Acompanhou muito bem um Spaghetti alla Carbonara, se bem que seria bom companheiro de uns bifes com molho de pimenta.
A fórmula do Novo Mundo parece que continua firme e funciona lindamente, o impacto inicial é cativante e prende o consumidor mais incauto, digamos que o gozo é mais do que momentâneo. É que depois da primeira garrafa ficamos com a sensação de já termos visto aquele filme em algum lado e a vontade de repetir fica um pouco deixada de lado, mas mesmo assim não deixa de ser um filme... perdão, um vinho ''engraçado'' com preço a rondar os 14€.
15,5

07 maio 2009

Vertente 2004

Antes de haver diálogo, era apenas e só nesta vertente que o consumidor de menores recursos financeiros se podia aproximar do Mundo Niepoort.
Tudo começou quando surgiu no mercado faz alguns anos, um efémero Quinta de Nápoles da colheita 2000, que daria lugar no ano seguinte à marca Vertente.
Nesta vertente de provar e analisar as coisas como elas são, digamos que a vertente é sempre a subir, revelando colheita após colheita um mais e melhor refinamento global e até mesmo de ideal. Uma vertente bem duriense que dá muito prazer subir, conquistadora e com um abraço revelador da qualidade dos vinhos desta casa.
Proveniente dos vinhedos da Quinta de Nápoles com cerca de 20 anos e de vinhas velhas próximas do Pinhão, eis o Vertente 2004.

Vertente 2004
Castas: Tinta Roriz, Touriga Franca, Tinta Amarela, Touriga Nacional e outras - Estágio: 12 meses em barricas de carvalho francês - 13,5% Vol.

Tonalidade ruby escuro de concentração mediana.

Nariz a dar entrada com a fruta vermelha (bagas) bem presente e madura, com ligeira sensação de adocicado (compota), num todo que se mostra largo de horizontes (leia-se com alguma profundidade nos aromas que apresenta). Tem refinamento na complexidade que apresenta, deambulando pelo toque especiado das pimentas, chocolate negro, fumado e lá no final um ligeiro socalco de mineralidade (talvez proveniente do chão pedregoso da dita vertente).

Boca na mesma sintonia da prova de nariz, com a presença da fruta em grande sintonia com a madeira por onde a mesma passou. Ganha com isso alguma cremosidade/aveludado, na boa espacialidade e frescura que apresenta durante toda a passagem de boca. Complementam a prova ao mesmo nível que da prova de nariz, as pimentas, o chocolate preto e o toque de mineralidade.

É um Douro de perfil mais moderno, não direi novo mundo mas com aquele toque que o torna muito actual e bastante apetecível.
Mostra-se bem mais pronto a beber que a restante gama Niepoort (tirando o Diálogo), com um preço a rondar os 15€.
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18 abril 2009

Vinum Callipole 2009

Vinum Callipole 2009

Numa iniciativa d´ O Copo de 3, decorrerá no próximo dia 2 de Maio, nos Claustros do Convento dos Capuchos, em Vila Viçosa, o evento Vinum Callipole 2009, com a participação de alguns produtores de vinho, a nível nacional.
Altas Quintas, Quinta do Zambujeiro, Herdade das Servas, Gravato, Herdade do Portocarro, S.A. Vale de Joana, Granacer, Casal Figueira, etc...

Um evento em que poderá provar e ficar a saber um pouco mais acerca dos vinhos produzidos em Portugal... assim como, e de um modo informal, falar com produtores, enólogos e responsáveis, sobre os vinhos presentes, o que têm no mercado e as novidades que estão para aparecer, assim como outras surpresas.
VINUM CALLIPOLE – 2009

2 Maio | 15h – 20h
Claustros do Convento dos Capuchos Vila Viçosa

Entrada: 5 €
Copo Schott Din Sensus incluído

PROVA ESPECIAL ''Portalegre Década de 90''
Em prova alguns dos grandes vinhos da Coop. de Portalegre, com os anos 1990, 1991, 1994, 1995, 1996, 1997, 1999 e como bónus o Cinquentenário, o que não exclui a entrada de outros vinhos da região da mesma década.
Preço de inscrição 30€ (inclui entrada no evento e copo de prova)
5 Lugares disponíveis...

Linha de Informação: 967 344 226
Apoios: ViniPortugal, Confraria do Pão, Queijaria Monte da Vinha, Schott Zwiesel e Alug`Aqui

06 abril 2009

Tapada de Coelheiros tinto 2004

A excitação enófila tomou conta de Portugal nos últimos anos, fruto de uma maré de novidades que colocou os apreciadores de vinho numa autêntica roda viva, querendo provar o máximo possível dos novos aromas e sabores que inundaram o mercado.
Hoje em dia a coisa parece que anda mais calma, os aromas que antes eram novos tornaram-se quase que triviais e novos aromas e sabores são cada vez mais difíceis de encontrar e o consumidor tem vindo a acalmar no que toca à sua avidez enófila de conhecer tudo e todos.
Dá-se nova ''febre'' e eis que do nada se aponta para os vinhos do passado, e o novo motivo de conversa passam a ser os ''vinhos velhos'' , capazes de nos transportar para outra dimensão de prova e conhecimento, onde evidentemente os aromas e sabores são novamente diferentes do que se andava a provar nos últimos tempos com os amigos.
No meio de tudo isto, foram ficando algumas marcas que de certa forma foram sendo ultrapassadas, colocadas de lado, face a um interesse que deixou de morar naqueles rótulos. Vinhos que conquistaram lugares de destaque e respeito, foram preteridos pelas novidades ou pelos vinhos mais velhos... quase que pairam no limbo do que se pode chamar Clássicos.
O vinho que agora coloco em prova é um fiel exemplo de um produtor com nome consolidado no mercado, terá sido mais falado em seu devido tempo e terá os seus fieis seguidores nos dias de hoje, mas na roda viva do dia a dia quase que desapareceu de circulação. Nome respeitado em muita mesa, o Tapada de Coelheiros foi daqueles vinhos que sempre segui com respeito e admiração, nome grande do Alentejo, invocou a glória com um excelso Garrafeira 1996.
A verdade é que também eu me deixei levar pelas febres das novidades e me fui afastando destes vinhos, os preços ''puxados'' não ajudam. O último exemplar que me lembro de ter bebido foi o Tapada de Coelheiros tinto da colheita 1999, voltando às provas deste clássico alentejano agora com a colheita de 2004.

Tapada de Coelheiros tinto 2004
Castas: Cabernet Sauvignon 50%, Trincadeira 25%, Aragonês, 25% - Estágio: 12 meses em casco de carvalho francês (30% novo) e 12 meses em garrafa - 14% Vol.

Tonalidade ruby escuro de concentração média.

Nariz de boa intensidade, a mostrar-se com fruta vermelha bem madura envolta em especiarias do reino das pimentas e o toque vegetal fresco a recordar pimentos, não dos verdes mas sim pimentão, daquele que se esfrega no aroma a carne maturada que exala ao de leve. Complementa a sua passeata com uma brisa de tosta, reveladora de um trabalho de madeira de grande nível (norma a que nos acostumou esta casa) sempre vigiada de perto por um bálsamo vegetal, fresco e tonificante, mas sem excessos.

Boca acima de tudo a mostrar um vinho elegante, com espacialidade controlada e ao mesmo templo com ligeira delicadeza. Assenta na frescura da fruta vermelha com toques de tosta, mais uma vez sentimos sintonia entre a prova de nariz e a prova de boca, mostrando um conjunto fino e aprumado. Complementa-se com vegetal fresco, novamente nas pimentas e em nuance de cacau semi-frio, prolongando-se num final de boca médio/longo.

É daqueles vinhos intemporais, fora de modas ou de tendências. É dono do seu nariz, mostrando-se sério e muito bem feito, mas ao mesmo tempo sereno e conquistador. Depois de o provar, fico a pensar em qual será o motivo que leva o consumidor a andar atrás de vinhos cheios de efeitos especiais, quase que adeptos do tunning vínico, quando temos por preço semelhante vinhos de qualidade e com aquela identidade que muitas vezes procuramos e teimamos em não encontrar.
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05 abril 2009

Baltasar Gracian Tempranillo Viñas Viejas 2003

Do produtor BODEGAS SAN ALEJANDRO (D.O. Calatayud) , uma cooperativa fundada em 1962, composta actualmente por 350 sócios e 1100 ha (variando entre os 750 e 900 metros de altitude, onde castas como Garnacha, Tempranillo, Macabeo, Merlot, Syrah e Cabernet marcam presença) com uma produção total média de 4.600.000 Kg, situada em Miedes, na província de Zaragoza, no vale de Perejiles, a 758 m. de altitude.
O nome da Cooperativa vem do nome de San Alejandro, cujos restos mortais se encontram depositados no Convento das Reverendas Concepcionistas Franciscanas, e cujo rótulo se inspira no relicário venerado pela confraria mais antiga da terra, situado na Igreja de San Blas.

O resultado são vinhos apetecíveis e bem feitos, onde se alia um toque de modernidade com algo do passado e onde se joga com preços e imagem sempre atraentes. Recordo que o vinho em prova não passou dos 7€.
São vinhos que sempre encontrei prontos a consumir após saírem para o mercado, mas que costumam melhorar nos primeiros 2 anos de guarda, apesar do exemplar em prova já ter passado o tempo recomendado como de consumo óptimo (seria neste caso 2007)... ou seja, o vinho entrou na fase descendente e convém aproveitar enquanto é tempo. Foi o que fiz...

Baltasar Gracian Tempranillo Viñas Viejas 2003
Castas: 100% Tempranillo - Estágio: 10 meses em barrica - 14,5% Vol

Tonalidade granada escuro de concentração média/baixa com ligeiro toque atijolado no rebordo.

Nariz a mostrar aquilo que já se esperava, um vinho onde os aromas tocam quase sempre nos planos secundário e terciário. A fruta vermelha algo espaçada, mistura-se com compotas, toque de baunilha com queima da tosta, algum envernizado. Sente-se no seu todo um conjunto que a nível da expressividade mostra já algum desgaste.

Boca melhor que a prova de nariz, o vinho mostra ainda alguma vivacidade, com toques de fruta e compota da mesma. Acidez ainda que curta percorre o vinho por completo, balanceando com a tosta e algum caramelo que se faz notar no fundo. Pouco mais tem que dizer, a espacialidade é mediana e o final de boca médio/baixo.

Claramente na fase descendente da sua vida, já esteve muito melhor, mas obviamente não é vinho de grandes guardas. Fico aliviado por não ter mais nenhum exemplar destes em agonia na minha garrafeira.
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03 abril 2009

Herdade do Meio - Cabernet Sauvignon/Syrah 2004

Dou seguimento às provas dos vinhos do produtor sediado em Portel, Casa Agr. João & António Pombo, S.A -Herdade do Meio.
Vasculhando na imensidão da net e à falta de um site funcional do produtor, fica-se a saber que dos seus quase 70 hectares, 25 são vinha, explorando mais 130 em concelhos circundantes.
O sucesso da produção e, principalmente, escoamento dos vinhos da Herdade do Meio estão espelhados nestas expansões, tendo passado das 300 toneladas iniciais (2003) para 670 toneladas (2004), 1.200 toneladas (2005) e, finalmente, 2.000 toneladas (2006).
Para a produção dos vinhos utilizam as castas tradicionais portuguesas tal como, Aragonez, Trincadeira, Touriga Nacional, Alfrocheiro para os tintos. Já a casta Antão Vaz é utilizada nos vinhos brancos. Utilizam igualmente castas francesas «de perfil internacional», como Cabernet Sauvignon, Syrah e Pinot Noir.

Herdade do Meio - Cabernet Sauvignon/Syrah 2004
Castas: Cabernet Sauvignon e Syrah - Estágio: 12 meses barricas carvalho francês - 14% Vol.

Tonalidade granada escuro de boa concentração.

Nariz de aroma maduro com boa intensidade, onde a fruta negra (amora, framboesa e ameixa) marcam presença com colheradas cheias de compota. Mostra-se com alguma complexidade que lhe confere um pouco mais de classe, não é um vinho dos imediatos e vale a pena acompanhar o seu levantar (ainda que curto). É com toques de chocolate de leite ligeiramente abaunilhado, vegetal fresco não muito sentido mas presente e boa dose de especiaria (pimenta preta). Capaz de cativar o mais incauto e distraido, está pronto a dar prazer num belo conjunto aromático que alia duas castas guiadas pela mão sábia do enólogo António Saramago.

Boca com boa estrutura, vinho a dar boa conta de si tal como se mostrou na prova de nariz, que complementa muito bem. A passagem na boca é repartida pela presença da fruta madura, com boa concentração da mesma, e entre vegetal fresco que guia pelo meio de notas de especiaira, toque de cacau, café e tosta. Alguns taninos rabinos com espacialidade média, num final de boca de boa persistência.

É daqueles casos que se apresenta com substancia, apesar do blend ser pouco Alentejano, tem no seu todo um toque de compadre que não o faz destoar da zona que o viu nascer. Um belo casamento das duas castas num vinho pronto a beber e a dar prazer.
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02 abril 2009

Herdade do Meio Virtuus 2004

O Projecto Rota do Fresco consiste na criação de um sistema de visitas a uma selecção de exemplares de pintura mural das capelas, ermidas e igrejas dos cinco concelhos abrangidos neste momento pelo projecto (Alvito, Cuba, Portel, Viana do Alentejo e Vidigueira), com o intuito de divulgar, preservar e revitalizar esse património integrado. Para isso, foram criadas diferentes Rotas e Experiências temáticas subordinadas à matriz da pintura mural alentejana – os “frescos” – nas quais pode aceder a património arquitectónico usualmente fechado, assistir ao vivo às tradições etnológicas, provar a gastronomia regional e perceber a paisagem envolvente. A Rota do Fresco, tem por base a extensão cronológica e espacial deste tipo de revestimento arquitectónico no conjunto destes cinco concelhos, que constitui um excelente exemplo da variedade e da qualidade desta forma de decoração e de catequização religiosa no nossoPaís, bem como do papel particular da região Alentejana na difusão deste género artístico, desde o século XV até aos inícios do XIX. Outro ponto comum a estes cinco concelhos ao nível da pintura mural, é a necessidade em quase todos os exemplares, de uma intervenção de conservação e restauro, bem como de uma intervenção estrutural ao nível dos próprios edifícios que albergam as pinturas.

Incluído na Rota do Fresco de Portel, encontramos o produtor da Herdade do Meio, que não sendo muito recente, é daqueles casos em que se apostou fortemente no mercado a quando do seu aparecimento. Se por um lado a sua imagem sempre foi apelativa, os preços altos que foram sendo praticados desde inicio retiraram muita vontade de compra a um grande número de consumidores. Das tentativas de aproximação aos vinhos, posso dizer que nunca saí satisfeito, um pouco pela qualidade mas mais pelo preço que sempre considerei demasiado alto. Recentemente numa promoção louca da feira de vinhos do Continente (ano passado) os vinhos deste produtor tiveram um desconto que direi, escandaloso, visto ter rondado os 70%, o que sem muitas dúvidas e cheio de vontade em tentar conhecer um pouco melhor estes vinhos de Portel, me levou a comprar alguns exemplares dos quais a primeira prova recaiu sobre o Virtuus 2004

Herdade do Meio Virtuus 2004
Castas: Selecção de uvas de castas tradicionais alentejanas - Estágio: 12 meses em barricas de carvalho francês e americano e mais 12 meses em garrafa - 14,5% Vol.

Tonalidade ruby escuro de concentração média.

Nariz mediana no que toca à intensidade de aromas, marcada pela fruta que alterna entre frutos vermelhos e negros (ameixa, amora, framboesa).
Um vinho que aparenta um lado fresco onde as notas de cacau, especiaria e tabaco, se afastam por alguns momentos ao deixar emergir como que rompendo pelo meio, uma ligeira sensação de químico (envernizado), seguida de frescura balsâmica.

Boca de entrada frutada e ligeira frescura com macieza subtil, alguma elegância, mostrando-se menos complexo do que poderia sugerir pela prova de nariz, tendo notável quebra na sua performance.
A secura que mostra derivada dos taninos secos que imortalizados irão ficar ver o tempo passar, irredutíveis no seu lugar. Parece que é na boca que mostra o seu lado mais vegetal e agreste, tem um ligeiro envernizado que quase dando a sensação de estarmos perante outro vinho.

O vinho não custou mais de 5€ numa promoção arrasadora levada a cabo pela feira de vinhos do Continente no ano passado... digo arrasadora porque este vinho anda nos 12€ euros na actualidade e penso já ter visto a algo mais. É um agarra e larga que pelo menos a mim não me convence, pois se nos tenta agarrar pelo que mostra no nariz com alguma ponta de diferença, na prova de boca quebra ao nível do que mostrou em nariz, dando sinais de uma outra faceta onde alguns imortais taninos secos fazem questão de se mostrar. O preço fica por isso mais uma vez desajustado face à qualidade apresentada.
14,5
 
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